CAPTURADA
Marcela
terminou a sua palestra, despediu-se de seu anfitrião, e foi passear pelo centro
da cidade. Era a sua primeira vez em Curitiba. Estava encantada com beleza da
cidade. Olhava as vitrines, quando, em uma livraria, viu um livro em especial.
Entrou na loja e o comprou.
Ao
sair da livraria ela esbarrou em um homem jovem e atraente. O olhou sorrindo e
desculpou-se. Ele também sorriu e a olhou com um olhar penetrante. Marcela
sentiu-se despida. Virou e seguiu adiante.
Marcela
procurou um lugar sossegado para tomar um café e apreciar o movimento. Uma
pequena cafeteria, em frente a praça a atraiu. Sentou-se e enquanto esperava o
seu prato ser servido, pegou o livro e começou a folhear.
Um
burburinho chamou sua atenção. Era um homem de meia idade que estava passando
mal. Ela foi até ele, o examinou e pediu uma ambulância com urgência. Pegou sua
bolsa e estava pronta para acompanha-lo na ambulância, quando o homem que há
pouco tinha visto, se colocou a sua frente.
-- Eu o acompanho, ele é meu amigo. – Disse
o homem.
-- Eu sou médica, Marcela Gabay, por isso, eu pensei em ir também. – Falou Marcela.
-- Vamos juntos. Eu sou Flavio Zink Franco.
Marcela conversou com os paramédicos,
pedindo informações sobre o hospital que homem seria levado. Flavio acenou para
um taxi e eles seguiram a ambulância.
Eles ficaram em silencio, durante o
trajeto. Flavio estava preocupado com o amigo. Sabia que ultimamente ele não
vinha se sentindo bem, contudo, não procurou consultar um médico. Ao entrarem
no hospital, eles souberam que Silvio havia sido acometido por uma sincope, e
estava passando por exames para determinar as causas.
Silvio ficou em uma enfermaria, enquanto
aguardava os resultados dos exames. Marcela conversou com o plantonista que o
atendeu, e soube que a razão do desmaio foi por questões cardíacas.
Um tanto apressada, por causa do horário,
Marcela comunicou ao Flavio as preocupações de seu colega. E pediu que fizesse
com que o seu amigo levasse mais sério a saúde.
--
Eu não posso esperar, tenho que ir para o aeroporto. Faço votos que o teu amigo
fique bem. – Disse Marcela.
-- Sei que o Silvio vai querer te
agradecer, e se puderes me dar o número do teu telefone... – Pediu Flavio a
olhando de modo especial.
Marcela passou o seu número, despediu-se e
foi para o aeroporto. Ela não tinha nem bagagem. Tinha vindo naquela madrugada
para dar uma palestra sobre mortalidade infantil. Ela estava cumprindo o
programa de um projeto em prol das crianças em situação de risco. Por um período
de cinco anos, ela trabalhou em postos de saúde nas regiões mais periféricas da
cidade de Porto Alegre, e pode avaliar o quanto as crianças careciam de cuidados
na primeira infância. Hoje, ela trabalhava num dos maiores e melhores hospitais da
cidade, a convite do Diretor de Pediatria, Dr. Jaime Schwarz.
Durante o voo, ela teve tempo para pensar
e avaliar o seu dia. A palestra tinha sido um sucesso. O seu passeio pela
cidade, ótimo, e conhecer o Flavio...
A imagem dele a olhando estava fixa em sua
mente. Ela tinha ficado impressionada com aquele olhar. Nunca tinha se sentido
tão invadida. Só que o olhar dele tinha um toque especial. E mexeu com o seu
coração.
Nunca mais o veria!
Marcela
suspirou. Melhor assim. Não tinha mais idade para sonhar.
A sua
vida estava de pernas para o ar. Ainda não tinha conseguido superar os
desenganos do coração, o infortúnio de seu casamento. A morte repentina de seu
pai e a mudança de sua mãe para o interior, contribuíram para que a sua vida
virasse uma bagunça.
Afastar-se
de Bruno tinha sido a melhor coisa que fizera nos últimos tempos. Mas ainda
estava se adequando a sua nova vida. Mudar-se para um apartamento em um bairro
distante, foi a forma de evitá-lo. Não queria mais cruzar com o seu ex-marido.
Ela havia tentado manter o casamento, fizera
de tudo, suportou os fracassos financeiros sem se queixar, mas aguentar violência
e traição era demais. Ele por muito tempo ainda a perseguiu, tornando a sua
vida um inferno.
Na
verdade, aquele casamento havia sido um erro. Eles eram jovens demais, e foram
obrigados a casar. Eles se conheciam desde a adolescência, moravam próximos.
Uma gravidez mudou o rumo de suas vidas.
Quando casaram, eles eram apaixonados, e também,
muito imaturos, e brigavam por qualquer coisa. Um dia, Bruno que estava zangado,
a empurrou, ela caiu, e perdeu o bebê. Marcela não o perdoou, e Bruno também
não se perdoou. A vida seguiu sem motivação. Eles apenas se toleravam.
