CICATRIZES
Era fim de tarde quando Simone recebeu um
telefonema da Galeria Principal, uma das mais requintadas de cidade. Ela ficou
surpresa, porque foi o próprio Aramis, o dono da galeria, quem pediu para
conhecer seu trabalho, pois, queria organizar uma exposição individual. Havia
marcado para a tarde seguinte a visita.
Simone era uma excelente fotógrafa, sua
especialidade era prédios e praças. Ela tinha sensibilidade e sempre conseguia
o melhor ângulo em suas fotos. Ela trabalhava em casa. Morava em um sitio, na
região metropolitana de Portinho. Ela tinha um ateliê bem organizado e um
estúdio de revelação de ultima geração.
Ela tinha muito que fazer. Precisava dar uma
organizada no ateliê, e separar as fotos mais relevantes. Claro que deixaria
ele escolher, mas ela gostaria de
destacar as que mais gostava.
Cedo da tarde Simone estava pronta esperando
por Aramis. Estava sentada em um dos sofá no pergolado, com Lica, uma Collie, a
seu lado. Dali ela poderia ver quem se aproximava do portão de entrada.
O local onde Simone morava era muito bonito.
A casa era em madeira, bem ampla e espaçosa e com grandes janelas,
contudo, muito aconchegante. Uma grande
área na frente com cadeiras e rede era um lugar de tranqüilidade, tudo rodeado
por um imenso jardim, com um vasto gramado com ilhas de flores coloridas. A
piscina ficava perto do pergolado e dali tinha acesso ao ateliê.
Ela não conhecia Aramis pessoalmente, apenas
por fotografias em jornais. Ele era muito conceituado como critico de arte. E
estava sempre cercado de belas mulheres.
Muitos comentavam que ele era um tipo arrogante.
Na hora combinada ele chegou, e ela foi logo
abrir o portão do sitio e indicou o lugar onde estacionar seu carro. Ela estava
um pouco nervosa, mas o recebeu com alegria e simplicidade.
O convidou para sentar onde ela estava e lhe
ofereceu um suco gelado, estava uma tarde quente, própria para cair na piscina.
Conversaram sobre o local e ele disse:
-- Parabéns! Moras em lugar muito bonito. Um
lugar de paz...
-- Obrigada. Realmente aqui tenho muito
sossego, boa vizinhança e pertinho de tudo.
Mas, como não era uma visita social, ela logo
o encaminhou para o estúdio. Ela apenas disse:
-- Bem, esse é meu trabalho. Estão
organizados por data. Pode ficar a vontade e olhar tudo.
-- Obrigado. Mas que belo estúdio! Bem equipado e como é amplo, claro e agradável.
Olha, eu já entrei em cada lugar....
E ambos riram. Ela sentou-se e o deixou a
vontade. Ela estava o observando. Era um homem bonito, dentro dos padrões
masculinos. Era alto, mas não muito e corpulento, sem ser gordo, e cabelos
escuros e olhos negros. Bem vestido, e nada arrogante. As fotos e os
comentários não lhe faziam justiça.
De repente Aramis parou e disse:
-- E isso aqui é teu também?
-- Sim.
Ele tinha visto as suas pinturas. Simone reproduzia em óleo sobre tela as fotos que
mostravam os recantos mais bonitos e românticos da cidade. Havia também alguns desenhos da cidade feitos a
nanquim.
Aramis ficou impressionado com a beleza das
pinturas. E perguntou:
-- Quantas peças são ao todos dos desenhos? E
quantas são as pinturas?
-- As pinturas devem ser em torno de 15
peças, os desenhos são bem mais. Não sei quantos.
-- E as fotos, quantas são?
-- Muitas, mais de mil eu acho.
-- Bem, vamos ter que reformular a exposição.
Gostaria de colocar também as telas e os desenhos.
-- Por mim tudo bem.
-- Já expusestes as fotografias, alguma vez?
-- Sim, mas nunca em uma galeria como a tua.
-- Nós precisaremos preparar todo esse
material junto. Só peço que se puderes, coloque de lado as que já foram expostas.
Assim faremos uma mostra inédito. Está
bem?
-- Ok. Para quando está prevista e
exposição.?
-- Vamos definir a data depois que estivermos
com o material escolhido.
-- Certo.
-- Eu aceito mais um pouco daquele suco
geladinho.
-- Então venha. Vamos sentar na área que é
mais agradável a essa hora.
Ela foi a sua frente e ele ficou admirando a
sua desenvoltura e elegância ao caminhar. Sentou-se ficou olhando o jardim e
logo Lica se aproximou pedindo um afago.
Simone trouxe
uma bandeja com sucos gelados e algumas frutas e biscoitos. Sentou-se de
frente para ele. E conversaram sobre a Lica e sobre o sitio. Ele disse que
gostava muito de estar assim ao ar livre. Seu avô tinha um sitio e ele adorava
ir aos fins de semana e sempre ficava parte das férias lá.
A tarde passou e eles tão entretidos com a
conversa não perceberam. Antes de ele sair combinaram nova visita dele.
Aramis era um homem de 40 anos, solteiro, que
não pensava em compromisso. Gostava de sua independente e mulher ele tinha num
estalar de dedos.
