AUSÊNCIA
Melissa era nova na escola. Sentia-se sozinha
e rejeitada pelos colegas da sala de aula. Era a segunda semana, e ela não
conseguiu a atenção das colegas. Estava triste, sentada em um banco no pátio da
escola. Marcos e Antonio jogavam bola
ali perto. De repente a bola foi aos seus pés, ela abaixou-se para pegar a bola e entregou a Marcos que
agradeceu e voltou a jogar. Ela ficou olhando o jogo deles.
Ela tinha doze anos e era uma menina inteligente,
esperta e curiosa. Sempre foi boa aluna. Gostava de ler, pesquisar e sempre se
saia muito bem nas provas. Como não
tinha amigas, ela passava muito tempo na biblioteca da escola.
Melissa estava concentrada na leitura e não viu
Marcos e Antonio que sentaram próximos a ela. Marcos a cutucou e perguntou se
ela podia ajudá-los no trabalho de história que precisavam fazer. Eles não eram
da mesma turma dela, mas todos já sabiam que ela era nota dez em tudo. Ela
prontamente os ajudou. E partir daquele
momento, os três, se tornaram os
melhores amigos.
O tempo correu e agora Melissa era uma jovem
com 19 anos, cursava a faculdade de
Farmácia. Ela tinha se tornada uma moça muito bonita, estatura média, tinha os
cabelos louros e olhos azuis e uma pele com um tom bronzeado. Era alegre e divertida
e amava demais seus amigos. Eles estavam sempre juntos.
Marcos, com vinte anos, era um rapaz muito bonito,
alto, forte, cabelo e olho castanho, e muito simpático, sempre sorrindo.
Estudava Engenharia Civil e era apaixonado por Melissa desde o dia que ela
entregou a bola e ele.
Antonio tinha dezenove anos, também era
bonito, mas era de estatura mediana, magro e tinha olhos verdes e cabelos num
tom avermelhado. Estudava Odontologia e também gostava Melissa.
Embora Melissa soubesse que seus amigos lhe
queriam muito bem, ela não fazia distinção entre eles. Gostava de ambos, e se
tivesse que escolher entre eles seria difícil.
Devido à amizade que cresceu entre os jovens,
suas famílias criaram laços de amizade, e os pais dela confiavam plenamente nos
rapazes. E Melissa sempre saia acompanhada pelos dois amigos. Ela não tinha
amiga.
Era tempo de férias e as famílias costumavam
passar as festas de fim de ano juntas na praia. Mas esse ano Antonio não
estaria porque seus familiares haviam programado um cruzeiro marítimo.
Marcos tinha gostado de estar só Melissa,
porque eram raras as vezes que Antonio não os acompanhava. Ele tinha muito amor
por ela, e essa seria a oportunidade de
demonstrar seus sentimentos.
Melissa também estava satisfeita de estar com
Marcos, pois ela descobriu que ele tinha se tornado seu favorito. Eles
combinavam muito. Ela estava se arrumando para sair, Marcos a havia convidado
para um jantar dançante no clube da praia. Ela vestiu um vestido longo, tomara
que caia, na cor turquesa, com sandálias de salto dourada. Prendeu o
cabelo num coque baixo. Colocou gargantinha e brincos dourados com pedrinhas na
cor do vestido. Ela estava muito bonita. E ela queria ficar bonita para Marcos.
Ela encontrou seus pais no corredor do hotel,
que reparam em sua elegância. Ela despediu-se deles, dizendo que eles não se
preocupassem, porque ela chegaria tarde.
Marcos a esperava no saguão do hotel. Quando
ele a viu seu rosto se iluminou e um sorriso surgiu quando a tomou pela mão, e
a admirando disse:
-- Tu estás deslumbrante! Todos vão olhar
para ti e eu vou ficar com ciúmes.
-- Não sejas bobo, meus olhos são teus.
Ele a beijou no rosto e saíram rindo. Ele a
conduziu até o carro a ajudou a entrar e tomou seu lugar e foram para o clube.
O salão onde seria a festa estava lotado, procuram uma mesa para dois, e
sentaram. Marcos não parava de olhar para ela, e pensava: “ hoje terei o
momento ideal para me declarar para ela. Acho que não serei rejeitado porque
ela está agindo diferente comigo. Mais carinhosa e até ousada nas palavras. Vou
arriscar.”
O jantar foi servido individualmente, uma
comida deliciosa. Pediram vinho para acompanhar a janta. Depois da sobremesa
iniciaram as danças. O repertório do conjunto que animava era romântico, aliás,
o tema do jantar era poético, “Jantando a Média Luz”.
Marcos estendeu a braço sobre a mesa e pegou
sua mão, enquanto a olhava firmemente, e ela mantinha o olhar. Havia um clima
entre eles. Ele beijou sua mão e a levou para a pista de dança.