Marcela pediu ao pai que financiasse o
seu estudo. Desde criança ela tinha o desejo de ser médica, para ajudar as
pessoas a se curarem de seus males. O pai atendeu ao seu pedido. E ela estudou
com afinco. Queria ser livre, e com independência financeira.
Bruno também procurou ajuda para cursar a
faculdade de Engenharia Mecânica, mas a morte prematura do pai, o impediu de
concluir o curso. E ele tinha uma mãe e uma irmã menor para amparar. E precisou trabalhar como mecânico, para dar
o sustento a família.
Seu pai, era um sonhador, e investiu todo
o valor da venda da casa da família, num novo projeto. Mas faliu. Matou-se,
deixando a esposa e filha menor desamparadas. Bruno as acolheu em sua casa, e
as relações entre ele e a esposa, que já iam mal, acabou se deteriorando com a
intromissão de dona Hermínia.
A frustação de Bruno refletiu no
casamento, que ia de mal a pior.
A
solução foi a separação. No entanto, depois do divórcio homologado, Bruno não
se conformava, e a culpava por tudo. Marcela sabia que o seu ex-marido não
tinha a capacidade de assumir os seus próprios erros, e sempre acusava alguém para
justificar os seus fracassos.
Marcela suspirou, estava cansada de tudo
isso. Ela só queria seguir em frente, trabalhar e viver em paz. Não almejava
mais nada. Havia desistido do amor, da busca da felicidade.
---
A rotina do hospital preenchia os dias de Marcela. Sentia-se bem, era bem-quista no seu
trabalho, e dedicava-se totalmente a sua profissão. Seguidamente virava a noite
fazendo plantão.
À noite, quando deitava em sua cama, estava
cansada e não pensava em nada. Queria apenas dormir. No entanto, aquele olhar
cativante a perseguia nos sonhos. E muitas vezes se pegava pensando naquele
homem desconhecido.
Certo dia de sábado, ela recebeu um
telefonema de um numero desconhecido, não tinha o costume de atender, mas
estava distraída e aceitou a ligação:
-- Alô... É a doutora?
-- Sim. Quem fala?
-- O Bruno. Estou em dívida... queria
agradecer o que fez por mim em Curitiba.
-- Como está o senhor? Procurou averiguar
com mais atenção o seu coração?
-- Sim. Recebi o seu recado. E agora estou
bem. Estou voltando a minha rotina de trabalho. Procurei um especialista e
cumpri todas as ordens médicas.
-- Fico feliz em saber.
-- O meu amigo está lhe enviando um abraço.
-- Agradeço e retribuo a atenção. Preciso
ir, estou trabalhando.
-- Até mais doutora.
-- Cuide-se.
-----
Marcela andava cansada, o trabalho era
intenso na pediatria.
Por isso, ela tinha recebido dois dias de
folga. Iria ver a sua mãe.
Claudia, a sua mãe, era formada em
hotelaria, e depois que o marido morreu, ela foi trabalhar em Gramado. Um grupo
internacional de hotelaria, havia inaugurado recentemente um luxuoso hotel, e
Claudia foi contratada.
Embora mãe e filha se falavam seguidamente, fazia
muito tempo que elas não se encontravam, e ambas estavam cheias de saudades.
Claudia se atreveu a pedir um dia de folga, para acolher a filhota com total
atenção. E recebeu a permissão de seu chefe, além de uma suíte gratuita para
elas usufruírem do lugar.
O hotel ficava afastado da cidade, e era um
prédio magnifico em meio a uma vegetação espetacular. Marcela se encantou com o
lugar. Sorriu ao pensar que sua mãe era privilegiada em trabalhar num espaço
desses.
Claudia orgulhos da filha, a apresentava
aos seus colegas, procurou pelo sr. Santis e soube que ele havia saído. Marcela
conheceria o seu chefe no jantar. Elas passearam pelos jardins, e conversaram.
Abraçadas para matar as saudades, mãe e filha, falavam sem parar.
Marcela escutou a mãe, que demonstrava
entusiasmo por seu novo emprego, mas principalmente pelo sr. Santis. Estava
curiosa para conhecer o chefe de dona Claudia.
A tarde se foi, e elas voltaram para a suíte
para se prepararem para o importante jantar que aconteceria, naquela noite.
Marcela sabia que o sr. Santis partilharia a mesa com elas.
Claudia se arrumou com requinte, estava
impecável. Usava um vestido de seda, na cor vermelho rubi, num modelo simples, porém,
muito bem cortado, que caia perfeitamente, mostrando que a mulher que o usava
ainda tinha curvas atraentes. Marcela escolheu usar um conjunto de malha azul
marinho com uma blusa branca. Também estava elegante, no entanto, não atraia
olhares como a mãe.