Ele voltou pensando em Simone. Ela era uma
mulher interessante. Não como as que ele estava acostumado, mulheres vaidosas e
vazias. Que só pensavam em luxo e prazeres.
Ele viu em Simone uma mulher simples, alegre,
culta, delicada, e com uma sensibilidade artística muito grande, pois a
delicadeza de seu trabalho demonstrava isso. Aramis também viu beleza e
sensualidade nela. Ela tinha preenchido seu pensamento.
Simone era uma mulher de 40 anos, que já
tinha sofrido por amor. Em seus planos não havia mais lugar para relações
amorosas. Nunca mais entregaria seu coração, essa foi a promessa que fez a si
mesma.
Por
isso ela decidiu morar em um sitio. Sua cachorra Lica era a sua companhia. Não
ia mais a festas ou reuniões sociais. Apenas quando era necessário devido ao
seu trabalho. Gostava de
viajar, e pelo menos duas vezes por ano, saia para conhecer um lugar diferente.
Ai aproveitava para fotografar.
Depois que ele saiu, ela ficou pensando em
Aramis. Afastou o pensamento, mas ele voltou a sua mente. Ele era uma
personalidade muito forte para não ser notado. Simone sentiu certa apreensão em
relação a convivência que teriam nos
próximos meses. Aramis já havia dito a ela que ele mesmo cuidaria, com ela, da
seleção e organização da exposição, embora ele tivesse pessoas competentes
trabalhando com ele.
No outro dia
as 10h ele chegou, foi logo entrando e acariciando a Lica que se derreteu por ele. Simone ficou
surpreendida com o modo como a sua cachorra se entregou a ele.
Simone estava à porta do estúdio e ele ainda
agachado brincando com Lica olhou para ela com um sorriso lindo e deu bom dia.
Ela sorriu e respondeu ao cumprimento, dizendo:
-- Essa cachorra é uma traidora, olha o jeito
dela para ti...
Ele rindo respondeu:
-- Ela é esperta...
E entraram ainda rindo. Ela já tinha separado
algumas fotos e as apresentou a ele.
Eles ficaram o resto da manhã trabalhando.
Enquanto ele examinava as fotos, ela aproveitava e ficava contemplando sua
beleza, ele tinha as linhas do rosto de um deus grego. Ele era lindo demais,
ele era muito perigoso.
Ela havia pedido para sua caseira preparar o
almoço, que deveria ser servido na sala de jantar, estava muito quente, soprava
um vento quente. Que ligasse o climatizador. Assim ficaria um ambiente
agradável.
Ao meio dia ela o convidou para irem para
casa dela onde seria servida a refeição.
Ele, ao entrar na casa logo disse, tens muito gosto e tua casa é
muito bonita e aconchegante. Ele também elogiou a comida que foi preparada com
requinte. Após sentaram na sala e ficaram conversando. Até ele olhar o relógio
e dizer:
-- Vamos, o trabalho nos espera.
E estiveram
até o fim da tarde no estúdio, trabalhando , conversando, com um intervalo para
uma salada de frutas. Passou rápido. E os dias seguiram neste ritmo. Agora já
estavam bem à vontade um com o outro e ela várias vezes o pegou olhando para
ela. Assim como ela também foi pega
olhando para ele. Ambos sorriam um pouco envergonhados.
Fazia duas semanas que eles estavam no mesmo
ritmo. E então ele sugeriu que fossem ver o espaço na galeria, para definirem a
localização das peças; Ele viria buscá-la e eles passariam o dia na cidade. A
noite ele a traria para casa.
Ela arrumou-se com cuidado, sabia que teria
que almoçar com ele, e ele era acostumado a lugares da moda, ou seja, lugares
chiques. Ela estava vestindo uma saia longa branca com floral em tons de azul,
e uma blusa azul. Sandálias e bolsa azul. Prendeu o cabelo em um coque baixo e
com a franja para o lado. Colocou uma bijuteria dourado com pedras brancas. Ela
sabia que estava bonita e muito elegante.
Quando ele chegou para buscá-la, ele ficou
conversando no portão com o casal de caseiros João e Maura. Quando ele a viu
sair na porta ele parou de falar e ficou a admirando. João e Maura notaram o
brilho que surgiu nos olhos dele. Ele se adiantou e foi ao encontro dela.
Quando a encontrou disse:
-- Você está linda demais!
Pegou sua mão e deu um suave beijo, e a
conduziu pela viela do jardim até o carro.
Ele foi todo o percurso, do sitio a cidade, conversando
animadamente e olhando muitas vezes para ela. Simone, quando se vestiu, não
tinha a intenção de provocá-lo, e sim estar bem vestida para circular no meio
que ele vivia. Mas gostou de ser admirada por um homem tão charmoso e um
solteirão convicto.
Eles foram diretamente a Galeria, ela queria
ver o espaço onde seria a sua mostra. Lá decidiram onde seriam colocadas as
peças maiores e mais valiosas. Depois foram almoçar, em um restaurante próximo.
Quando entraram no local estava lotado, mas
ele sempre tinha uma mesa reservada, já que era frequentador assíduo. Ela ficou
indignada como as mulheres se levantavam de suas mesas para ir cumprimentá-lo,
algumas muito oferecidas.
Tanto que ele ficou sem jeito diante dela. E ela
ficou furiosa, pela falta de respeito, porque afinal ela estava com ele. Ele
desculpou-se, pois percebeu que ela havia ficado aborrecida.
A mesa dele era em um ambiente reservado. E
ali puderam conversar a vontade, ele pediu um vinho e a conversa rolou fácil.
Ele mais perguntou do que falou de si.
Ele estava muito curioso a respeito da
vida de Simone. Eram muitos por quês? Por que moras fora da cidade? Por que não
têm amigas? Por que a fotografia? E ela respondeu a todas as perguntas.
Quando deixaram o restaurante ele a levou em
sua loja. Ele trabalhava também com antiguidades e artes plásticas. Ela ficou
encanta com as obras que ali estavam. Eram verdadeiras relíquias.
Ele ficou olhando o entusiasmo dela por cada
peça que descobria, e queria saber tudo sobre cada uma delas. E foi a vez dele
falar. Permaneceram ali até o fim da tarde.
Quando eles saíram da loja o tempo havia
mudado e nuvens negras e vento forte anunciavam um temporal. E a chuva estava
começando. Ele então disse:
-- Vamos para meu apartamento, é bem perto
daqui. Vamos deixar passar essa tempestade que está se aproximando.
-- Sim, é melhor. Pegar a estrada com esse
tempo é loucura.
-- Ainda bem que concordas comigo.
Logo chegaram e quando entraram no
apartamento faltou luz. Ele acendeu as velas que tinham espalhadas pela sala.
Ela acomodou-se no sofá e pediu para ele fechar as cortinas, ela tinha pavor de
relâmpagos. Ele atendeu ao pedido dela e foi até o bar e serviu um vinho para
eles. Ele sentou-se em frente a ela e procurou distraí-la contando historias de
sua juventude.
Depois que a luz voltou, Aramis ligou a TV
para saber a intensidade da tempestade. E, de fato, tinha sido muito forte.
Muitas árvores arrancadas, postes derrubados e ruas alagadas. Também algumas
saídas da cidade estavam interditadas porque tinha árvores, postes e fios caídos
na estrada. Inclusive a estrada que levava ao sitio em que ela morava.
Aramis disse a ela:
-- Tu ficas aqui, essa noite. Até amanhã a
estrada deve estar desimpedida.
-- Sim, mas posso ir para um hotel.
-- Não! Ficas aqui. Não te preocupa. Vou
preparar algo para nós comermos.
-- Ok. Vou tentar falar com o João.
-- Sim, faça isso, eles podem estar preocupados
contigo.
Depois de algum tempo ela conseguiu falar com
o caseiro, lá o temporal tinha sido bastante forte, mas não tinha estragado
nada. Ela, agora mais calma, pegou seu copo de vinho e foi para cozinha.
-- Precisa de ajuda?
-- Hoje tu és minha convidada. Senta ai e
vamos conversar....
Ele viu passar um arrepio nela e disse:
-- Estas com frio! Vou pegar um agasalho para
ti.
E trouxe um casaco de moletom que cabia duas
Simone dentro. Ela vestiu e deu uma risada:
-- Que tal minha elegância?
-- Tu estás sempre linda.
Ele preparou uma massa à carbonara que estava
uma delicia. Ela elogiou as “prendas culinárias” dele. Os dois lavaram a louça
e depois voltaram para a sala. Agora a chuva tinha parado e ele abriu as
cortinas e ela viu a cidade dali, com alguns pontos negros, lugares ainda sem
luz.
O apartamento dele era muito bonito, bem
mobiliado. Tinha apenas um quarto , mas as peças eram grandes, principalmente a
sala. Ele a convidou para assistirem um filme. Escolheram a fita e sentaram
lado a lado no sofá. O filme tinha uma história interessante, mas ela não
saberia contar, porque passou a maior parte perturbada pela proximidade dele, e
pela noite que viria...
Ele também não viu o filme, pois estava
interessado nela, tanto que passou quase todo o tempo olhando para ela, com uma
vontade imensa de tocá-la. Mas teria que ficar só na vontade.
Ele sugeriu que ela dormisse no quarto e ele
se ajeitaria no sofá. Ela ajudou a arrumar o lençol no sofá e ajeitou os
travesseiros e a coberta para ele. Queria que ele ficasse confortável.
Ela foi para o quarto dele, não trancou a
porta, pois achou que seria indelicado. Despiu-se e foi para debaixo da
coberta. Estava só de calcinha. Simone não conseguiu dormir. O cheiro dele na
cama tirou o seu sono, e ela deu-se conta que Aramis estava se tornando
importante para ela. Tanto que reconheceu que ficou com ciúme daquelas mulheres
que se atiraram para ele. E rolou a noite toda na cama. No fundo tinha
esperança que ele fosse aparecer para dar uma “cantada” nela. Mas ficou
decepcionada. Ele não apareceu.
Mas Aramis também não conseguiu dormir. Ficou
lembrando o dia maravilhoso que tinham passado juntos, o modo de como ela
gostava das mesmas coisas que ele, como ela era uma mulher discreta, sem deixar
de ser notada. Ele viu como os homens olharam para ela quando chegaram ao
restaurante, e ele não gostou. E que gracinha... Ela tinha ficado com ciúme das
amigas dele. Ele estava com muita vontade de ir até o quarto e ficar com ela,
mas teria que se dominar, não queria perder a confiança dela. Ele seria um
cafajeste se fizesse isso. E ele queria parecer bom para ela, queria ser
merecedor dela.
No outro dia ele a levou para casa. Agora já
estava tudo organizado. Só era necessário carregar as peças para galeria e supervisionar
a colocação das mesmas na sala da galeria. Em duas semanas seria inaugurada a
mostra.
Ela foi para cidade para acompanhar os
trabalhos. Hospedou-se num apart-hotel próximo da galeria. Simone não tinha
mais encontrado com Aramis. Ela soube que ele estava fora da cidade. Isso a
deixou triste, ele não tinha falado para ela que viajaria. Mas ele não devia
explicações a ela.
Na sexta a noite, quando chegou ao sitio,
depois de uma semana na cidade, ela recebeu um recado deixado com o João. Ele
viria passar o fim de semana no sitio.
Simone se surpreendeu com o recado. Mandou
preparar o quarto de hóspedes e combinou com Maura o cardápio do fim de semana.
Ela ficou ansiosa, parecia criança esperando o Natal. Riu dela mesma.
Na manhã seguinte, enquanto Maura preparava o
quarto, ela tagarelava o tempo inteiro, dizendo para Simone que ele era muito
lindo, educado e gostava dela de verdade. Simone revidou perguntando:
--
Maura baseado em que tu afirmas que ele gosta muito de mim?
-- Ora, só de olhar eu sei. O jeito que ele
te admira, e foi desde o primeiro dia.
-- Não... Estamos apenas trabalhando junto.
Daqui alguns dias, terminará a exposição e não nos veremos mais.
-- Duvido. Eu posso até apostar que ele vai
continuar vindo aqui. Aposto e ganho...
-- Bobagem... Coloca essas toalhas novas...
Simone foi se arrumar para esperá-lo. Era
cedo e ele não chegaria antes do meio dia. Mas engano dela, ele logo chegou. E
seu coração acelerou e... Ela estava nervosa!
Ele chegou e a abraçou, um abraço carinhoso e
deu um beijo no rosto de Simone. E disse ao seu ouvido:
-- Senti saudades...
-- Eu também...
-- Te trouxe um presente, abra...
-- Obrigada!
Simone abriu a caixa e perdeu o fôlego, era
um vaso chinês, pequeno, mas lindíssimo. Ela ficou emocionada de disse:
-- É lindo demais. Não mereço um presente
desses.
-- Mereces mais... Eu estive buscando objetos
para a loja. Lembrei de ti o tempo todo. Dá próxima vez vou te levar junto. Tu
vais adorar...
-- Obrigada pela bela lembrança. Vou colocar
em um lugar especial.
-- Vamos lá achar um lugarzinho para esse
vasinho....
Maura logo trouxe um suco e algumas frutas
para ele. Estava muito quente, e ele perguntou se poderiam ir para piscina. Ela
disse que sim. Indicou o quarto onde ele ficaria e lá já estava a valise dele.
Simone foi colocar o biquíni, e ele também.
Aramis sabia que Simone era muito bonita, mas
quando ele a viu de biquíni ficou boquiaberto com a perfeição de suas formas. A
cor de sua pela, a curva do seio, o torneado das pernas. Ela era simplesmente
demais.
Simone , por sua vez, olhava com admiração
para o corpo dele, que era bem feito, era vigoroso e muito lindo. E a coxas? Muito firmes. O
bumbum era apetitoso demais. Mas ela precisava se conter. Ela não queria mais
se envolver num romance. Isso estava fora de cogitação.
Entraram na água que estava morna, e ficaram
brincando e sempre se olhando. Os olhos
de Aramis, assim como os de Simone mostravam o desejo que ardia em seus
corações.
Aramis percebeu que ela estava desejosa dele.
E colocou os braços na borda da piscina, deixando ela bem próxima a ele. Ela o
olhou e colocou as mãos espalmadas em seu peito. Isso o deixou fervendo. Simone
não tirava os olhos dele e ela esperava, sim, um beijo. E ele não a frustrou.
Foi um beijo leve. E ela se aproximou para um
beijo mais intenso. Estavam muito próximos e ela passou a língua nos lábios
dele e ele a capturou num beijo longo e profundo. Ela colocou suas mãos em sua
nuca, acariciando seus cabelos e o puxou para mais perto. E ele começou a
correr suas mãos pela lateral do corpo dela. Ela afastou-se o olhou e disse:
-- Não devemos... Não podemos.
-- Por quê? Somos livres.
-- Eu já amei e me dei mal. Já sofri muito
por amor. Não quero mais.
-- Mas nem tudo se repete na vida. Precisas
arriscar, ter esperanças. Será que não podemos tentar sermos felizes juntos?
-- Não sei, tenho medo.
-- Vamos nos dar essa chance.