O conjunto tocava uma seleção de boleros e ele cantava ao seu ouvido. Ela se
abraçou a ele e estavam dançando bem juntinhos como se fossem namorados. Ele a
apertou mais. Ele estava inebriado pelo perfume que exalava dela. Mas ela
também estava gostando de sentir o cheiro delicioso dele.
Num breve intervalo da música eles ficaram
parados de mãos dadas e se olhando apaixonadamente. Então Marcos falou bem
baixinho ao ouvido dela:
-- Eu te amo!
Ela sorriu e disse:
-- Eu te amo!
A música recomeçou e voltaram dançar, agora
mais envolvidos em uma abraço e trocando
beijos suaves. Dançaram por um bom tempo. Depois voltaram para a mesa e pediram
um espumante para brindar o amor que os unia.
Saíram do clube e deram uma volta de carro
pela praça do balneário, e Marcos
estacionou o carro de frente para o mar. Ficaram apreciando a claridade de lua
que brilhava sobre a água. Estavam ali abraçados e beijaram-se com paixão, com
sede de amor. Embora estivessem cheios de desejo Marcos optou por levá-la para o hotel, não deveria abusar. Então a
acompanhou até a porta de seu quarto e despediu-se com um beijo suave em seus
lábios. Murmurou boa noite e foi para
seu quarto.
Melissa estava feliz, deu voltas em seu
quarto dançando de felicidade. Sim Marcos era o seu amor, era o seu par para
vida inteira. Ela teve dificuldade para dormir, pois a lembrança dos beijos que
trocaram, e isso a deixou muito“ligada.”
Marcos também ria sozinho, ela o amava. Não
conseguia conciliar o sono porque o gosto de Melissa permanecia em sua
boca.
Na manhã seguinte ele a buscou em seu quarto
para tomarem café juntos. Seus pais ainda estavam à mesa, e reparam que eles
chegaram de mãos dadas. Marcos logo anunciou a mudança de “status” de bons
amigos para relacionamento sério. Todos saudaram o jovem casal.
Foram à praia e caminharam abraçados pela praia.
Paravam para se beijar, apostavam corrida e se abraçavam outra vez. Irradiavam
felicidade. Era o último dia do ano. A noite teriam outra festa, talvez hoje...
Festa de Ano Novo no hotel era a fantasia.
Melissa já havia se preparado, e sairia de “Dama Antiga”. Tinha mandado fazer
um vestido de cintura alta, com decote U bem pronunciado e com mangas curtas e
bufantes.. O tecido era em seda branca e a fita que passava abaixo do busto era
na cor azul, como seus olhos. Ela mesma tinha bordado o corpete do vestido com
miçangas brancas. Melissa prendeu o cabelo de acordo com a época da roupa,
deixando pequenos cachos caídos.
Marcos tinha escolhido uma fantasia de “
D’Artagnan, o Mosqueteiro” e estava muito alinhado. Quando o casal entrou no
salão todos olharam porque formavam um
par perfeito.
Ele ainda a admirava dizendo:
-- Minha Lady tu estás maravilhosa. Sinto
muito orgulho de ser teu par.
-- Obrigada, meu Lord. Tu também não estás
para ser jogado fora.
E achavam graça de si mesmo. Seus familiares
também elogiaram as fantasias deles e da incrível coincidência de estarem
combinando no tema épico.
Naquela noite da virada do ano após o brinde.
Eles saíram do salão e foram para a sacada de onde apreciavam a beleza dos
fogos ao longe. Estavam abraçados trocando juras de amor. E se prometeram amor
e fidelidade. Nada e nem ninguém iria impedir o amor deles.
Quando Marcos foi levá-la até seu quarto,
Melissa não o deixou ir embora. Ele entrou a abraçou e se acariciaram, e logo
estavam na cama. Ele sabia que seria a primeira vez de Melissa, por isso foi
carinhoso e gentil com ela, e se entregaram sem restrições, deixando o amor
agir e o desejo ser saciado. Estavam felizes e dormiram abraçados.
Os dias passaram e a cada dia se amavam mais.
Quando Antonio retornou de viagem, ele ficou surpreso com a novidade. O namoro
entre seus amigos.
Antonio não esperava uma traição de seu
melhor amigo, Marcos, que sempre soube
de seu amor por Melissa. Ele se afastou dos amigos. Não suportava ver os dois
juntos.
Já se passara dois anos e Helena, a irmã de
Marcos, iria casar e os convidou para serem suas testemunhas de casamento. Foi
um momento especial para eles, pois Melissa e Marcos estavam querendo casar e
se imaginaram ali, diante de Deus se prometendo amor eterno.
Depois da lua de mel, Helena e Marcelo, iriam
morar e Sentinela do Mar. Embora todos estivessem tristes com a distância que
separariam da querida filha e irmã, eles esperavam que o novo casal vivesse
feliz.