Ao chegar no salão de jantar, Marcela
notou que não havia muita gente, todavia, os que ali estavam olharam com
admiração para sua mãe. Ela sorriu ao pensar: “pobre homem, se não está, ficará
fascinado por minha mãe”.
O maitre aproximou-se delas, a conduziu a
mesa reservada.
Elas sentaram e logo foi servido uma taça
de espumante. Elas brindaram sorrindo e provaram a bebida. Não demorou muito e
o sr. Santis chegou.
-- Desculpem o meu atraso... – Falou ele
olhando para Marcela
-- Silvio! – Disse Marcela. – É mesmo o
sr. Silvio? Como estás? Não lembra de mim? Também estavas tão mal...
-- Doutora, que alegria te encontrar! –
Disse ele alegremente a abraçando.
-- Vocês se conhecem, de onde? – Perguntou
Claudia muito surpresa.
-- Em Curitiba, ele teve um mal estar e eu
o socorri. Já faz algum tempo.
-- Mundo pequeno... – Comentou Silvio
sorrindo. – Vamos sentar. Hoje estou acompanhado de duas belas mulheres... Está
faltando o meu amigo Flavio. Ele gostaria muito de revê-la, doutora.
-- Como ele está? – Disse Marcela um tanto
admirada com o que havia escutado. Ela também gostaria muito de reencontra-lo.
Mas nada disse. Apenas sorriu.
-- O Flavio está viajando. Deve retornar
ao país na semana que vem. Ele andou enfrentando algumas adversidades, mas
agora está bem. – Disse Silvio.
Marcela não deu sequência ao assunto. No
entanto, ficou curiosa, mas não perguntou, seria indiscrição.
O jantar foi agradável, Silvio era um
homem educado e charmoso, e conduziu a conversa com animação, e tinha muitas
coisas engraçadas para contar. Com discrição ele soube elogiar a elegância de
sua mãe. Marcela pode perceber que sua mãe estava fascinada por ele, e ele? Ela
não ousava dar o seu parecer.
-- Mãe, eu preciso dar um telefonema,
estava quase esquecendo. Agradeço pela sua companhia, Silvio. Boa noite.
Marcela saiu sem dar oportunidade para
protestos. Era evidente que eles precisavam estar a sós, embora fossem colegas
de trabalho, não era sempre que jantariam juntos.
Ao chegar a suíte, Marcela tirou os sapatos,
vestiu a camisola e sentou-se na poltrona com o pensamento em Flavio. Ela
tivera um rápido contato com ele, mas aquele olhar misterioso, ficou em sua
lembrança. Gostaria de encontrá-lo novamente? Essa era uma pergunta difícil de
responder. Seu coração acenava que sim, mas sua razão afirmava que não.
Bem, logo ela voltaria a sua rotina de
trabalho, e suas esferas sociais não se cruzariam jamais. Ela havia procurado na
internet sobre ele, e o que viu a deixou completamente desanimada. A família Zink
Franco era milionária. Flavio vivia na crônica social internacional. Era
considerado a revelação no mundo dos negócios de hotelaria.
Flavio estava fora de seu alcance.
Pensar nele era perda de tempo. Marcela se
avaliava como uma pessoa centrada e pé no chão. Não ousava sonhar com o que
estava muito acima dela.
Quando Claudia entrou na suíte, encontrou
sua filha dormindo. Olhou o relógio e só então percebeu que era muito tarde.
Silvio a convidara para um passeio pelo jardim, a noite estava clara, iluminada
pelo belo luar. Eles tinham caminhado até o lago, e lá aconteceu algo
inesperado. Silvio a beijou!
Como uma adolescente ela não sabia o que
fazer. Não sabia se o beijo foi consequência da noite envolvente, ou da atração
física que havia entre eles. E agora? Como lidaria com essa nova situação?
Afinal, Silvio era o seu chefe e eles estavam no ambiente de trabalho. Que
enrascada se metera...
Na manhã seguinte, ao assumir seu posto,
Claudia soube que Silvio fora chamado a São Paulo. Ele tinha deixado um pequeno
bilhete sobre a sua mesa, explicando a sua ausência. Deveria ficar fora cerca
de três dias. Ele lamentava não poder atender a doutora, mas deixou ordens para
que ela tivesse acesso gratuito a qualquer serviço do hotel. Ele sugeria o spa.
Marcela aproveitou bem os dias de
descanso. Retornou a Porto Alegre renovada e pronta para enfrentar a realidade
do hospital.
Os dias passavam...
Assim como o relacionamento de sua mãe com
o Silvio, a cada dia tornava-se mais sólido. Marcela estava feliz por sua mãe.
Sabia que a vida de Claudia tinha sido difícil, seu pai tinha um gênio forte.
Um novo médico, vindo da Espanha, foi integrado
a pediatria do hospital. Gaspar Catellar era um homem simpático e de boa
aparência. Não era bonito, mas era alegre e cativante. Seus olhos tinham um
brilho especial. Ele foi muito bem aceito entre os membros da equipe. Gaspar era doutorado pela universidade de Madrid, sua especialidade era câncer
infantil.
A interação entre Marcela e Gaspar foi rápida,
e eles viraram companheiros de plantão. Logo tornaram-se bons amigos, constantemente
eles saíram para jantar e se divertir juntos.
---
Natalia, uma velha amiga de Marcela, observou
que Gaspar estava querendo mais do que simples amizade, e falou:
-- Minha querida, tu não estás sendo
ingênua demais? O Gaspar quer muito mais que amizade...
-- Imagina! Ele sempre me tratou muito
bem, é respeitoso e nunca insinuou nada. Estás completamente enganada. –
Afirmou Marcela com segurança. – E tu bem sabes que depois de um casamento
desastroso, não quero me prender novamente.
--
E se eu estiver certa, qual será a tua reação? Eu te conheço há anos, e sei como
és.... Logo verás que eu estou certa.
-- Será? Sou tão alienada que não percebo
quando um homem está afim?
-- Eu penso que sim. Especialmente em
relação ao Gaspar.
-- Bem, vou começar a declinar alguns
convites. Afinal ele é meu colega de trabalho, aliás, um bom colega.
-- Justamente. A nossa equipe é tão unida.
Não queremos mal entendidos.
O telefone de Marcela tocou, ela viu o
visor e disse a amiga:
-- É minha mãe, dá licença. – Marcela
afastou-se da amiga para conversar,
Ela desligou o telefone e foi para a sua
sala. Tinha ainda duas consultas agendadas, só depois poderia pensar em ir para
casa. Normalmente ela nunca tinha pressa em deixar o hospital, mas hoje havia
um motivo especial.
---
Marcela entrou no hotel e olhou em
volta. Eles ainda não tinham chegado. Foi para o bar e pediu uma bebida sem
álcool. Não costumava beber, só em ocasiões muito especiais, ela arriscava um
brinde.
O ambiente do bar era luxuoso, porém, sem
exageros, A decoração moderna contrastava com detalhes antigos. Era muito
lindo. Ela tinha decidido usar um vestido de seda verde mar, num modelo
clássico. Pensou que tinha feito a escolha certa.
Um copo bonito e colorido foi colocado a
sua frente acompanhado de alguns petiscos. Marcela provou a bebida e achou
deliciosa. Pegou uma castanha e distraída a mastigou.
Um homem sentou-se próximo, sem se virar
ela sentiu que ele olhava, porém manteve-se firme. Mas uma voz conhecida falou:
-- Como vai doutora? Lembra-se de mim?
Marcela virou-se e seu coração quase saiu
pela boca. Diante dela estava o homem que ela insistia em afastar de seus
pensamentos. E respondeu a ele:
-- Olá! Como vai Flavio?
-- Estás esperando alguém? Posso te acompanhar
numa bebida?
-- Sim... Estou esperando a minha mãe...
Ai estão eles! – Disse Marcela vendo a mãe e o namorado se aproximar. – Sorriu
e abraçou Claudia com carinho. – Saudades...
Silvio fez as apresentações e Flavio
declinou do convite de os acompanhar no jantar.
-- Vou terminar minha bebida e encontro
vocês na mesa. – Disse Marcela corajosamente, esperando que Flavio lhe fizesse
companhia.
-- Eu te acompanho... – Disse ele, a
olhando com intensidade. —Silvio e a tua mãe, uma extraordinária coincidência.
-- Sim... Obra do destino. – Observou
Marcela.
Silvio e Claudia se dirigiram para o
restaurante, os deixando sozinhos.
Flavio pediu uma bebida e se acomodou
ao lado de Marcela.
-- Um momento inesperado, te encontrar
aqui no hotel. Fiquei muito contente em te rever. – Falou ele num tom de voz
sensual, e com aquele olhar perturbador.
-- Eu também. Pensei que nunca mais nos
veríamos, já que vivemos em mundos diferentes....
-- Mundos diferentes, no entanto, não intransponíveis.
Vou ficar uns dias por aqui, temos chances de jantarmos juntos?
-- A princípio sim. Só amanhã vou
saber qual é a escala de plantão dos próximos dias.
O telefone dele deu um toque de
alerta. Ele levantou-se,
-- Eu te ligo. Preciso ir... Peço que
me desculpe, sair assim apressado... – Disse ele a beijando no rosto. – Até
mais.
-- Tchau.
Marcela bebeu mais gole de sua bebida e
foi para o restaurante encontrar sua mãe.
---
O
jantar foi agradável, e Marcela constatou que sua mãe estava feliz e que Silvio
a tratava como uma princesa. Isso era bom, pensou ela.
O licor estava sendo servido, quando
Claudia falou:
-- Filha, preciso te comunicar a minha
decisão.
--
Aceitou a transferência. Vamos ficar mais distantes uma da outra. – Reclamou
Marcela com seriedade.
-- Mais ou menos isso. Vamos nos casar
e o Silvio aceitou ir para o novo resort nas termas uruguaias.
-- Hum.. Mãe, tu sabes o que é melhor
para ti. Se vocês querem arriscar um compromisso sério, como o casamento, vão
em frente. Só quero a tua felicidade, a felicidade de vocês. Ainda estaremos ao
sul da América do Sul.
-- É um lugar maravilhoso, e terás férias
gratuitas, isso eu te garanto. – Disse Silvio animado.
-- É um alento. – Disse Marcela rindo. –
Parabéns aos noivos. Quando será o casamento. Preciso me programar, e onde
será?
-- Casaremos em Canela e faremos uma
pequena recepção no hotel. Coisa simples, apenas para os amigos mais íntimos. –
Explicou Silvio com entusiasmo.
-- Quero que sejas a minha madrinha, minha
querida. – Completou Claudia.
-- Mas é claro que serei... E quando será?
– Insistiu Marcela.
-- No dia 25. – Silvio respondeu.
-- Dia 25 agora? Daqui a três semanas?
--
Exatamente. Tivemos pouco tempo para resolver tudo. Em um mês preciso assumir o
cargo. E nós vamos passar a nossa lua-de-mel em Portugal. – Explanou Silvio.
-- Maravilha! Bem está tarde. Amanhã as 6h
eu tenho que estar no hospital. Teremos uma cirurgia delicada, em uma menina de
apenas 4 anos. Obrigada pelo jantar e pelas belas novidades. – Disse Marcela
despedindo-se do casal.
---
Após a deixar a sala de cirurgia, Marcela
foi para seu consultório. Precisava descansar um pouco e tomar um Café para
enfrentar o dia de trabalho. Foi ao seu banheiro individual e refrescou-se,
trocou de roupa e refez a leve maquiagem que sempre usava. Ela gostava de estar
sempre com boa aparência. Não importava a quão triste ou cansada ela estava, os
seus pacientes mereciam.
Sentou-se em sua mesa e abriu a sua
agenda, quando sua secretaria entrou com um bonito buque de flores.
-- Olha o que chegou para doutora, agora
mesmo. Que lindos. São amores-perfeitos.
-- Bonitos mesmo. – Disse Marcela pegando
as flores. – Elas estão plantadas, veio um vaso. Aqui tem um cartão.
-- Um admirador, doutora. – Disse Monica
saindo da sala.
Depois de admirar o colorido das flores,
Marcela pegou o envelope e retirou o cartão.
“Para a doutora, nada menos do que um
amor-perfeito. Flavio”
Marcela sorriu. Arrumou um lugar em sua
mesa, mais perto da janela e ali colocou as belas flores. Avisou a Monica que
mandasse entrar o primeiro paciente.
Era quase fim da tarde quando Gaspar entrou
no consultório de Marcela, muito sério, ele mal a cumprimentou e a indagou:
-- São essas as flores que recebestes? A
novidade correu por todo o setor.
-- Sim, são essas! Uma pergunta, te devo
satisfação de minha vida?
-- Não entendi o que estas insinuando. Sim, somos comprometidos. Quantas vezes saímos juntos, e aqui no hospital todos sabem
que somos mais que amigos. Ainda não estamos noivos, mas compromissados, sim.
-- Não acredito! Isso não está acontecendo.
Era só o que me faltava... – Disse Marcela furiosa. – Fique sabendo que não há
nada entre mim e ti. Nenhum tipo de relação, a não ser a de colegas de trabalho.
Entendido?
Gaspar não respondeu, levantou-se saiu da
sala.
Marcela suspirou. Olhou para as flores e
sorriu. Ela ousaria burlar a sua própria regra, apenas com o Flavio. Esse cara
era demais!
Lembrou-se do aviso de sua boa amiga,
Natalia. Ela era uma observadora nata, não deixava escapar nada. Teria que
contar para ela o que havia sucedido.
---
Marcela saia do banho, quando o telefone
tocou. Olhou visor e sorriu.
-- Alô!
-- A doutora está no seu horário de folga?
-- Sim... – Disse ela rindo. – Estou em
casa, de pijama, pronta para repousar.
-- Oh! Estou atrapalhando?
-- Não! Obrigada pelas flores. São lindas!
Adoro amor perfeito. Como descobriu?
-- Como eu já citei, para a mulher
perfeita, só um amor perfeito.
-- Obrigada! Sinto-me lisonjeada.
-- Podemos marcar o jantar para a próxima
sexta feira?
-- Sim. Meu plantão é na quarta-feira.
-- Me manda o endereço por mensagem. Te
pego as 21h. Bom descanso, doutora.
-- Boa noite, Flavio.
Marcela desligou o telefone, e como uma
adolescente atirou-se na cama rindo. Estava feliz... muito feliz!