-- Tu mexes muito comigo... Demais... E eu
estou insegura.
-- Tu me deixas louco. Vamos tentar. Tu és
demais... Confia em mim...
--
Está bem... Mas vamos devagar.
E saíram da piscina, o almoço logo seria
servido. Simone vestiu uma saída de banho e ele uma camisa e sentaram no
pergolado. Lica veio abanando o rabo para Aramis. Ela era muito dengosa com
ele. Que por sua vez a enchia de carinho.
Maura tinha preparado uma salada de folhas
com tomates cereja, azeitonas, passas de uva, e atum. Regada com azeite de
oliva e acompanhada com torradinhas e molho especial. Estava uma delicia leve e fresca para um dia
quente como aquele. E como sobremesa sorvete de creme com frutas frescas.
Ficaram por ali mesmo, corria um vento e
deitaram abraçados na rede e cochilaram. . Lica também se enroscou ao lado da
rede e dormiu. Simone acordou e viu que ele dormia, ficou bem quieta pensando,
como faria? Uma parte dela queria se entregar a ele sem restrições, mas a outra
tinha medo, queria se manter longe.
A tarde foi maravilhosa, ele tinha uma boa
conversa, era divertido, alegre e disposto. Na piscina pareciam duas crianças,
tamanha a diversão. Quando Simone saiu da piscina, estava cansada.
Tiveram um jantar agradável, Maura serviu na
área e temperatura estava mais amena. Depois ele a convidou para passear pelo
jardim. Era tudo tão lindo, uma noite tão agradável, que dava vontade de andar pelo meio das árvores e flores.
Sentaram em um dos bancos do jardim e ficaram olhando as estrelas do céu
tentando identificar as constelações.
Simone disse:
-- Eu só consigo identificar o Cruzeiro do
Sul...
-- Só! E o Orion?
-- Não tenho idéia...
-- São aqueles três.
-- Aquelas são as três Marias...
-- É o Orion, ou três Marias como tu dizes.
E ele passou o braço pelos ombros dela e a
trouxe para perto dele. Acarinhou seu rosto, e a beijou suavemente.
Levantaram-se e voltaram abraçados.
A cabeça de Simone estava a mil. E agora?
Levaria ele para sua cama? Ele tomaria a iniciativa? Ela com certeza não. Que
situação!
Já era tarde. Entraram e Simone trancou a
porta e fechou a janela da sala. E virou-se para Aramis, que a aguardava próximo
a entrada para os quartos. Ele a pegou pela mão e a levou até a porta do quarto
dela, ali a deu um beijo de boa noite e foi para seu quarto.
Simone ficou chocada com a atitude dele.
Estava certa que ele tentaria dormir com ela. E agora? Por que ele estava se comportando
desse jeito, sem ao menos tentar? Ela trataria de dormir. Mas resolveu deixar a
porta apenas encostada.
Aramis percebeu o desapontamento dela, mas
estava respeitando o pedido dela, “vamos devagar”. Ou ela tinha dito só por
dizer. Será? Tirou a roupa e deitou-se. Se ela quisesse viria até ele. Ele
deixou a porta aberta.
No meio da noite Simone teve um pesadelo.
Fazia muito tempo que não acontecia mais. Sonhava que estava sendo abandonada
sozinha no meio de um deserto. E ela chorava copiosamente.
Aramis acordou com o choro e foi até ela. A
abraçou e acarinhou seu rosto, e a acordou suavemente. Ela soluçava. Ele ficou
preocupado com ela. Por que ela tinha
todo esse medo? Ela abriu os olhos e viu Aramis olhando para ela com afeição.
Ele perguntou;
-- Que foi amor?
-- Um pesadelo terrível...
-- Agora já passou. Vou deitar aqui contigo.
Vem perto de mim, eu te protejo. Dorme amor...
-- Obrigada. Sinto-me melhor...
E os dois dormiram abraçados. Acordaram
tarde. Tinha sido uma noite especial, dormiram juntos sem ter havido sexo. Para
ela significava que ele tinha alguma afeição por ela.
Estavam tomando café e ele perguntou sobre o
pesadelo, e ela resolveu contar para ele o que havia acontecido em sua vida.
Contou tudo para ele, sem restrições.
Ela tinha 25 anos, tinha se formado em
desenho industrial e estava feliz. Mas de repente sua vida virou de ponta
cabeça. Ela começou a trabalhar em uma
pequena industria, e o dono da empresa era engenheiro e ela trabalhava diretamente
com ele. Juarez era bonito, simpático e ela se apaixonou perdidamente por
ele. Arlete sua melhor amiga era sua
confidente. De modo que estava super informada sobre a relação deles. Mas
Juarez era um pilantra e só queria tirar proveito dela. Até sua mãe a tinha
prevenindo. Mas ela estava enfeitiçada.
Um dia ela chegou ao trabalho e encontrou sua
amiga Arlete no colo dele. Ela ficou possessa e arrancou Arlete do colo dele a
tapa. Mas ele defendeu Arlete e a mandou embora. Ela foi para casa abalada,
chorava muito. Ao chegar em casa, seus pais já tinham saído em viagem, estavam
festejando 30 anos de casados.
Ela estava sozinha em casa desesperada quando
veio a noticia de que seus pais haviam sofrido um terrível acidente e tinham
morrido na hora. Num mesmo dia ela foi traída e ficou só no mundo. E desde
então tem pesadelos, em que ela sempre está abandonada e sozinha.
Por isso mudei minha vida. Meus pais já
tinham o sitio para fim de semana, e eu mudei para cá. Decidi ser fotografa,
sempre gostei e fotografia. Aluguei o apartamento em que morávamos e recebo os
dividendos da empresa que meu pai era sócio. Decidi viver isolada. Pessoas
fazem mal. Ele foi o único homem que me tocou, sempre fui muito seleta nas
amizades, mas fiz tudo errado. E desde
então não tive mais ninguém.
João e Maura já trabalhavam aqui, ainda bem,
e são eles que me fazem companhia.
Ele escutou o relato em silêncio. Depois
pegou sua mão, colocou entre as suas e disse:
-- Deixa-me cuidar de ti, te proteger do mundo...
-- Ninguém pode me proteger do mundo. O mundo
é cruel...
-- Mas eu posso estar ao teu lado, segurar
tua mão... Não posso?
-- Pode...
Havia amanhecido um dia lindo, mas no meio da
manhã nublou e estava caindo uma chuva fininha e fria. Ficaram na sala,
sentados no sofá, abraçados olhando a chuva e Lica aos pés de Aramis.
A tarde a chuva aumentou e ela perguntou se
ele gostava de jogar. Ela tinha alguns jogos, inclusive
baralho. Optaram por jogar carta. E eles passaram, a tarde, distraídos com o jogo e comendo pipoca.
Ele decidiu que ficaria aquela noite com ela.
E essa noite foi diferente. Ele tomou a decisão de ir direto com ela para o
quarto dela. Ela já esperava por isso. Depois da noite passada, era óbvio que
ele teria uma desculpa para ficar com ela. Ela adorou a atitude dele.
E ele deitou-se ao lado dela e disse:
-- Hoje eu vou fazer amor...
-- Mesmo?
-- Sim. Há uma diferença fundamental entre
fazer sexo e fazer amor. Sexo é mecânico, amor é sentimento. Vem cá...
E foi maravilhoso. Ele a tocou com carinho,
com fascínio, admirou sua beleza e a seduziu sem pressa, e quando ela se
entregou totalmente ela a possuiu com paixão e chegaram ao clímax juntos.
Dormiram abraçados.
No outro dia cedo ele foi embora. Na quarta
feira seria a inauguração da exposição. Ele disse que viria buscá-la.
Combinariam o horário por telefone.
Simone teve tempo para refletir sobre os
acontecimentos do fim de semana. Ele tinha sido muito gentil e compreensivo com
ela. Não falou em amor, mas deixou claro que havia afeição, interesse e vontade
de estar junto. E ela? Qual seu sentimento? Ela gostava da presença dele, ele
era carinhoso, atencioso... e tão sensual... Ela se daria a chance de ser
feliz? Ou fugiria?
Simone estava arrumando uma valise, pois
ficaria lá pelo menos até o fim de semana, teria que estar presente durante os
primeiros dias mostra. Arrumou-se com cuidado. Mas vestiria a roupa nova,
própria para a ocasião, lá no escritório de Aramis. Não queria ficar muito
amassada. . Aramis já havia chegado. E ela estava checando se havia pegado tudo
o que precisaria. Ela estava visivelmente nervosa.
Aramis usou o banheiro do escritório para
tomar uma chuveirada rápida, antes de mudar a roupa. Enquanto isso Simone
vestia a sua roupa. Já estava maquiada e penteada. Era só colocar os sapatos e
as bijuterias e estaria pronta. Havia um espelho na sala de Aramis e ela deu os
últimos retoques no cabelo e passou batom.
Aramis saiu do banho foi vestir-se, mas
quando viu Simone naquele vestido lindo, na tonalidade azul marinho ele ficou
parado admirando sua beleza. Ela estava simplesmente deslumbrante.
Chegaram a Galeria um pouco antes da hora.
Ele verificou se estava tudo em ordem. Ela estava muito nervosa, ele pegou sua
mão e estava gelada, e disse:
-- Amor vai dar tudo certo. Fica calma, eu
estou aqui contigo.
-- Será que as pessoas virão?
-- Claro! Os convites foram enviados para as
pessoas certas, são clientes Vips.
-- Assim espero.
-- Não te preocupa, vai ser um sucesso.
-- Tomara...
Logo a sala estava repleta, pessoas querendo
cumprimentá-la pelo talento. E ela começou a circular com desenvoltura entre os
convidados. Aramis ficou observando como ela era educada e atendia a todos com
um sorriso, cativando a todos. Ficou enciumada quando alguns homens se
aproximaram dela e a elogiando e puxando assunto. Resolveu ir para junto dela.
Estavam circulando juntos e Simone ficou
danada com as mulheres, mais uma vez, dando em cima dele. Convidando ele para
saírem mais tarde, sem se importarem com a presença dela. Eles estavam de mãos
dadas, e na sua fúria ela soltou a mão e se afastou, o deixou com as “vadias”.
