sexta-feira, 14 de julho de 2017

EM BUSCA DA FELICIDADE

                                                     EM BUSCA DA FELICIDADE

Era um dia sábado e os amigos estavam reunidos saboreando um churrasco. A cerveja corria solta. Eram muitas histórias contadas e muitas gargalhadas. A casa de André era o ponto de encontro deles, era um grupo de cinco amigos que desde o inicio da faculdade vinham mantendo uma forte amizade. Apenas Leonardo e Gustavo eram casados.
Leonardo andava diferente, não era mais o mesmo, estava sempre com ar de preocupação. Naquela tarde, depois que os outros foram embora, André perguntou ao amigo:
-- O quê está havendo contigo? Estas com algum problema?
-- Estou com um enorme problema. Não sei como resolver...
-- Me conta... Talvez eu possa ajudar.
-- Não sei se alguém pode me ajudar. Estou com problemas com a Vanessa. Está muito difícil continuar com o meu casamento...
-- Amigo essa coisa de “marido e mulher é melhor não colocar a colher”... Diz o velho ditado. Mas se queres desabafar sou todo ouvido, e pode confiar... Sei guardar segredos.
Então Leo contou as suas desventuras no casamento.
Estavam casados há quase seis anos e ele  estava cansado das lamúrias  de sua esposa Vanessa. . Eram felizes, até que a perda da filha começou a perturbar a relação do casal.
Leo conhecia Vanessa desde o colegial, tinham sido colegas. Ela era muito bonita, alegre e divertida.  Eram muito apaixonados um pelo outro, e casaram muito cedo. Logo após a formatura dele e  ele foi trabalhar  na empresa do sogro.
Logo Vanessa engravidou e nasceu uma linda menina, Maria Eduarda o orgulho do papai. Ela estava com dois anos, quando foi ao mercado com Vanessa. E Vanessa a perdeu. Ela havia soltado a mão da filha para escolher umas frutas e não viu mais a menina. Que depois apareceu morta em um terreno baldio, ali perto.
Desde então tudo mudou entre o casal. Leonardo tinha esfriado, nem relações sexuais não havia mais entre eles. Vanessa tinha entrado em depressão, sentia-se culpada e o marido a via como irresponsável. Que não soubera proteger a filha.
Leonardo queria se separar de Vanessa, e toda a vez que ele tocava no assunto ela  chorava e dizia que iria se matar. E ele não suportava mais essa vida. O casamento estava rompido, não tinha mais chance de renovar. Além de está gastando uma fortuna em tratamento psicológico com a esposa. E a família dela que tinha muitas posses, não contribuía com nada. Ele estava apavorado, se achando sem saída.
André tentou acalmar o amigo, mas sabia ser inútil, pois a situação era difícil.
Depois de desabafar Leonardo levantou-se para ir embora e disse:
-- Obrigado amigo por me escutar, valeu!
-- Estou sempre por aqui quando precisares. Amigo é para isso.
Já estava a porta quando chegou um casal de namorados. E André disse a ele:
-- Lembra da minha irmã?
-- Sim, a Emilia... Como vai?
-- Tu és o Leo?
-- Sim.
-- Esse é meu namorado Luis Fernando.
-- Bem eu já estava de saída. Prazer em vê-los.
Leonardo saiu e enquanto dirigia ficou pensando em Emilia. Não lembrava que ela era tão bonita, e tão simpática. Ficou alegre  por ter encontrado com ela.
Emilia também ficou pensando em Leonardo, fazia muito tempo que não sabia da vida dele. André nunca contava nada sobre seus amigos. Ela sempre achara Leo muito lindo, mas ele mal olhava para ela, era apaixonado pela Vanessa.
Mas Emilia não agüentou e perguntou ao irmão:
-- O que houve com ele? Está com um olhar tão triste?
-- O casamento dele vai mal...
-- Hum.. Imagino aquela Vanessa sempre foi muito tola, e depois do que aconteceu com menina...
E o assunto foi encerrado.
Emilia tinha ido até a casa do irmão para arrumar o armário dele como ele havia pedido. Eles eram muito unidos. Não tinham mais os pais, e por isso ela estava sempre pronta a ajudá-lo.
André ficara morando na casa que era dos pais. Era uma casa boa, bem situada e ali também era seu escritório de engenharia. Emilia trabalhava com o irmão. Ela era arquiteta. Emilia sempre fora independente e quando pode foi morar sozinha, e residia perto dali.
André pediu para a irmã e o namorado ficarem para janta, tinha sobrado muita carne e pão. Era só aquecer.
Naquela noite Emilia sonhou com Leonardo, um sonho lindo... Acordou feliz. Levantou fez seu café e tomou vagarosamente tentando lembrar os detalhes do sonho.
Ela tivera poucos namorados, sempre nada sério, porque Emilia sempre foi muito dedicada  aos estudos e agora ao trabalho. Estava com Luis Fernando há pouco tempo. Ele queria morar com ela, mas ela não quis. Gostava de sua independência. Esse era seu luxo, pois ela era muito simples e prático.
Luis Fernando gostava muito dela e sabia que ela não era apaixonada por ele. Para ela, ele era um bom amigo. Mas Luis Fernando tinha a esperança de modificar essa “amizade”.
Emilia teve que voltar a realidade, seu telefone estava tocando e era seu irmão querendo falar com ela. Estava indo para o apartamento dela.
André chegou e Emilia serviu outra xícara de café para ela e uma para o irmão.  E perguntou:
-- Qual a novidade?
-- Não é novidade. Só queria conversar contigo sobre o Leonardo. Ontem não quis falar na frente do Luis Fernando. Mas o problema dele é sério. Eu queria poder ajudar.
-- Então me conta...
E André repetiu para a irmã tudo o que o amigo havia falado. Emilia ficou pensativa e depois de um tempo falou:
-- Bem... Eu acho que tem duas atitudes que ele precisa tomar: deixar de trabalhar com o sogro e sair do apartamento. Ele devia  consultar um advogado.
-- É tu tens razão.
-- Bem se ele sair do apartamento penso em convidá-lo para ficar um tempo comigo, até se ajeitar.
-- E ele não poderia trabalhar conosco?
-- É existe essa possibilidade. Tu não te importas?
-- Não.
-- Vou amadurecer essa idéia. Depois voltamos ao assunto.
-- Mas fala com ele sobre essa possibilidade, assim o Leo pode se sentir mais determinado para tomar posição.
-- O teu namorado vai chegar por aqui agora?
-- Não, só vem à noite. Vai ao futebol.
-- Então vamos sair maninha. Vai te arrumar...
-- Ok. Aonde vamos?
-- Vamos dar uma caminhada e depois almoçamos em algum lugar.
Emilia e André saíram bem alegres, curtindo a manhã de domingo. