EMA, MEU AMOR.
Ema estava
entre amigos se divertindo muito no baile de formatura de seu primo Álvaro. Ela
havia dançado com Jairo, e agora estava sentada a mesa observando os casais
dançando. A orquestra tinha começado a tocar músicas românticas e a pista se
encheu de pares enamorados.
Ela escutou
uma voz a convidando para dançar. Ela virou-se e ali estava um rapaz, alto,
forte, simpático e absolutamente lindo, com os cabelos loiros e olhos castanhos
escuros. Ela aceitou e se levantou e ele a conduziu para a pista de dança.
Ele logo
falou:
-- Eu sou Renato
Câmara. E tu deves ser Ema.
-- Sim, eu
sou Ema. Como sabes?
-- Eu e teu
primo Álvaro somos muito amigos. Ele fala muito em ti, tanto que parece que te
conheço há muito tempo.
-- Mesmo?
-- Sim, ele
me contou muitas das travessuras que vocês fizeram quando crianças.
-- O que
deves pensar de mim?
-- Eu acho
que és muito esperta, porque pelo que percebi a idéia e a iniciativa sempre
foram tuas. Concordas?
-- Sim. Mas
Álvaro sempre foi meu companheiro de brincadeiras, nós nos divertíamos muito.
Bom tempo!
-- É, a
gente cresce e fica a boa lembrança.
-- E tu
também eras travesso?
-- Sim, mas
não tanto quanto vocês...
E ambos
riram. Continuaram dançando por um bom tempo. Ela era alta, esguia, tinha as
feições delicadas e o rosto oval enfeitado por um par de olhos verdes e cabelos
cor de mel. Ele estava encantado por
ela, por sua beleza, por sua simpatia e por sua simplicidade. Ela sendo uma
moça riquíssima estava ali ainda dançando com ele. Ela poderia ter pedido
licença após duas ou três músicas. Ele pensava que deveria convidá-la para
tomar um refresco, pois estava muito quente. E foi o que fez:
-- Ema tu
não queres tomar um refresco, descansamos um pouco e depois dançamos novamente.
Aceitas?
-- Sim
vamos.
Não voltaram
para mesa onde estava o grupo de amigos dela, foram para o bar, e ele a levou
até uma mesa e foi comprar as bebidas. E eles conversaram bastante, ele
apreciando a alegria dela e como ela era divertida! Ela também estava fascinada
por ele. Voltaram a dançar, agora já não falavam tanto, estavam embalados por
melodias lentas e num clima de
romantismo ficaram dançando e se olhando.
Já amanhecia
quando o baile terminou. Renato a levou até o grupo de amigos dela e Álvaro o
convidou para no outro dia ir participar do churrasco que fariam em comemoração
a formatura. Álvaro insistiu dizendo:
-- Meu
amigo, nós conseguimos o “canudo” , vamos festejar juntos. Vou te esperar. Ao
meio dia.
Ema
aproveitou e disse:
-- Então
amanhã nos veremos. Até.
-- Até
depois.
Enquanto se
afastava Renato foi pensando em tudo que acontecera em sua vida.
Ele tinha saído
de sua cidade para estudar, sua família era pobre, e ele queria vencer na vida.
Amava seus pais e seus irmãos, mas o modo deles de ser não era o ideal dele.
Eles eram trabalhadores, mas nunca gostaram de estudar e, portanto, eles nunca
conseguiram dar um passo a frente.
Seus pais já
eram falecidos, ele era bem mais novo do que seus irmãos. Roberto o mais velho
estava com quarenta e cinco anos e tinha dois filhos e trabalhava como garçom.
Ricardo tinha quarenta e dois e tinha três filhos e trabalhava como serviços
gerais em uma escola.
Quando
terminou o segundo grau, Renato resolveu sair de sua cidade e vir para a
capital para trabalhar e estudar. Havia conseguido um bom trabalho em um
escritório e hoje, ele, com trinta anos, tinha se formado em Publicidade. Não
tinha com quem comemorar esse feito, ninguém de sua família valorizava o
estudo. Por isso nenhum de seus irmãos estava com ele. Então resolveu aceitar o
convite do seu amigo.
As casas de
Álvaro e Ema eram vizinhas. Era um imenso jardim com três casas, sendo uma dos
avós. No centro do jardim ficava a piscina, que era enorme, e um salão de
festa.
Renato
chegou por volta das 13h e Ema o esperava. Ela passou seu braço pelo dele e o
levou para vestir um calção de banho. Todos estavam na piscina. Disse que
podia pegar qualquer daqueles calções de
banho e toalha, estavam ali para os convidados. Deixou-o a porta do vestiário e
ficou por ali esperando.
Quando ela o
viu em trajes de banho ficou admirada com seu físico. Ele era realmente muito
bonito. E ela o queria, e como! E estava acostumada e ter tudo o que desejava.
Renato, por
sua vez, quando a viu de biquíni, ele ficou arrebatado por seu corpo perfeito.
Ao mesmo tempo em que se deixava levar por sua simpatia e beleza, um sinal de
alerta pedia cuidado, “ela não é para ti.”
Sentaram na
borda da piscina e ele pegou na mão dela e a segurou, como querendo sinalizar,
que ele a queria. Ela viu os sinais. Entraram na água e nadaram, brincaram e
conversaram, como se estivem a sós, sem se importar com os demais convidados
que aos poucos iam chegando.