Foram dois longos dias. Enfim era
sexta-feira.
Marcela tinha comprado um vestido naquela
manhã, pois suas roupas eram tão ultrapassadas. Escolheu um vestido na cor rosa
cha.. Um modelo simples, mas de corte perfeito. A cor tinha assentado muito bem,
segundo a vendedora. Iria acreditar!
As nove horas em ponto, o telefone tocou,
anunciando que Flavio a esperava no saguão do prédio. Ela deu um tempinho,
embora já estivesse pronta. Não queria demonstrar o quanto estava feliz...
Quando ela saiu do elevador, ele a olhou
de cima a baixo, nada disse, mas deu uma piscadela, que ela entendeu como
aprovação. O porteiro correu para abrir a porta, e sorriu para ela de modo
animador. Confiante ela entrou no carro.
Enquanto se dirigiam para o restaurante,
Flavio nada disse, no entanto a olhava com intensidade. Marcela ficava abalada
com aquele olhar. O homem falava pelos olhos! Naqueles olhos ela via admiração,
simpatia e encantamento. Ao menos era assim que ela interpretava.
O jantar foi delicioso, eles conversaram
sobre as viagens dele, seu trabalho e a vontade de voltar a uma rotina mais
caseira.
-- Sei que deves estar achando que o meu
trabalho é fascinante... Me leva para diferentes lugares e oportuniza conhecer muitas
pessoas. Sim, isso é bom. Mas estou cansado. Eu não tenho uma casa para voltar.
Entende. Eu moro nos hotéis.
-- Eu te entendo perfeitamente. Eu sou muito
rotineira e caseira. Eu gosto do meu cantinho, como eu digo. Gosto do meu trabalho,
do ambiente do hospital, até das agitações num momento de emergência. Faz parte
do trabalho.
--
Nossas vidas são completamente diferentes. Consegui ajeitar para ficar até o
casamento do Silvio. Depois retorno a minha vida de nômade.
-- Então vens pouco ao sul...
-- Sim... Estou programando um novo
roteiro. Espero que seja aprovado. Trabalhar com a família não é fácil.
-- Acredito...
-- Esse tom de rosa te assentou muito
bom. Estás muito bonita, posso até dizer, fascinante.
-- Obrigada. – Disse Marcela sentindo as
faces quentes.
Flavio percebeu e sorriu. Esticou o
braço e pegou por cima da mesa a mão dela e afagou com carinho. Seu olhar,
agora era puro desejo.
Eles passaram a sair com frequência,
assim, como as flores se tornaram diárias. No hospital todos sabiam que as
flores espalhadas pelo saguão principal, eram de Marcela.
Apenas Gaspar não se divertia com o
namoro da doutora Marcela. Ele estava tão contrariado que solicitou a sua
transferência para outro setor. Mas, é claro que não foi concedida.
Marcela estava temerosa. Não conhecia o
homem e não imaginava qual poderia a ser a sua loucura, ou a paixão que tinha
por ela. Natalia também estava preocupada, porque Gaspar não estava de
brincadeira, ele falava com muita seriedade. O bom foi que elas conseguiram
alterar as escalas de plantão, e agora as duas ficavam juntas. Isso foi um
alivio.
Era a semana do casamento de Claudia, e Marcela
estava agitada. As horas corriam e ela tinha tantas coisas para organizar.
Flavio a tinha convidado para ficarem juntos até o fim de semana, antes de ele
ir viajar. Ela havia aceitado. Seria quase uma lua de mel. Eles ainda não
tinham se envolvido sexualmente. Alguns beijos, apenas.
Marcela estava empolgada.
Não era do seu jeito ser tão espontânea,
normalmente ela decidia o rumo de sua vida, após muito pensar. Mas desta vez
era tudo diferente. Na verdade, ela estava fascinada por Flavio, e o desejara
desde o primeiro momento.
Ela tinha conseguido uns dias de folga,
queria estar com a mãe, um tempo antes do casamento. Sentia necessidade do
afeto materno, embora sua vida amorosa estivesse bem.
Flavio só poderia vir para o casamento.
Alguns telefonemas fizeram com que ele ficasse retido na capital gaúcha. Coisas
do trabalho, explicou ele, para a sua namorada, Marcela.
O dia casamento amanheceu com um sol
esplendido. O cerimonia seria ao ar livre, para poucos amigos. Eram 11h quando
Claudia, acompanhada da filha, caminhou vagorosamente até a pérgula onde se
realizaria o oficio.
Claudia vestia um vestido rosa hortênsia e levava
na mão um buque de violetas. A noiva exalava felicidade.
Ao
lado da mãe, caminhava Marcela, usando um vestido plissado na tonalidade azul
bebê. Ela sorria e seus olhos brilhavam, enquanto miravam o homem que o seu
lado seria também padrinho dos noivos. Flavio, retribuía o olhar, e a admirava.