Mas Milton, pai de Marcos, sofreu um infarto
fulminante e morreu. Sua mãe resolveu morar perto da filha. E Marcos precisou
deixar a faculdade porque necessitava trabalhar. E a empresa que o empregou o
mandou para a África.
E esse giro que aconteceu em suas vidas,
deixou os jovens namorados desesperados. Amavam-se, mas sabiam que teriam muitas
dificuldades. A despedida foi difícil.
Marcos levou Melissa para passarem o fim de
semana em uma pousada na serra. O lugar era lindo. Cada quarto tinha o nome de
uma flor. E o quarto deles era o Amor perfeito.
Queriam boas lembranças, queriam eternizar
esse fim de semana. Choraram, riram, passearam e se amaram. Marcos sussurrava
ao ouvido de Melissa:
-- Confia em mim, eu te amo. Eu vou voltar
para ti. Não deixe de me amar...
-- Eu te amo e sempre vou te amar. Eu confio
em ti. Eu sei que vais voltar...
-- Meu amor, eu vou para um lugar estranho,
não sei como será nossa comunicação, mas lembra que a cada momento estarei
contigo no meu coração, em meu pensamento... Talvez eu demore a voltar... Mas
eu volto para ti. Confia.
-- Eu confio. Eu sei que voltarás para
mim....
Na segunda feira ela o acompanhou ao
aeroporto, e foi muito difícil. Melissa esperou o avião decolar e voltou para
casa. Uma tristeza tomou conta dela. Perdeu a alegria. Ela confiava nele, mas a
sua ausência era insuportável.
Melissa não se conformava com a ausência de
Marcos. Por que o pai dela não ofereceu trabalho para Marcos, já que tinha uma
construtora? Definitivamente seus pais não eram favorável a esse namoro.
Dedicou-se inteiramente aos estudos.
Conseguiu um estágio e gostava de seu trabalho. Formou-se com louvor, era o primeiro lugar da
turma. E Melissa, que era filha única, ganhou de seus pais uma Farmácia de
Manipulação. Consagrou-se inteiramente ao trabalho. Os dias transcorriam, e
Melissa estava magra, abatida e sem brilho.
Antonio assistia ao sofrimento de Melissa.
Foi visitá-la, tentou animá-la, mas sem êxito. Resolveu então apenas ficar
perto dela. Uma presença silenciosa. E assim fazia, todos os fins de semana ele
ia para casa dela e apenas ficava perto dela.
Marcos tinha dificuldade em se comunicar com
Melissa. Embora o mundo estivesse conectado, o lugar onde ele estava era
isolado e a comunicação era precária. Ele escrevia uma carta por semana, mas
Melissa recebeu apenas algumas. Ela agora com o endereço, escrevia para ele
quase todos os dias. E juntava e envia na segunda feira. Toda a segunda feira
ela enviava uma carta para ele. Ele recebeu apenas algumas.
Mas Melissa lembrava-se do pedido que ele
tinha feito,”confia, eu volto para ti...” O tempo passava e todos perderam a
esperança no futuro daquele namoro.
Faziam dois anos que Marcos tinha ido embora.
Ela ainda tinha esperanças, esperava e confiava no seu amor. Os pais dela
estavam preocupados. Pois, Melissa não voltara a ter alegria. Incentivavam para
que ela aceitasse os convites de Antonio para sair, para se distrair.
Os noticiários da TV, daquela semana, falavam
sobre região da África tinha sido devastada por chuvas intensas, grandes
enchentes e o numero de vitimas era grande. Que operários que trabalhavam na
construção de uma ponte tinham sido carregados pela enxurrada.
Melissa se desesperou. Entrou em contato com
a empresa em que ele trabalhava para obter informações, mas o funcionário disse
que não estava autorizado a falar a respeito. Ela procurou por Helena, que
também estava ansiosa por noticias do irmão.
Passado um mês, Helena telefonou para Melissa
dizendo que Marcos fora dado como desaparecido. Não haviam encontrado o corpo
dele, devia estar soterrado assim como muitos outros. Todos lamentaram. E
Melissa perdeu a esperança de que ele estivesse vivo.
Daquele dia em diante ela aceitou a companhia
de Antonio, que a convidava para ir ao cinema, jantar, passear... Melissa não
era mais a mesma, se tornara uma pessoa melancólica.
Antonio tentava animá-la. Agora fazia um ano
do desaparecimento de Marcos. Ele havia esperado passar esse tempo para pedir
Melissa em casamento. Sabia que os pais dela o apoiavam. Então ele a convidou
para jantar.
Antonio a levou em um restaurante novo na
cidade, que ficava na cobertura de um prédio e de lá se avistava a cidade. Era
um ambiente chique e seria o lugar ideal para se declarar. Tinha até comprado
um anel. Ele se arrumou com esmero, usava um blazer azul marinho, calça cinza e
camisa branca.