Ele percebeu e pediu licença e foi ficar com ela.
Aramis pensava que Simone mexia muito com
ele. Ela era diferente das outras. Não era vulgar e tinha classe. Talvez
estivesse na hora de rever seu conceito de solteirão convicto, e mudá-lo para
marido apaixonado.
Simone também pensava que não aguentaria
conviver com esse tipo de mulheres que circulavam em torno dele. Teria que
refletir com calma sobre isso.
A noite realmente foi um sucesso, ela havia
vendido várias peças e houve oferta até para as não vendáveis. Depois da
galeria foram jantar, mas desta vez ele não quis ir com o grupo que trabalhava
na galeria. Queria ficar só com ela.
Ele escolheu um restaurante perto de seu
apartamento, era discreto e com um ambiente acolhedor. Àquela hora havias
poucas pessoas e eles jantaram tranquilos, conversaram sobre o sucesso dela.
Chegaram em casa cansados, ela logo que
entrou tirou os sapatos, e atirou-se no sofá. Ele foi preparar uma bebida para
eles e sentou junto dela. Pegou sua mão e ficou brincando com os dedos.
E ele resolveu falar:
-- Simone, eu estava te observando e tomei
uma decisão.
-- Que decisão?
-- Quero mudar meu conceito.
-- Que conceito?
-- Quero passar de solteirão convicto para
marido apaixonado.
-- Mesmo? E as sirigaitas que te rodeiam?
-- Vão ter que buscar outro... Pensei que
fosse ficar contente...
-- Não basta ficar contente... Isso implica
em muito mais. Meus pais eram felizes, se amavam e eram leais um com o outro. A
meu ver essa é à base de um relacionamento, lealdade, integridade e amor.
-- Desde que te conheci não me importei com
mais ninguém, não sai com ninguém, me dediquei somente a ti, e estou realizado
e feliz. Não preciso de outras. Tu me bastas. Nunca me senti assim, se isso é
amor, então eu te amo.
-- Eu também me sinto assim.
-- Amor, vamos ser felizes, não coloca pedras no caminho.
Ele a abraçou e a beijou, e a levou para
cama. Amaram-se, entregaram-se totalmente um ao outro. Dormiram de conchinha.
Os críticos de arte foram unânimes em afirmar
que havia surgido uma nova artista. Ela tinha encantado a todos com sua arte,
simpatia e beleza. Sua exposição tinha sido um verdadeiro sucesso, com venda
total das peças vendáveis e havia recebido encomendas e proposta para expor em
centros maiores.
Realmente Simone tinha lucrado muito com a
exposição, tinha que deixar uma porcentagem na galeria e ainda assim sobrava
bastante. Voltou para o sitio e Aramis foi viajar, precisava visitar alguns artistas.
Voltaria em dez dias.
Ela não parava de pensar na proposta de
Aramis. Estava com medo... Com tantas mulheres borboleteando em torno dele, será
que ele resistiria, seria fiel? Ela o amava com certeza. Mas ainda dava tempo
de desistir. Resolveu viajar. Comprou a passagem e iria antes dele chegar.
Comprou um chip novo e um telefone e desativou o antigo. Somente João sabia para onde ela estava indo. Pediu
que não dissesse a ninguém, principalmente para Maura que com certeza diria a
Aramis.
Ela foi sem data para voltar, estava a
trabalho, levou seu material. Alugou uma casa numa praia e iria trabalhar em
tela. O lugar era maravilhoso, uma obra prima do Criador. Ela não estava feliz,
seu coração estava apertado, sentia muita falta de Aramis. Já fazia dias que
estava na prainha e sentia-se cada vez mais triste. Não voltaria. Teria que
superar, o trabalho tinha que ajudar. Mas não conseguia se concentrar no
trabalho.
Ele chegou e foi direto para o sitio, pois
não conseguia falar com ela por telefone. Estava ansioso para encontrar com
ela, estava com muitas saudades e desta vez trouxe um presente para Simone e
também para Maura.
Foi Maura quem abriu o portão para ele, que
vinha com um largo sorriso no rosto. Ela foi logo dizendo:
-- Ela não está, foi viajar...
Ele ficou pálido e o sorriso desapareceu.
-- Viajar?Para onde? Ela não me disse nada.
-- É. Ela resolveu de repente. Disse que
precisava trabalhar, foi pinta em algum lugar.
-- Aonde?
-- Eu não sei direito, mas acho que é uma
praia porque ela levou roupa de praia. O João sabe, mas ele não fala.
-- Vou ter que subornar.
-- Acho que nem assim ele fala. Não quer
perder a confiança dela.
-- Tá certo. Mas nós vamos descobrir, algum
rastro ela deixou. Me deixa entrar e mexer no computador dela.
-- Tem toda.
-- Eu te trouxe um presente, pega aquela
caixa empacotada com papel verde, a outra é dela pode trazer e deixar em cima
da cama dela.
-- Certo. O senhor será que vai encontrar o
lugar.
-- Eu vou, nem que tenha que ir de praia em
praia.
-- Ela ia pegar o avião.
-- Hummm... Vamos descobrir.