Aquele foi
um dia especial, para Renato seria inesquecível. Ema era sensacional, em todos os sentidos.
Passaram o dia juntos, e ao despedirem-se, combinaram de se verem durante a semana. E antes de ele ir
embora ela o abraçou e o beijou ao qual ele correspondeu com empolgação.
Ele saiu da
festa completamente apaixonado por Ema. Não sabia como seria, mas pagaria para
ver. E assim foi feliz para o seu quarto, na pensão que ele morava.
Ema também
estava feliz, nunca conhecera ninguém como Renato, lindo, educado e amoroso.
Ela faria de tudo para dar certo, porque ele tinha tomado conta de seu coração.
Na quarta
feira Ema telefonou para Renato o convidando para a inauguração de um bar e ela
tinha os ingressos. Se ficasse bom para ele poderiam se encontrar no local. Ele
aceitou o convite e encontraram-se em frente ao bar. Havia um grande movimento
de pessoas. Com certeza esse seria o bar da moda.
Eles
curtiram a noite. Conversaram e
divertiram se bastante. Ao final da noite, na hora de fechar a conta, Ema
queria dividir com ele o valor a ser pago, mas ele recusou e pagou
integralmente a conta. Mas ficou assustado com o valor. Tudo ali era muito
caro. Ele não tinha “status” freqüentar aquele ambiente. Mas não falou nada
para Ema.
No sábado,
ela o levou a uma festa na casa de uma amiga. E mais uma vez foi uma noite
maravilhosa. Ela estava linda, usava um vestido preto e tinha prendido o
cabelo. Ela estava muito sensual, e ele estava tenso, porque estava louco por
ela. E Ema percebeu e o provocava cada vez mais.
Quando
saíram da festa, Ema, que estava de carro, disse que queria ficar a noite com
ele. Iriam para o apartamento dele. Então ele foi obrigado a contar para ela
que ele morava em uma pensão, um lugar muito simples, porém muito limpo. Que a
D. Ieda não permitia entrar acompanhado. Então eles despediram-se e ela foi
embora.
Renato sabia
que ela tinha ficado chocada com a situação financeira dele. Então ele decidiu
afastar-se dela. Ela jamais se adaptaria a uma vida simples. Ele teria que
encontrar alguém do seu meio.
Álvaro era
um bom amigo, e sabia que ele tinha dificuldades para poder cursar a faculdade,
tanto que nunca o convidou para saírem juntos. E Renato resolveu conversar com
seu amigo sobre sua prima Ema. Ele telefonou para o amigo e pediu para
conversarem pessoalmente.
Então Renato
explicou para seu amigo toda a paixão que havia nascido entre ele e Ema, mas
eles viviam em mundos diferentes e não tinha nenhuma possibilidade de seguir em
frente. Não queria magoar ninguém. Mas a realidade era essa. Ele não tinha
condições de freqüentar os ambientes que Ema estava acostumada.
Álvaro
entendeu e se propôs a conversar com sua prima. Mas deu esperanças ao amigo,
pois quando ele estivesse trabalhando com publicidade as coisas mudariam e ele
teria uma condição financeira melhor, e talvez, se o amor fosse sincero entre
ele e Ema, eles poderiam retomar. Era preciso deixar o tempo correr. Era isso que iria dizer também para sua
prima.
Renato não
tinha mais visto Álvaro e não teve coragem de ligar para Ema, que também não
ligou mais para ele. E eles estavam
afastados definitivamente.
Renato
dedicou-se ao trabalho, o escritório em que trabalhava tinha a política de
valorizar o funcionário que estudava. E agora que ele estava formado, logo ele
foi promovido. Mudara de setor, agora
estava direcionado à publicidade.
Rosana era
sua chefa, que o acolheu muito bem. Ele estava trabalhando diretamente com ela.
Ela era muito atraente, vestia-se bem, era elegante e muito bonita. Era de
estatura mediana, era cheinha de corpo, e muito simpática. Eles sempre
almoçavam juntos e agora já tinham se tornado bons amigos.
Era
aniversário de Renato, e no sábado, ela organizou uma festa surpresa para ele
em seu apartamento. Convidou a turma do escritório. Renato ficou muito feliz,
pois nunca ninguém se lembrava do aniversário dele.
A festa foi
ótima. Depois que todos saíram, Renato ficou para ajudar Rosana na limpeza da
festa. Quando terminaram Rosana o convidou para sentar e tomarem um vinho. Ele
aceitou. Bebericando o vinho e mais se olhando que conversando, foi surgindo um
clima entre eles e acabaram beijando-se. Um beijo fogoso, que despertou desejo
e se entregaram as caricias e ao fogo que ardia em seus corpos.
No dia
seguinte, quando Renato se deu conta do que tinha acontecido ficou preocupado.
Ela era sua chefa, e o que aconteceu foi culpa do vinho. Ele a considerava uma
amiga, embora ela fosse uma mulher muito atraente, ele não queria passar da condição de amigo e colega de
trabalho. Ele ainda estava deitado na cama, completamente nu, quando Rosana
entrou enrolada em uma toalha
Mas foi
Rosana quem falou:
-- Bah o
vinho nos pegou, e nós fizemos o que não devíamos. Me sinto culpada, pois fui
eu quem ofereceu o vinho...
-- Nós dois
fomos imprudentes...
-- Vamos
deixar isso para trás. Vamos seguir em frente. Ok?
-- Tudo bem.
Ele pulou
rápido da cama, pegou suas roupas e foi para o banheiro. Quando saiu ela já
estava vestida e o convidando para tomar café. Conversaram sobre a festa da
noite passada, sobre os colegas. Então ele resolveu ir embora.
-- Eu vou
indo. Muito obrigado pela festa de aniversário, fazia muito tempo que eu não
festejava. Obrigado mesmo.
-- Não
precisa agradecer, fiz porque te acho um cara muito legal...
-- Ok.
Tchau..
-- Tchau.
Renato foi
pensando em sua vida. Como tudo estava diferente. Tinha alugado um pequeno
apartamento mobiliado, perto do trabalho e tinha uma vida tranqüila. Saia pouco
preferia ficar em casa, lendo um bom livro, do que ir para um bar e ficar
bebendo como seus colegas.
Ainda
pensava em Ema. Embora seu relacionamento com ela, tenha sido breve, o seu
sentimento era profundo. Amava Ema!. Nunca mais teve noticias dela. Álvaro,
logo depois da formatura, tinha sido convidado para trabalhar em uma agencia em
Londres.
Rosana
fingia que estava tudo bem entre eles, depois daquela noite, mas na verdade ela
estava apaixonada por ele. Nunca tinha conhecido um rapaz tão inteligente e tão
educado e sereno como Renato. Ele era alegre e divertido, sem ser abusado.
Ela, como
chefa, já estava sabendo que ele seria promovido, e passaria para outro setor
do escritório, em outro andar do prédio, pois agora ele iria trabalhar com criação de anúncios de propagandas.
Com certeza não se encontrariam mais tão seguidamente. Isso a deixou triste.
Já fazia dez
meses que Renato havia sido promovido, e ele vinha se destacando dentro de sua
equipe de trabalho. Seu nome estava se tornando conhecido no meio publicitário
por suas idéias revolucionárias na propaganda.
Haveria uma
festa de entrega de prêmios para os destaques do ano, e Renato era um dos
destacados. Receberia o prêmio pela melhor propaganda. Ele convidou Eduarda
para acompanhá-lo.
Eduarda era
uma moça muito bonita e era sua vizinha.
Ele precisava de roupas novas, pois agora precisava ter boa apresentação, então
pediu a Duda que o ajudasse, já que ela trabalhava em um magazine.
Ela adorou a
tarefa. Renato era lindo e qualquer roupa ficava muito bem nele. E além de
ajudá-lo escolher, ainda conseguiu um bom desconto no valor a ser pago, o que
deixou Renato mais agradecido. Então como recompensa a convidou para
acompanhá-lo.
Ela
vestiu-se com esmero para a festa. Usava um vestido verde garrafa, em
musselina, cortado na cintura, com decote V e com as costas nuas. A saia era
rodada, o que dava leveza ao vestido. O tom do vestido realçava em sua pele,
deixando os cabelos castanhos mais vistosos e combinava perfeitamente com a cor
de seus olhos.
Renato a
esperava na sala do apartamento dela e quando ele a viu ficou admirado com
tanta beleza. Ele não pode deixar de dizer:
-- Estás
linda! Será um grande prazer a tua companhia.
-- Obrigada.
Vamos?
E saíram. O
Uber os levou até o local. E Renato durante todo o trajeto ele estava olhando
para ela e sorria, e Duda percebeu e ficou até ruborizada com a intensidade do
olhar dele. Ao descer do carro ele a tomou pela mão e entraram no recinto.
Realmente ela chamava atenção, pois quando eles chegaram muitos se voltaram
para olhá-los.
A festa foi
ótima. Renato recebeu seu prêmio, fez o agradecimento e foi muito aplaudido por
todos, principalmente por seus companheiros de equipe. A TV o procurou para uma
entrevista. A noite foi um sucesso.
Eles
voltaram para casa muito felizes, Duda era uma boa companhia, era participativa
e muito simpática com todos. Ele não a conhecia muito, mas gostou de estar com
ela.
E a partir
daquela noite, eles se tornaram companheiros inseparáveis. Ele não podia dizer
que a amava, mas gostava muito dela. Ela, sim, estava enamorada dele, e não
fazia segredo. Eles davam-se muito bem, gostavam das mesmas coisas e a relação
foi crescendo e eles firmaram compromisso, estavam noivos
Duda muitas
viu no olhar de Renato uma sombra de tristeza, que passava como um flash. E nestas ocasiões ele ficava calado por um
longo tempo. Ele tentava disfarçar quando percebia que Duda o observava. Ela
tinha receio de perguntar, mas com certeza ele devia ter sofrido uma grande
mágoa. E esse devia ser o motivo dele ainda não querer casar, ou simplesmente
morar junto com ela.
Realmente,
Renato ainda pensava muito em Ema, ela permanecia em seu coração e a angustia
de não saber nada da vida dela o deixava entristecido. Queria muito saber se
ela estava casada, pois assim poderia definir sua vida.