Melissa vestiu-se sem muito entusiasmo. Sabia
que deveria colocar um vestido mais social, pois o lugar do restaurante assim
exigia. Escolheu um vestido preto simples, sem manga e decote redondo. Colocou
uma corrente de ouro com a medalha de Nossa Senhora Aparecida. Levou um xale
preto de abrigo.
Antonio quando a viu ficou feliz, porque ela
havia se arrumado, e isso era um bom sinal. Ele beijou seu rosto e a levou até
o carro. Eles ficaram o trajeto todo em silêncio. Quando chegaram, ele a
conduziu até mesa que estava reservada para eles. Era em um canto junto à
janela.
Fizeram o pedido, apreciaram a vista e
conversaram. Antonio elogiou a elegância dela e ela também notou que ele estava
alinhado. Pediram um vinho e bebericaram enquanto conversavam.
Após a sobremesa Antonio pegou a mão de
Melissa, tomou coragem e disse:
-- Melissa tu sabes que eu sempre te amei. E
eu penso que está na hora de tomarmos um rumo em nossa vida. Por isso te
pergunto, aceita casar comigo?
Ela ficou assustada, nunca imaginou uma cena
dessas. Antonio era seu amigo, o amor de sua vida foi Marcos. Não haveria
outro. E ela não queria magoar seu bom amigo. Não sabia o que dizer. E falou:
-- Meu querido amigo, eu não sou a pessoa
indicada para te dar felicidade. Não posso. Meu amor sempre foi para o Marcos.
Jamais vou esquecê-lo.
-- Eu sei. Mas o meu amor por ti é muito
grande, eu te quero mesmo sabendo que nunca me amarás. Sei que sou teu bom amigo, e isso me basta.
Aceita?
-- Preciso pensar... Dá-me um tempo.
-- O tempo que precisares. Mas posso te
considerar minha namorada?
-- Não, ainda não. Eu estou com o coração
apertado em te dizer esse não, mas ainda não estou pronta, não posso. Me
desculpe.
E lágrimas rolaram em sua face. Seria muito
melhor que Antonio não tivesse criado essa situação, era o que Melissa pensava.
E agora? Haveria constrangimento entre eles.
Antonio pagou a conta e foram embora. Ele
estava triste, talvez tivesse sido precipitado. Como ficaria a relação deles?
Depois desse dia Melissa não aceitou mais
sair com Antonio. Fechou-se em si mesma. Ele também não apareceu mais. Mas os
pais de Melissa insistiam para que ela levasse Antonio em consideração. Ele era
um rapaz bom, e seria um ótimo marido para ela.
Melissa acabou cedendo, e aceitou Antonio
como seu noivo. Todos estavam felizes, menos ela, que fingia estar tudo bem.
Mas ela marcou a data do casamento para oito meses depois. Precisava se
acostumar com a idéia.
Dona Sônia, mãe de Melissa, estava muito
feliz, já planejando a cerimônia e a festa, pois, sua filha lhe dera carta
branca.
Passados alguns dias da decisão, Melissa
ainda pensava se realmente tinha feito a coisa certa. Todos queriam que ela
aceitasse Antonio, mas seu coração não concordava. Ela havia prometido a Marcos
o seu amor. Em seu intimo ela não acreditava que Marcos estava morto. Se ele
estivesse vivo ela estaria traindo seu amor, sua confiança.
Melissa não conseguia dormir, estava ficando
doente, de tanta angústia. Resolveu ter uma conversa franca com Antonio.
Precisava se livrar desse compromisso. Pediu a Antonio que viesse falar com ela
na farmácia. Não queria interferência de ninguém. Apenas os dois. Após o
expediente ela preparou um café e esperou por Antonio, que logo chegou.
Ele chegou alegre, não sabia qual o motivo
dela querer essa conversa fora de sua casa. Mas esperava que fosse sobre o
casamento, talvez ela tivesse decidido morar com ele, antes do casamento. Sua
expectativa era grande.
Antonio bateu de leve na porta e entrou na
farmácia. Melissa o cumprimentou e passou a chave na porta. Sentaram no
escritório e ela ofereceu a ele um café. Ele chegou bem falante, contando sobre
seu dia, enquanto ela apenas o escutava. De repente ela disse:
-- Antonio, o nosso assunto é sério. Eu
estive pensando muito em nós, e devo ser leal a ti e a nossa antiga amizade. E
o nosso casamento será um grande erro.
-- Melissa! Por que um grande erro?
-- Nunca escondi nada de ti, e tu sabes que
não te amo. Meu coração sempre pertenceu a Marcos, ainda pertence, e tenho esperança
que ele esteja vivo. Seria uma traição se ele me encontrasse casada. Não posso,
não quero, prometi esperar por ele...
-- Mas, minha querida, se ele estivesse vivo,
ele teria entrado em contato, pelo menos com a família dele. Eu sei que tu
telefonas para a Helena seguidamente.