Maura abriu a casa para ele, e foi fazer um
café. Ele já estava no computador dela quando
João chegou. Aramis disse a ele:
-- João se tu me disseres para onde ela foi,
vamos ganhar tempo, porque eu vou descobrir.
-- Não posso, prometi a ela. E ela confia em
mim. O senhor me desculpe.
-- Tudo bem. Tu estás certo. Ela não pode ser
enganada.
Aramis não conseguiu encontrar nada no
computador dela. Mexeu na gaveta da escrivaninha dela e achou o telefone
desativado dela. Ele colocou para carregar e ligou e procurou e na encontrou
nada.
Mas ela deve ter comprado a passagem pela
internet. Se foi pelo telefone novo ele não teria como saber. Não desistiu. Foi
para o estúdio, remexeu as coisas dela e encontrou um papel amassado no lixo
com um endereço, com o nome de um lugar que ele não conhecia. Entrou no Google
e achou, era uma prainha. Era para lá que ele iria. Reservou passagem para o
outro dia. Despediu-se do casal e afagou Lica que o seguia por todo lado. E
saiu.
Simone armou seu cavalete para começar seu
trabalho. Ela já tinha tentado e não conseguia se concentrar. Seu pensamento estava preenchido com as
lembranças de Aramis. Seu coração doía muito, estava apertado e tinha uma
imensa vontade de chorar. Mas ela tinha que ser forte. Ele não a encontraria e ela só voltaria quando
estivesse curada da doença chamada Aramis.
Resolveu dar uma caminhada para se distrair.
A beleza do lugar ajudava a libertar o pensamento. Será? De jeito nenhum. Ela
caminhou muito, chegou cansada, deitou-se e dormiu.
Acordou com alguém batendo palmas. Espiou
pela janela e gelou. Era ele. Abriu a porta e o deixou entrar. Ele entrou e não
disse nada, apenas a abraçou e assim ficou por muito tempo. Parecia que queria
que ela grudasse nele para sempre. Ela começou a soluçar. E ela a apertou mais
em seus braços. Ele também estava chorando, ela sentiu as lágrimas que
escorriam do rosto dele. O que ela tinha feito? Por fim ele se acalmou e
perguntou:
-- Por quê?
-- Eu não sei, senti vontade de fugir...
-- Fugir de mim?
-- Fugir do futuro.
-- E eu estou neste futuro?
Ela agarrou-se a e disse:
-- Me perdoa, me ajuda... eu ainda não estou
com a dor cicatrizada.. Preciso de ti. Foi loucura vir para cá, eu pensei que o
trabalho e a paisagem me confortariam, mas não! Meu coração está partido, meu
coração sofre longe de ti. Eu me enganei.
-- Eu estou aqui para ficar contigo. Eu me
assustei, pensei que não te encontraria. João não me disse, eu remexi em tuas coisas para descobrir onde
estava. Vem vamos sentar e tomar uma
água.
Aramis cuidou dela com carinho a fez entender
que ele era diferente de Juarez. Ele tinha palavra, tinha uma irmã e sempre
respeitara as mulheres que se dão ao respeito.
-- Eu fui criado por meu avô e ele me ensinou
a ser um homem de verdade. Saber ser honesto e íntegro. Minha irmã também
aprendeu a ser uma mulher virtuosa, porque minha avó foi sempre exigente e nós
precisávamos obedecer e aprender o que ela nos ensinava. Ela nos ensinou a ser
pessoas de bem. Pode confiar em mim. Eu te prometo que vou te proteger pelo
resto de minha vida.
Ele continuou:
-- Eu também tenho cicatrizes. Elas servem
para nos lembrar de que conseguimos ser fortes e superar a dor. Como já disse
minha irmã e eu, fomos criados por meus avós paternos. Meus pais se amavam
muito, eram alegres e felizes, eu tinha três anos quando minha irmã nasceu e
minha mãe morreu na sala de parto. Meu pai se culpou, porque ele a amava muito
e mesmo sabendo que, por ordem médica ela não deveria ter mais filhos, ele não
conseguia ficar longe dela. E se ela tinha engravidado, era por culpa dele. E
ele não agüentou a dor e se matou.
-- Que triste.
-- Sim é triste, mas, meus avós ensinaram a mim e Raquel a superar o
sofrimento e ter esperança de alcançar a felicidade. E, eu hoje estou te
pedindo que tenhas essa esperança de felicidade para nós. Nós podemos ser
felizes para sempre. Eu te amo muito.
Por fim ela cedeu e deixou que ele a conduzisse
pela vida. Ficaram ali curtindo um ao
outro mais uns dias. Então voltaram.
Ele a levou para viajar com ele, visitar os
mercados onde ele comprava os objetos para loja. Ela adorou. Ajudou ele
escolher as peças mais bonitas e delicadas.
Decidiram casar, numa cerimônia intima,
apenas os mais chegados. Iriam dividir seu tempo entre o apartamento na cidade
e o sitio. Enquanto ela estava na cidade aproveitava para descobrir novos
ângulos para novas e belas fotos. No sitio ela pintava.
Eles formavam um casal perfeito, tinham as
mesmas preferências, amavam-se muito e eram muito felizes.
IMAGENS VIA INTERNET
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