O tempo
correu, já era fim de ano, e haveria uma festa de confraternização no
escritório. Ele não apreciava esse tipo de festejo, mas ele não podia deixar de
ir. Todos levariam suas namoradas ou esposas. Ele avisou para Duda que eles
teriam que ir.
Duda gostava
de participar das confraternizações do escritório, eram sempre muito
divertidas, e em cada uma sempre havia uma surpresa para os convidados. Na
ultima festa que houve ela ganhou um
presente por ter acertado o enigma.
Ela sempre
gostava de estar bem vestida quando acompanhava Renato, queria fazer bonito
perante seus colegas. Havia comprado um vestido especialmente para essa
ocasião, era na tonalidade azul noite, corte reto, e decote U.
Quando
Renato a viu ele notou sua elegância e a elogiou. Ela agradeceu e saiu contente
de braço com seu amor. Eles formavam um belo casal.
A festa
estava bem animada, e Duda que conhecia quase todos transitava com desenvoltura
no ambiente. Renato conversava em grupo,
mas a seguia com o olhar. Ela era linda
e como todos gostavam dela, ele pensava. “Acho que estou dando muita
importância para algo que nunca foi meu. Eu devia valorizar essa mulher que me
ama.”
De repente
alguém bateu em seu ombro, Renato virou-se e encontrou o sorriso de seu velho
amigo, Álvaro. Abraçaram-se e riram de felicidade por terem se encontrado. Quem
primeiro falou foi Renato:
-- Meu
amigo, que alegria... Quando chegastes? Ficas agora por aqui?
-- Também
estou feliz em rever-te. Eu cheguei ontem, e vim só por causa do casamento de
Ema, que será na semana que vem.
-- Hum...
Mas me conta como vai tua vida.
Renato
tentou minimizar a noticia, e seguiu falando, mas em seu interior algo se
quebrou. Uma imensa dor atravessou seu peito. Duda se aproximou e ele a
apresentou ao amigo:
-- Essa
Duda, minha noiva.
-- Prazer em
conhecê-la
E Álvaro
virou-se para Renato e disse:
-- Parabéns!
Tens uma noiva lindíssima e muito simpática. Meus votos de felicidade ao casal.
-- Obrigado.
Estavam
servindo o jantar e eles foram para suas mesas. Duda percebeu que algo tinha
acontecido, Renato perdeu o brilho e quase não comeu. Ele estava muito
estranho.
Quando
voltaram, da festa, Renato deixou Duda em seu apartamento e foi dormir no dele.
Aquela noite ele precisava ficar só com sua tristeza. A mulher que ele amava e
que era inacessível para ele, iria casar com outro.
Duda sentiu
que alguma coisa estava errada, mesmo. Sempre ficavam juntos, fazia muito tempo
que Renato não dormia em seu apartamento. O que será que tinha acontecido? Ela
precisava saber. E por causa disso ela também teve dificuldades para conciliar
o sono.
No outro dia
Renato não apareceu, se estava em casa, ela não sabia. Telefonou mas ele não
atendeu. Duda ficou preocupada e foi ver se ele estava bem. Mas não o
encontrou.
Renato mal
dormiu. Era cedo quando saiu, precisava andar. Saiu sem rumo. Pensava se ele
não teria sido muito severo consigo mesmo, que por causa de sua condição social
inferior a de Ema, tinha se afastado dela, não dando nenhuma chance ao amor que
havia entre eles. E isso pesava em seu coração. Mas agora era tarde. Ela
casaria com outro dali alguns dias.
Quando ele
se deu conta estava em frente a casa de Ema. Encostou-se no muro da casa em
frente e ficou ali parado tentando vê-la. E viu. Ema saia de carro com seu
noivo, Jairo. Ele o conhecia e sabia que Jairo queria namorar com ela há muito
tempo, desde antes deles se conhecerem.
Renato olhou
para ela dentro do carro, ela sorria, estava feliz. Ele então resolveu voltar
para sua vida, sua realidade. Quando ele abriu a porta de seu apartamento deu
com Duda que o esperava. Ela não preguntou nada, apenas disse:
-- Estava
preocupada, que bom que estás bem.
-- Eu não
estou bem...
Ele
abraçou-se a ela e chorou, como uma criança. Ela afagou seu cabelo, beijou sua
testa e deixou que colocasse sua tristeza para fora. Apenas ficou ali com ele.
Renato
acalmou-se e pediu desculpas a ela por essa explosão de sentimento. Estava com
vergonha de ser tão fraco e infantil. Ele que sempre viveu tão só, sempre soube
reprimir suas dores e desilusões.
Duda ficou
ali com, perguntou:
-- Comeste
alguma coisa hoje?
-- Não sei,
não lembro.
-- Então vou
preparar um suco e um sanduíche, pode ser?
-- Sim,
obrigado.
-- Então
vem...
Ele
levantou-se e a seguiu até o apartamento dela. Enquanto ela preparava o lanche,
ele a olhava e pensava que ela era uma boa amiga, e ele não podia magoá-la de
jeito nenhum. Ela queria casar com ele, sabia que não seria um bom marido.
Então, ele
resolveu contar para ela o drama de sua vida, porque ele estava tão infeliz. E
também disse que eles não deveriam seguir com o compromisso deles. Ele não a
amava.
Duda escutou
tudo o que ele falou. Ela aceitou a decisão dele, ela tinha dignidade, não iria
implorar para continuarem. Eles teriam que se afastar.
Renato
resolveu comprar um apartamento, agora tinha um bom salário, prosperava no
trabalho. Tinha ganhado outro prêmio. E seu nome era destaque no círculo da
publicidade.
Álvaro
estava de volta ao país, e procurou Renato para convidá-lo para ser seu sócio
na agência que estava criando. Era uma proposta tentadora e Renato aceitou.
Os dois
amigos estavam contentes por estarem trabalhando juntos. No tempo de faculdade
eles sempre formaram uma dupla, suas idéias sempre foram ousadas e bem aceitas.
Apesar de
pouco tempo a agencia já era
conceituada, pelo simples fato de Renato e Álvaro serem os donos. E por isso
havia muitos clientes e muito trabalho.
O tempo
correu, e Álvaro estava de casamento marcado e queria que seu amigo fosse seu
padrinho. Renato não pode recusar tanta honra.
Era o dia do
ensaio, e Renato não sabia quem seria seu par. Ele chegou no horário marcado e
esperou um pouco até todos chegaram. E Álvaro apresentou seu par, era Adriana
sua irmã.
Renato mal
se lembrava dela, que era ainda muito jovem, quando a conheceu. Mas agora
estava uma moça muito charmosa. Era simpática
e alegre. Conversaram enquanto esperavam o inicio do ensaio. Depois
todos foram para a casa de Alexia, a noiva de Álvaro, que os havia convidado
para jantar. Foi uma noite agradável, Adriana era boa companhia. Era bem
falante e divertida.
Renato achou
estranho que Ema e seu marido não estivessem entre os padrinhos dos noivos,
pois Álvaro e a prima eram muito ligados. Mas ele não perguntou nada sobre Ema.
Apenas escutou falarem sobre ela, mas ele não tinha conseguido entender, parece
que ela havia sofrido um acidente. Depois perguntaria ao Álvaro. E foi o que
fez no outro dia no escritório.
-- Bom dia,
Álvaro. Tivemos uma noite muito divertida ontem.
-- Sim, essa
turma é assim. Sempre fazendo bagunça. Alexia gosta desse tipo de reunião.
-- Posso te
perguntar sobre Ema, o que houve com ela? Acidente?
-- Tenho
muito sentimento por Ema. Ela fez um péssimo casamento.
-- Mas
ela...
-- Não
comenta nada com ninguém, Ema não quer que saibam. Na verdade estão dizendo que
ela sofreu um acidente caseiro, que caiu de uma cadeira enquanto mexia na parte
alta de seu closed. Mas não foi isso que aconteceu.
-- O quê
aconteceu?
-- Ela
apanha do Jairo. Eu sempre disse para ela que ele era violento quando bebia.
Mas de certa maneira não foi ela quem decidiu com quem casar. Foi seu pai.
-- O pai?
Por quê?
-- Porque
ela nunca te esqueceu, não queria saber de ninguém, e como o tio João estava
querendo comprar a indústria da família de Jairo, ele acertou o casamento, já
que essa era uma imposição de Jairo. Sempre disse que era apaixonado por Ema.
Imagina se não gostasse dela...
-- Pobre
Ema... Por que ela não se divorcia dele?
-- Boa
pergunta, não sei.
-- E a mãe
dela, d. Vitoria não diz nada?
-- A tia
chora muito, mas não se mete. O tio é muito autoritário, e ela não gosta de
contrariá-lo.
-- Meu
Senhor!
-- Todos
lamentam, mas ninguém tem coragem de se envolver nas questões entre marido e
mulher.
-- Eles têm
filhos?
-- Não. Ela
engravidou no ano passado, mas “caiu” e perdeu a criança.
-- Que
horror! Pobre a Ema, quanto sofrimento...
-- Outro dia
ela perguntou por ti, ela soube que estamos trabalhando juntos. Queria saber se
estavas casado...
O telefone
tocou e eles encerram o assunto. Renato foi para sua sala, mas não conseguiu se
concentrar no trabalho. Levantou-se e saiu, precisava espairecer, precisava de
uma caminhada.
Andou
bastante, estava cansado e então viu uma
cafeteria e entrou e sentou-se no balcão e pediu um café.
Ema tinha
tomado conta de seus pensamentos. Ele tomava para si parte da responsabilidade
desta situação, pois se tivesse sido mais positivo, mais confiante em si, não
teria se afastado dela. Ele sabia que ela o amava de verdade, assim como também
ele a amava. Mas não podia voltar atrás. O que estava feito não tinha remédio.
E isso o machucava.
Olhou o
relógio e saiu apressado, tinha uma reunião em meia hora. Teria que pegar um
taxi. O trânsito esta lento, e foi
então que ele a viu. Ela estava no carro ao lado. E ele pode ver as marcas
arroxeadas em seu rosto, apesar de ela estar usando um par de óculos de sombra.
Ele a olhava com tanta intensidade que ela virou-se, e o viu. O mundo parou.
Eles ficaram se olhando até os carros andarem. Renato fechou os olhos para não
perder a imagem dela.
Ele chegou
atrasado a reunião, desculpou-se com o cliente e tentou prestar atenção na
pauta, mas estava zonzo. Álvaro percebeu que seu amigo não estava bem e tomou a
direção dos trabalhos.