-- Sim, eu ligo toda a semana.
-- Então. O que ela te diz? Ela tem
esperança?
-- Não. Ela se conformou com o anúncio do
desaparecimento dele. Tu sabes que ontem falei com ela e dona Odete está bem
doente, ela acha que não dura muito. Está muito fraca, com o passamento de
Marcos, ela entrou em depressão.
-- Coitada...
-- É mesmo, eram uma família tão feliz,
alegres, divertidos e depois do falecimento de seu Milton, foi só tristeza.
Tenho dó de Helena, que desde que casou só aconteceu tragédia na família. Como
consegue ter alegria no casamento?
-- É... Coisas da vida. Mas vamos voltar ao
nosso assunto. O que tu queres então?
-- Eu quero desfazer o nosso compromisso. Tu
sabes que eu aceitei sob pressão, de meus pais, teus pais e tua também. Agora
eu tenho estado aflita, não posso casar. Ainda não.
-- Queres mais tempo?
-- Não, eu quero que procure outra moça,
porque eu não vou te fazer feliz e seremos os dois infelizes. Antonio tu és um
cara legal, és bonito, és educado, gentil e carinhoso. Tu tens muito amor para
dar. Procura uma pessoa legal para ti. Eu sei que vais encontrar.
-- Mas eu te amo.
-- Mas de que adianta tu me amar se eu não te
amo. Eu te quero bem, quero que sejas feliz.
-- E tu que vai fazer de tua vida?
-- Eu vou seguir com meu trabalho que me traz
benefício. Eu gosto do que faço. Não te preocupas comigo, eu vou estar bem.
-- Eu não sei...
-- Sabe sim. Vai procura alguém que te mereça
o teu amor. Vai ser feliz meu querido amigo.
-- Não sei...
-- Então vamos juntos comunicar a família a
nossa decisão?
-- Vamos.
Melissa apagou as luzes, fechou a farmácia e
subiram para casa. Dona Sonia estava servindo o jantar, tinha esperado por
eles, mas Ângelo estava com fome. E ela decidiu não esperar mais. Mas eles
chegaram bem a tempo e agora todos jantariam juntos.
O pai de Melissa percebeu que tinha algo
errado e perguntou:
-- O que está acontecendo?
-- Nada, pai. Depois falamos.
Antonio estava calado, carrancudo e mal tocou
na comida. Melissa estava tranqüila e até comeu. Sonia intuiu problemas no ar.
Mas não disse nada. Depois que foi servida a sobremesa, todos passaram para a
sala de estar onde Sonia serviu o café.
Tinha uma montanha de louça na cozinha para
lavar, mas ela não deixaria a sala por nada. Depois limparia a cozinha. Ângelo
que era sempre muito discreto apenas disse:
-- Então???
Foi Melissa quem falou:
-- Pai, mãe, eu e Antonio conversamos e
decidimos desfazer o nosso compromisso. Não vai haver mais casamento.
Sonia arregalou os olhos, se virou para
Antonio e perguntou:
-- Não vai haver casamento?
-- Não dona Sonia. Decidimos assim.
-- Decidimos? Ou foi Melissa quem decidiu?
-- Não, nós conversamos e decidimos juntos.
Antonio sabia que tinha sido quase que
coagido a concordar com Melissa, mas iria assumir perante todos a sua parcela
na decisão.
-- Filha, diga para seu pai, o que aconteceu?
-- O que aconteceu, pai e mãe, é que nós
achamos que seria um erro, que não seriamos felizes. Então é melhor desistir
antes. Eu não tenho mais alegria de
viver, não seria justo, com Antonio, ele pode ser feliz. Ele vai achar quem o
faça feliz como tem direito a ser.
-- É seu Ângelo, nós pensamos e concluímos
que seria um grande erro, Nenhum de nós seria feliz. É isso.
Melissa agora estava tranqüila, com seu
coração sossegado. Sua missão era ajudar a Antonio ser feliz. E ela queria
apresentar para ele uma moça que era cliente da farmácia. Ela sabia que Alice o
chamava de bonitão, e que gostaria de conhecê-lo.
Dali a dois dias Alice entrou na farmácia
para pegar suas encomendas e Melissa puxou conversa com ela. Ela a convidou
para irem até o escritório. Ofereceu um café, e foi direto ao assunto.
-- Alice desculpe se vou ser intrometida, mas
várias vezes, eu observei que te referes ao Dr. Antonio como o “bonitão”. Tu
gostarias de ser apresentada a ele?
-- Melissa... Assim eu fico constrangida...
-- Peço desculpas mais uma vez pela minha
indelicadeza. Mas não me respondestes.
-- Bem... Eu o acho lindo, um gato... E
gostaria sim de ser apresentada a ele... Ele parece ser tão tímido.