Em seu íntimo, reconheceu que estava apaixonado. Essa mulher o havia capturado.
O almoço comemorativo foi alegre. Muitos
brindes e alguns discursos foram dirigidos ao casal de noivos. Era cedo, quando
os noivos fugiram da festa. Os convidados começaram a retirar-se. Marcela e
Flavio estavam se despedindo dos últimos convidados, quando o telefone dele
tocou.
Flavio pediu licença e foi atender a
ligação, que foi longa. Ele retornou contrariado e disse a Marcela:
-- Nossos planos ruíram. Um sério problema
de família surgiu. Terei que ir a São Paulo. Mas tu ficas, a suíte está
reservada, aproveita esses dias e descansa.
-- O que aconteceu? Alguém morreu?
-- Seria mais fácil se fosse caso de
morte. Preciso ir. – Disse ele a beijando na face e afastando-se
apressadamente.
Muito triste, Marcela foi para a suíte
luxuosa. Olhou em volta e sentiu-se abandonada; completamente só. Deitou-se e
chorou.
Dias depois, uma linda caixa de bombons
suíços foi entregue em seu apartamento. No cartão um pedido de desculpas, mas
nenhuma explicação. Marcela decidiu esquecer esse estranho romance. Já tinha
sofrido muito por amor. E justamente, pelo mau comportamento masculino, que ela
escolheu seguir sozinha.
Porém, Flavio a tinha capturado com aquele
olhar...
As flores cessaram de aparecer no hospital.
Marcela tentava agir com normalidade, mas seu coração estava partido e seus
olhos tristes. Ninguém se atrevia a perguntar a razão dessa tristeza. Nem
mesmo, Natalia, a sua boa amiga, falava a respeito.
Gaspar era o único que vibrava com o
desengano de Marcela. Ele tornou a se aproximar dela, usando de artimanhas para
virar o plantão ao lado dela. Natalia estava de férias, o que facilitou para
Gaspar.
---
Flavio sabia que estava devendo uma
explicação para Marcela. No entanto não era assunto para ser falado por
telefone. Ele realmente estava interessado em seguir em frente ao lado de Marcela.
Ela era uma mulher excepcional, e sinceridade era primordial para uma relação
ser duradoura. Ele iria revelar o segredo que havia em sua vida.
Depois de ficar uns dias em São Paulo, ele
precisou seguir a sua rotina de trabalho, um substituto estava sendo treinado. Ainda
ficaria um tempo distante de Marcela. Ele continuava ligando, insistentemente,
mas ela não retornava as suas ligações.
Flavio reconhecia
que ela deveria estar furiosa. Já conhecendo o temperamento explosivo dela,
sabia que seria uma tarefa árdua, reconquistá-la. Ele não iria desistir,
Marcela valia ouro.
Após
cumprir seu itinerário, Flavio voltou para São Paulo. Antes de ir para o sul,
era preciso acomodar a situação que se criara. Janaina era uma pessoa inconsequente...
---
Era sexta-feira, fim de tarde quando
Flavio chegou em Porto Alegre. Ele tomou um taxi e foi direto para o
apartamento de Marcela. Ele tinha urgência em vê-la, só esperava que ela não
estivesse de plantão.
Flavio saiu do elevador e caminhou pelo
corredor e parou diante da porta do apartamento 502. Sentia-se nervoso como um
adolescente, estava apaixonado por ela, ou melhor, ele a amava!
Tocou a campainha e esperou. A porta se
abriu e diante dele estava a imagem sedutora dela, vestida com simplicidade e
cabelos ainda molhados.
-- Olá. Precisamos conversar. – Disse ele
sorrindo.
-- Oi. Entre... – Disse ela, afastando-se
para ele passar. Ela fechou a porta e o seguiu até a pequena sala. – Sente-se. Quer
beber alguma coisa?
-- Aceito uma água. Estou chegando agora.
Vim do aeroporto para cá. – Disse Flavio. – Obrigado. Sei que estás magoada
comigo, mas estou aqui para te explicar o que aconteceu. Aliás, a minha vida
foi virada do avesso. — Continuou ele.
-- Não estás sendo dramático demais? –
Indagou Marcela com sarcasmo.
-- Vou te contar e então tu decides se
estou exagerando, ou não. – Ponderou ele a olhando.
-- Desculpe-me. – Falou Marcela
encabulada.
-- Tudo bem. Aquele telefonema que recebi,
naquele dia, me abalou. Uma reviravolta
em minha vida, que era tão organizada e rotineira. Uma filha que eu não sabia
que tinha. Uma criança, doente, precisando de mim.
-- Uma
filha? E doente?
-- Sim, e doença grave. Algo neuro degenerativo:
Distrofia Muscular de Duchenne. E numa menina de apenas cinco anos. Isso me
comoveu e eu mudei a minha vida, para acolher a Marina com amor e carinho.
Afinal ela é minha filha...