Quando a
reunião terminou e os clientes se retiraram, Álvaro perguntou ao amigo o que
estava acontecendo com ele. E Renato apenas disse:
-- Eu vi a
Ema, um pouco antes de chegar.
-- Onde?
-- Eu tomei
um taxi e a enxerguei em outro taxi, que estava ao lado do meu.
-- Num taxi?
Ema num taxi? Tem certeza?
-- Sim. Era
ela.
Álvaro olhou
seu celular e pediu licença para Renato e foi para sua sala. Renato permaneceu
ali, pensando em Ema. Arrumou sua pasta e saiu da sala de reuniões. Quando
cruzou pelo corredor, Álvaro o chamou. E disse:
-- Ema está
vindo para cá. Quer falar contigo.
-- Comigo?
-- Sim. Ela
me disse que te viu, quando estava a caminho do consultório de médico, que é
aqui perto. Logo ela está chegando.
-- Ok! Então
vamos esperá-la.
Os dois
amigos ficaram em silêncio, estavam preocupados. Álvaro na semana de seu
casamento queria que tudo fosse mais tranqüilo. Ele e sua esposa sairiam em
viagem e já estava tudo organizado. Mas essa situação de Ema era complicada,
não podia ser negar a ajudar a prima.
Renato
achava que ele não tinha muito que fazer por ela. Ele era apenas um “ez” e a
família dela sempre o desprezou por ser pobre.
Ema chegou e
deu um beijo no primo e olhou para Renato fez um aceno com a cabeça e
sentou-se. Renato fez menção de se retirar, mas ela pediu que ficasse. Ela
olhou para o chão e depois se virou para Renato e disse:
-- Preciso
de ajuda.
Álvaro
responde:
-- Terás a
ajuda que precisar, eu te prometo. Nós estamos contigo, não é mesmo, Renato?
-- Sim. Com
certeza.
Ema começou
a chorar. Renato que estava em pé aproximou-se dela e colocou suas mãos em seus
ombros. E ela cobriu uma das mãos com a sua, e virou-se para olhar para ele.
Álvaro muito
calmo disse:
-- Fala...
Conta o que o médico disse... Fala alguma coisa...
-- O médico
disse que eu preciso me afastar dele. E com urgência. Porque, conforme sua
experiência, a violência tende a aumentar.
-- Sim.
Continua.
-- Mas para
onde eu vou? Para casa de meus pais não adianta, dos avós e tios, também não.
Eu poderia ir para um hotel, mas não tenho dinheiro para isso. Meu pai cortou
meu cartão de credito e Jairo nunca me dá dinheiro. Diz que mulher com dinheiro
vai muito longe...
Álvaro olhou
para Renato, que confirmou com a cabeça. Então Álvaro disse:
-- E o
apartamento de Renato?
-- Eu não
devo, ainda sou casada.
Então Renato
falou:
-- Tens
razão, eu sou solteiro e tu és casada. Seria um prato cheio para teu marido.
Vais para um apart-hotel que fica perto do meu prédio. Eu pago pra ti.
-- Eu ajudo
a pagar prima. Então está resolvido. Hoje não voltas para casa. Eu peço para
Adriana ir lá pegar. Faz uma lista e me dá, junto com a chave. Bem agora
preciso sair. Alexia está me esperando. Tu cuidas dela, meu bom amigo.
-- Sim. Ela
fica comigo. Dá meu telefone para a Adriana. Porque Ema deve desligar o
telefone agora. Desativar até o chip.
Álvaro se
despediu e saiu. Renato olhou o relógio e viu que já era fim de expediente.
Chamou a secretaria e pediu que fechasse tudo. Ele estava saindo.
Renato
acompanhou Ema até o apart-hotel. Ela pediu que ele ficasse um pouco com ela.
Ele disse que sim. Pediriam uma pizza e ficariam conversando.
Já era
tarde, e estavam cansados, tinha sido um dia difícil. Ema tomou um banho e foi para cama. Renato,
esperou até que ela conciliasse o sono, deu um beijo nela e saiu. Foi para seu
apartamento. Precisava pensar. Tudo tinha acontecido muito ligeiro.
Tomou um
banho e deitou-se e ficou pensando como solucionar esse problema. Dormiu muito
pouco. Levantou-se cedo e foi para o apart. Tinha prometido tomar o café da
manhã com Ema.
E durante o
café ele contou para ela o que tinha planejado:
-- Ema, em
primeiro lugar, nós precisamos conversar com um advogado, para nos orientar.
Porque penso que tu deves entrar com pedido de divórcio, mas antes separação de
corpos. Tens registro policial?
-- Não, mas
o médico ontem fez um laudo, e tem todo o meu histórico. Sempre foi ele que me
atendeu.
-- Talvez
sirva. Tens algum advogado conhecido?
-- Tenho.
Mas não quero que seja alguém que tenha relação com minha família.
-- Bem,
então vamos num conhecido meu. Certo?
-- Sim.
-- Vou ligar
para ele. Dá licença.
Renato
levantou-se e saiu do salão para falar ao telefone. Ema ficou olhando para ele
através da porta de vidro. Esse deveria ter sido seu marido. Mas o maldito
dinheiro sempre interferiu em sua vida.