-- Ok. Vamos providenciar. Ele é um bom
amigo, crescemos juntos, ele teve um decepção amorosa e eu quero ajudá-lo a
superar. Por isso me lembrei de ti, Tu és bonita, simpática e com certeza vai
conquistar seu coração.
-- Tomara. Como e quando vai ser?
-- No sábado, vou combinar com ele na
cafeteria da praça, por volta das 17,30h. Eu fecho a farmácia às 17h e vou para
lá. Encontraremos-nos lá ou queres vir aqui para chegarmos juntas.
-- Venho aqui.
-- Combinado. Qualquer contratempo te aviso.
Alice saiu rindo sozinha. Ela realmente tinha
uma queda pelo bonitão que sempre passava em frente a sua loja. Ela tinha
certeza que ele nunca a tinha visto. Ele era muito tímido e concentrado. Andava
sempre ligeiro e não olhava para os lados. Ela sempre estava à porta da loja
para vê-lo passar.
Alice era uma moça de 25 anos, não era muito
alta, era esguia e muito elegante. Seu rosto era delicado, tinha os olhos
grandes e escuros, sua pele clara e seus cabelos aloirados. E ela era gerente
de uma butique de roupas femininas, que trabalhava com artigos de fina
qualidade. Estava na cidade a cerca de um ano e não tinha amigos. Por isso quando ia a farmácia gostava de
conversar com Melissa.
Melissa convidou Antonio para tomarem um café
juntos, ela queria conversar com ele. Claro que ele aceitou. Mas quando ele viu
Melissa chegar com Alice, que ele já havia reparado que sempre estava a porta
de loja quando ele passava, logo percebeu qual era o assunto dela.
Melissa os apresentou, tomou um café e depois
pediu licença e saiu. Deixou os dois conversando. Que Deus os ajudasse e eles
se entenderiam. Alice era uma boa moça. Pelo menos aparentava ser.
No outro dia Antonio telefonou para Melissa
agradecendo pelo “golpe”. Realmente Alice era uma moça bem interessante, era
culta, educada e muito cativante, claro, e também era muito bonita. Eles tinham
combinado de sair logo mais.
Melissa ficou feliz.
Era domingo, mas ela desceu até a loja para
verificar se estava tudo certo. A noite tinha chovido e tinha faltado luz.
Quando ela chegou viu um homem , parado no outro lado da rua, olhando para
farmácia. Ele tinha aparência de uma pessoa doente, e não estava bem vestido.
Talvez precisasse de algum medicamento. Ela pensou em falar com ele, mas quando
ela o procurou não o achou. Ele tinha sumido.
A semana inteira choveu. E Melissa não viu mais o homem.
Seus pais, que estavam aposentados, queriam
morar no sitio. Mas estavam preocupados com ela, que ficaria só. Mas Melissa os
incentivou a irem. Ela ficaria em um apartamento menor.
O prédio em que moravam era um pequeno
edifício, com duas lojas no térreo, garagens e com um apartamento grande no
primeiro piso, que era onde moravam e mais quatro apartamentos, sendo dois no
segundo piso e dois no terceiro piso. Seu pai que tinha construído para eles
morarem.
E assim ela mudou-se para o apartamento menor
do segundo piso, e era de frente para a rua. Depois de estar tudo ajeitado no
apartamento dela, foi que seus pais desocuparam o apartamento em que viviam e o
colocaram para alugar.
Melissa pela manhã sempre pegava sua
xícara, e ia até a janela para observar
a rua, enquanto bebia seu café. E lá estava outra vez o homem, que agora olhava
para a janela dela. Ela ficou intrigada com aquilo. Quem seria? Por que a
cuidava? Seria algum delinqüente? Bem ficaria atenta.
Um dia ela resolveu que falaria com aquele
homem, porque se fosse para fazer algum mal a ela, já teria praticado, e, se
fosse para pedir algum medicamento, já teria pedido. Ela só saberia se falasse
com ele. Mas teria que o surpreender. Então naquele dia saiu bem mais cedo de
casa e ficou escondida atrás de uma árvore. Quando ele chegou, ela viu que ele
olhava para a janela dela com ansiedade. Ela chegou bem devagar e disse:
-- Bom dia, senhor. O que quer de mim?
O homem assustou-se, virou rápido para ela,
baixou a cabeça e tentou se afastar, mas ela estava segurando seu casaco. Então
ele parou e disse:
-- Bom dia, moça.
Ela estremeceu, aquela voz era de Marcos, era
ele! Como ele estava desfigurado, maltratado e maltrapilho. O que tinha
acontecido com ele? E ela disse:
-- Marcos! És tu mesmo?
-- Sim.
Ela abraçou-se a ele e chorou. Levou ele para
seu apartamento. Avisou para sua funcionaria que não iria à parte da manhã, mas
que ela estaria em casa, Serviu um café para ele, e preparou ovos mexidos, e
fez torradas. Ele estava mal alimentado.