-- A mãe dela era tua namorada? – Perguntou
Marcela.
-- Não. Foi um encontro fortuito. E eu
devia estar muito bêbado, já que não me lembro e não me precavi, coisa que
sempre fiz, justamente para evitar esse tipo de situação. Tanto que inicialmente
me recusei a aceitar, e fiz testes em diferentes lugares e ambos confirmaram,
que realmente eu sou o pai da menina. Janaina, a mãe, é uma pessoa sem caráter
e irresponsável. Marina estava entregue a mulher, a qual ela pagava para criar
a criança. Mas quando os sinais da doença começaram aparecer, a mulher não quis
mais cuidar. Então a Janaina assumiu o seu papel de mãe, mas por pouco tempo,
já que ela não pode mais participar das orgias. Sim, porque a mãe da minha
filha, é uma prostituta de luxo.
-- E a Marina aonde está?
-- Agora está sob a minha guarda. A
primeira providência foi buscar judicialmente a guarda de menina. Contratei uma
enfermeira para cuidá-la. E provisoriamente, elas estão morando num dos nossos
hotéis em São Paulo. No entanto, eu resolvi vir morar no sul. Quero me estabelecer aqui em Porto
Alegre. E conto contigo para me indicar um especialista para acompanhar o
tratamento da Marina. Sei que a perspectiva de vida dela é limitada, e por isso
mesmo quero que tenha todo o conforto, atenção e amor.
-- Conta comigo para o que precisar.
Estas pensando em casa ou apartamento?
-- Quero uma casa, com um pequeno jardim
para que Marina possa estar em meio a natureza, que sempre é mais agradável do
que estar entre quatro paredes. Não precisa ser grande, quero apenas que seja
confortável e que preencha os requisitos indispensáveis para o conforto da
menina.
-- Vamos encontrar... Estás com fome? Que
tal uma massa?
-- Que tal uma pizza?
-- Acompanhada de um vinho...
-- Sim, um vinho. Agora já estou aliviado
do peso que estava carregando. Um pouco de vinho vai ajudar eu relaxar. Eu
estava ansioso para falar contigo. Me desentendi com a minha família, mas isso
não é novidade. Eu não me enquadro com eles... Eles não aceitaram a Marinha
como membro da família. Imagina se dona Paula e seu Davi vão aceitar uma
criança doente e filha de uma prostituta na família?
-- Verdade? Mas a criança não tem culpa.
-- Justamente. Estou saindo da empresa.
Tivemos um acerto inicial, e vou ficar com os hotéis daqui do sul, incluindo as
termas uruguaias. A diferença vou receber em dinheiro. Então poderei investir e
expandir os hotéis, ou aplicar em outra atividade. Ainda não pensei sobre essa
questão. Teremos tempo para decidir.
A noite seguiu. Eles conversaram, comeram e
beberam o vinho...
E se amaram com paixão...
---
Um mês depois, Marina acompanhada por sua
enfermeira Veronica, chegava à casa do pai, onde um ambiente alegre,
confortável e acolhedor a esperava. Marcela ajudou a estabelecer uma rotina saudável
a menina, que estava cercada de cuidados, atenção e amor, não só do pai, como
também de Marcela.
Marcela providenciou para Marina fosse
logo levada ao dr. Alfeu Zângano, para iniciar o tratamento.
Os dias passavam...
A relação entre Flavio e Marcela
firmou. Os cuidados com a menina os aproximou, e Marcela estava feliz por
poder dar a Marina todo o amor maternal que sempre reprimiu. O aborto que
sofreu a traumatizou, e nunca mais pensou em gerar um filho. Mas agora tinha
Marina e ela colocou nessa relação todo sentimento maternal que guardava no
coração.
Era uma manhã de sábado, e Marcela levou
Marina para um banho de sol no jardim. Acomodou confortavelmente a menina e
sentou-se bem próximo. Nas mãos ela tinha livro de história infantil, que lia.
Em voz alta, e Marina por sua vez, prestava atenção em tudo o que Marcela
dizia.
Flavio estava parado próximo e apreciava a
linda cena que se desenrolava a sua frente. Ali parado, olhando as duas
interagirem, Flavio tomou uma decisão, talvez a mais importante de sua vida.
Manteve-se quieto até o fim da história,
e aproximou-se quando filha feliz batia palmas. Cansada a menina logo dormiu.
Ele sentou-se no banco junto de Marcela, a abraçou e sussurrou ao seu ouvido:
-- Aceitas casar comigo?
-- Casar? Precisamos mesmo casar? Assim
não estamos bem?
-- Sim! Somos felizes... O que acontece
que eu sempre sonhei em casar com a mulher amada, com a mulher mais importante
da minha vida. Aceitas?
-- Eu já fui capturada...
-- Isso é um sim?
-- Claro que é um sim...
Maria
Ronety Canibal
Outubro 2022
Imagens via
internet