Adriana
telefonou dizendo que já estava com as coisas dela. Quando chegou foi logo
dizendo:
-- Ainda bem
que somos bem intimas. Pois assim a empregada não ligou quando eu disse que
esperaria a por ti no quarto. Ela
cheguei cheia de sacolas (vazias) então, quando eu sai com as sacolas
cheias a empregada não reparou.
-- Veio
tudo?
-- Acho que
sim.
-- Como
estão às coisas por lá?
-- Tudo
calmo. Ninguém ainda se deu conta que tu não voltaste para casa. Até a hora que
eu saí tudo estava calmo. Mas acho que não posso vir aqui seguido. Podem me
seguir. Podem somar dois mais dois e ver que foi eu quem pegou tuas roupas.
Comprei um chip novo para ti. Vê se dá no teu telefone.
Ema pegou
seu celular e colocou o novo chip e estava de numero novo. Agradeceu a prima.
-- Ninguém
pode saber. Apenas Renato, tu e Álvaro. E tu passas o numero para ele. Certo?
-- Sim. Bem
eu vou embora. Te cuida minha querida. Não entra na internet. Tchau.
-- Tchau.
Renato havia
ido até a agência, precisa dar alguns telefonemas, e acertar com a secretaria
alguns horários.
Enquanto
isso Ema arrumou a roupa no armário. Tomou um banho e se vestiu para ir com
Renato ao advogado. Quando ele chegou, ela
estava o esperando. E estava linda, como sempre.
Ela ainda
estava com manchas no corpo, e o advogado recomendou que fosse a delegacia
registrar a ocorrência. Ela teria que fazer pericia médica. Ema estava indecisa
quanto a pericia, mas Renato a incentivou, ele estaria com ela. E ela decidiu
fazer.
Foi mais um
dia exaustivo. Mas agora ela tinha como se proteger do marido. Chegaram ao
apart e Álvaro e Alexia os esperavam na portaria. Subiram e os quatro ficaram
conversando sobre os acontecimentos. Depois resolveram sair para jantar. Iriam
a um lugar bem simples, fora do circuito que estavam acostumados.
Ema disse
que não iria ao casamento deles. Alexia acenou com cabeça que entendia e
acrescentou dizendo não te preocupas, nós entendemos a tua situação. É melhor
mesmo ficar fora de área.
O casamento
de Alexia e Álvaro foi uma cerimônia linda. As comemorações também. Foi uma
festa alegre, e Renato na companhia de Adriana se divertiu bastante.
Muitos
sentiram falta do casal Jairo e Ema. Mas a resposta sempre foi que Ema havia se
acidentado, estava em repouso em casa. E o marido ficara com ela, para não
deixá-la sozinha. E todos aceitavam a mentira elaborada.
Mas na
verdade o que Renato descobriu foi que d. Vitoria não sabia que sua filha não
estava em casa. E quanto a seu João, não ficou muito claro se sabia ou não. E
que Jairo estava sumido desde o inicio da semana.
No outro dia
Renato disse a Ema:
-- Estamos
ganhando tempo, minha querida. Isso é bom.
Ema sentou
ao lado de Renato e abraçou-se a ele, que logo passou seu braço por sobre os
ombros dela e lhe beijava os cabelos. Eles ficaram muito tempo em silêncio.
Então Ema disse:
-- Hoje é domingo. Vamos dar uma caminhada.
Saíram de
mãos dadas como namorados. Ema estava tranqüila e se sentindo segura com Renato
ao seu lado.
Os dias
passavam e Renato trabalhava o dia todo e Ema ficava no apart. Ele tinha
comprado para ela vários livros. Ela gostava de ler e assim o tempo passava
ligeiro.
Não havia
novidade alguma. Adriana achava que seus tios estavam querendo enganá-los, pois
não era possível que ainda não soubessem que Ema tinha saído de casa. Ela havia
ido ao escritório falar com Renato. Desconfiava que devesse ter algum detetive
a seguindo. Na pior das hipóteses eles deveriam agir como namorados.
Assim
fizeram. Saíram do prédio de mãos dadas. E Renato a levou até a porta do prédio
em que ela morava e despediu-se com um beijo na face. E foi para seu
apartamento. Deixou o carro na garagem e saiu por uma porta lateral do prédio
que dava para outra rua. Tomou um taxi e foi para o apart.
Contou para
Ema a conversa que tivera com Adriana. E como eles tinham agido para despistar.
Ainda bem que Álvaro e Alexia chegariam ao outro dia.
E os recém
casados chegaram de sua lua de mel radiantes de tanta felicidade. E Ema pensou
que nem em sua lua de mel foi feliz, pois Jairo sempre bebia demais e era
inconveniente. Ela passava o dia sozinha, ia as compras, aos passeios só.
Renato
contou para seu amigo tudo o que aconteceu em sua ausência, e das desconfianças
de sua irmã. E do plano dela para disfarçar. Álvaro escutou e concordou.
Claro que
estavam mentindo. Algo deveria ter acontecido com Jairo que não aparecia em lugar algum. Álvaro tentara falar com ele
na noite anterior e sua empregada disse que o casal estava viajando. Quando
voltavam? Ela não sabia. Pegou o telefone e ligou para o celular dele e estava
fora de área.
Talvez
estivesse fugindo. Será que a policia tinha ido atrás dele? E os dois amigos
fizeram muitas conjecturas. Mas o importante era resguardar a Ema.
Renato soube
por sua faxineira e pelo porteiro do prédio que um homem e depois uma mulher
estavam procurando por ele, queriam saber quem morava com ele.
Então, Ema
deveria ficar onde estava. Sair o menos possível. Apenas ele deveria manter o
contato com ela. Pois se os outros também estavam sendo seguidos, seria muito
obvio se todos fossem ao mesmo local seguidamente. E Renato poderia dizer que
tinha uma amiga que morava lá. O nome de Ema não estava na lista de hospedes.
Era o dele.
Alexia
resolveu que iria ao apartamento em que Ema morava para uma visita a prima de
seu marido. Foi sem avisar e foi recebida por Jairo, que estava com um
comportamento muito estranho. Cheirava álcool, mas não estava bêbado.
Alexia
perguntou se Ema iria demorar, ela não tinha avisado que vinha, estava
constrangida. E Jairo disse que ela tinha ido ao médico, e que talvez fosse
demorar. Alexia tratou de sair dali rapidamente.
Agora eles
tinham certeza que havia uma mentira armada. Não queriam que ninguém soubesse
que Ema havia saído de casa. Também os pais de Ema estavam simulando uma
viagem.
Já tinham se
passados três meses e o advogado disse a Ema que seu marido já havia sido
notificado pela justiça do seu pedido de divórcio e separação de corpos por
violência.
Logo haveria
uma audiência e o juiz iria impor condições a ele. Agora faltava pouco, mas que
ela ainda procurasse ficar em lugar seguro.
Ema estava
nervosa e Adriana resolveu ficar com ela uns dias. Disse para sua mãe que tinha
uma amiga da escola que estava na cidade e a tinha convidado para seu sua
cicerone por uma semana. Assim ela ficaria com a amiga.
Dona
Violeta, mãe de Adriana e Álvaro estava com problemas de memória. Muitas vezes
ela saia do contexto por vários dias. Isso foi depois que o marido morreu. Eles
eram um casal unido, felizes e d. Violeta não suportava a sua ausência, não
suportava a realidade.
Adriana e
mãe não moravam mais no condomínio familiar. Elas mudaram para um apartamento
de cobertura, perto de onde Álvaro tinha comprado o seu.
Agora com
Adriana fazendo companhia para ela, Ema estava bem. Adriana também não saia,
deixava que Renato providenciasse tudo o que elas precisavam. Ficaram juntas
por dez dias.
E tinha
acontecido a audiência, e Jairo não poderia chegar perto de Ema, deveria manter
uma distância de pelo menos trezentos metros.
Renato tirou
férias, dez dias, viajou para o interior, e foi como tinha planejado
para uma pousada no meio do campo, a beira de um rio. E levou Ema com
ele. Fizeram a viagem de carro. A estrada era cheia de lindas paisagens. O
lugar da pousada era magnífico. Seriam umas férias inesquecíveis.
Ema pensava
que aquela era a primeira noite deles. Nunca tinham transado. Depois da janta
ele foram caminhar pelo jardim da pousada, era uma noite de luar e como
namorados estavam abraçados e trocavam beijos.
Foram para o
quarto. Renato trancou a porta e aproximou-se dela. Trocaram carinhos e ele aos
poucos foi despindo Ema, que estava encantada com a delicadeza dele. Então ela
também tirou a roupa dele. Deitaram na cama e fizeram amor com muita paixão.
Renato a desejava há muito tempo, muitas noites sonhou com esse momento. Muitas
vezes soube que era impossível. Mas hoje ela era dele. Não importava o passado.
Ela era dele.
Para Ema foi
a sua primeira noite de amor. Embora tivesse sido casada, nunca tinha sido
amada dessa forma. E ela era dele e ele era dela. Estava feliz. Muito feliz.
Foi a lua de mel deles. Passaram os dias cheios
de paixão e felicidade. Nada mais os iria separar. Ela não queria o dinheiro de
sua família, não queria nada de Jairo, queria apenas liberdade para ser feliz
com Renato.
E foi o que
fez quando retornou. Tomou coragem e foi dizer a sua família que se esquecessem
dela. Ela tinha sido usada por eles só para aumentarem a fortuna. Que agora ela
estava feliz. Que ninguém mais interferisse em sua vida. Não queria nada deles,
que ficassem com seu dinheiro.
Ela mudou-se
para o apartamento de Renato e começou a cuidar de tudo. Aventurou-se na
cozinha e percebeu que tinha jeito. E uma vez por semana ela convidado os
primos para apreciarem seus pratos.
Renato
estava orgulhoso dela. Estava se tornando uma perfeita dona de casa.
Álvaro sabia
que ela era muito boa no desenho a mão livre e a convidou para trabalhar com eles na agencia,
na parte de artes. Pois algumas coisas ficariam mais legais se fossem desenhos
mesmo e não só arte no computador.
Ela aceitou.
Mas apenas duas vezes na semana. Queria cuidar de seu lar doce lar.E eles viveriam
uma vida simples, mas cheia de felicidade. Tinham certeza que formariam uma
linda família.
Maria Ronety Canibal
Junho de 2017.