Não perguntou nada. Esperou que ele
terminasse seu café. Apenas olhava para ele. Sua cabeça funcionando a mil. Que
teria acontecido? Ele comeu pouco. Depois olhou para ela e em seu olhar havia
muito sofrimento.
Ela perguntou pela saúde dele, pois ele
estava com aspecto doentio. Então ele começou a falar. Devagar, fazendo longas
pausas, mas contou tudo. Ela escutava e chorava.
Marcos começou respondendo a pergunta que ela
fizera.
-- Sim eu estou doente, contrai esquistossomose. Precisava de tratamento
constante, mas como eu tinha que dar jeito de voltar para o Brasil, eu piorei.
Melissa disse;
-- De
agora em diante eu vou cuidar de ti, e
vamos fazer o tratamento corretamente. Precisas de uma boa alimentação e
de tranqüilidade. Tudo isso terás. Eu prometo.
Ele chorou, se acalmou e seguiu contando:
“Nós éramos um grupo de vinte homens, fomos
levados para um lugar isolado, sem comunicação, para construir uma ponte e no
início tudo corria bem. Recebíamos nosso salário conforme o combinado, nós
tínhamos alimentação e alojamento muito precário. Todos nós tínhamos deixado
família aqui, escrevíamos cartas na esperança de logo receber noticias, mas as
cartas não eram enviadas, apenas algumas. Eu tenho os rascunhos de todas as
cartas que te enviei. De repente as coisas começaram a ficar ruim, alimentação
que antes era farta, ficou restrita, o salário não foi mais pago e nossos
documentos estavam retidos. Estávamos
escravizados! Eu pensei no primeiro momento em fugir. Mas eu nem sabia direito
onde estava, não tinha mapa, nada como referencia. Então veio aquela chuvarada.
Quando a chuva começou, eu falei para um companheiro, que ia embora, não ia
ficar ali, pois aquele solo era fofo demais, iria desmoronar. Ele concordou
comigo e fugimos. Eu tinha guardado dinheiro e algum alimento seco. Coloquei
tudo na mochila e saímos na chuva. Andamos dois dias na chuva, até eu
escorregar e quebrar o pé. Fizemos uma tala e meu companheiro me ajudou até
chegarmos a um vilarejo. Ali começou uma febre, o pé estava infectado. Ali
perto tinha um alojamento dos médicos sem fronteira. Me levaram para lá. A
febre era muito alta e entrei em coma. Fiquei bastante tempo. Quando acordei
não sabia onde estava. Tinha dificuldade de pensar, de saber quem eu era. Meu
companheiro tinha seguido viagem. Melhorei, fiquei por ali, até ficar mais
forte. E lembrei de tudo. Então procurei um modo de vir para cá.
Atravessei por campos abertos e tomei
banho em açudes e foi ai que peguei essa maldita doença. Fiquei outra vez
fraco, sem forças para andar. Fui ajudado por dois padres missionários. Acolheram-me
e me alimentaram e orientaram como devia fazer para voltar. Então consegui
chegar, vim direto para cá, queria ao menos ti ver. Meu coração doía de tanta
saudade. Não sabia se estavas sozinha, ou quem sabe casada... Faz tempo que eu
estou na espreita. Foi isso que aconteceu. Já se passou quatro anos.”
Melissa perguntou:
-- E
não procurastes a Helena?
-- Eu tentei ligar, mas não era aquele
número.
-- Bem, depois resolvemos isso. Agora eu
quero saber onde tu estas morando.
-- Eu aluguei um quarto numa pensão barata.
-- O que tens lá para pegar?
-- Nada. Tudo que tenho está aqui comigo.
-- Então, tu vai tomar um banho e depois
deitar, descansar.. Eu vou providenciar roupas para ti e um médico para te
examinar.. E vais ficar aqui comigo. Vou
cuidar de ti.
-- Mas Melissa, eu vou atrapalhar tua vida.
Eu não tenho mais nada a ti oferecer. Não posso aceitar.
-- Pode sim. Pelo menos por agora, depois a
gente vê como fazer. Certo?
-- Certo.
Enquanto ele tomava banho ela telefonou para
a loja vizinha a farmácia e pediu que levassem até ela: pijama, meias, cuecas,
camisas, calças, abrigo, casaco, suéter. Chinelo e tênis.
Ela arrumou a cama para ele deitar, Marcos
estava nu, e ela pode ver como ele estava magro. Isso doeu nela. Aquele rapaz
tão perfeito de corpo agora estava neste estado de fraqueza. Ele deitou-se, mas
não dormiu. Estava esperando por ela.
As roupas chegaram. Ela ajudou ele vestir o
pijama. Agora estava mais apresentável. Disse a ele que as roupas velhas seriam
jogadas fora. Ela já tinha revisado os bolsos e pego tudo o que tinha neles.
O médico logo chegaria. O que ele queria
comer. Ela precisava providenciar. Ele pediu uma sopa. Então Melissa foi fazer.
Tinha legumes e frango em casa. O meédico chegou.
Dr. Artur examinou, fez perguntas e mandou
fazer uma série de exames. Era melhor o laboratório vir colher o material.
Seria bom se ele observasse repouso. Alimentação deveria ser leve, e a cada
duas horas comer alguma coisa. O ideal seria frutas variadas, gelatinas,
iogurtes...
Melissa fez tudo como o médico indicou. Marcos
já estava com outra aparência. Os exames dele não tinham acusado
esquistossomose. Melissa ficou aliviada. Ele estava muito fraco, anêmico, com
todos os números muito baixos. Ele iria se recuperar.
Marcos agora estava melhor, mais animado,
mais fortalecido e tinha falado com sua irmã, que deu a noticia da morte da
mãe. Ela viria vê-lo. Ficou contente que Melissa estava cuidando dele.
Os pais de Melissa quando souberam não
gostaram nada da atitude dela de acolhê-lo dentro da casa dela. Isso era
comprometedor demais. E Melissa nem se cansou em discutir com eles.
Antonio foi visitá-lo, ficou chocado com a
aparência do velho amigo. Mas nessa visita Antonio aproveitou a oportunidade
para dizer que estava em um relacionamento sério com Alice. Que no fim de
semana ela viria com ele, para conhecer o Marcos.
Os dias passaram rápidos e Marcos agora já
recuperado se sentia constrangido de estar ali, à custa de Melissa. Então ela
propôs a ele, que trabalhasse na farmácia com ela. Ela precisava de um
administrador, que cuidasse dos pagamentos e enfim de várias coisas que tomavam muito o tempo dela. E ele
aceitou.
Tudo estava tomando o rumo certo, assim
aparentava.
Embora Marcos estivesse morando no apartamento de Melissa, eles não dormiam
juntos. Ele precisava de repouso como o médico havia dito. Mas agora ele estava
bem e o Dr. Artur havia dado alta a ele. Ele poderia levar uma vida normal.
Marcos ainda era muito apaixonado por ela,
mas não sabia como agir. Resolveu ter uma conversa franca com ela. E foi
dizendo:
-- Melissa, eu preciso te agradecer por tudo
que fizestes por mim. Cuidastes de mim com carinho e dedicação. Sem isso talvez
eu já estivesse morto. Mas acho que não devo mais atrapalhar tua vida.
-- Tudo que eu fiz foi por amor. Eu ainda te
amo. Tu não precisas me agradecer e também não me atrapalhas em nada. Pelo
contrário, tu acalmas meu coração. Mas se tu achas que precisas ir porque não
me queres é diferente. Não vou te prender. És livre.
-- Mas antes que tu te vás eu quero te
entregar toas as cartas que eu te escrevi, porque copiei todas elas.
Melissa foi buscar e entregou a ele uma caixa
que ele abriu para pegar as centenas de cartas escritas para ele. Sentou-se no
sofá e leu cada uma delas. Ele estava emocionado e lágrimas corriam de seus
olhos. Também foi buscar seu pacote de cartas e entregou a ela.
Melissa leu todas as cartas enquanto ele a
olhava intensamente.
Depois que leu a última carta, Melissa
levantou-se do sofá e foi para a janela olhar a rua. Mas não conseguia enxergar
nada, porque seus olhos estavam marejados de lágrimas.
Marcos também levantou e foi até ela. Abraçou
e disse:
-- Eu nunca deixei de te amar. Sou louco por
ti. Mas não te mereço, não estou a tua altura. Sou um joão-ninguém
-- Não, não és. Estás trabalhando.
-- .Mas dependo de ti.
-- Ora, isso é orgulho bobo.
-- Se estamos trabalhando juntos, não estás
dependendo de mim. Deixa de criar caso.
-- Teus pais não me aceitam.
-- O problema é deles. A vida é minha e eu
decido. Agora chega desse assunto, Se não me queres vai embora. Decide.
Marcos a abraçou mais forte e girou para
olhar para ele. Ela levantou o rosto para ele e lágrimas escorriam. Ele as
secou com beijos. Tomou seus lábios e a beijou com paixão. E sussurrou:
-- Eu te amo, eu te quero tanto que chega a
doer em minha alma.
-- Eu te amo tanto que dói meu peito.
-- Eu estou faminto de ti... Eu preciso de
ti... Vamos nos amar...
E se amaram com loucura. Queriam apagar toda
a dor que a ausência dele tinha dilacerado em seus corações. E cansados dormiam
abraçados, para depois novamente se entregarem a paixão ao amor que os unia.
Sorriam, porque depois de tanto sofrimento eles vislumbravam uma vida de felicidade.
Maria Ronety Canibal
Junho 2017
IMAGEM VIA INTERNET
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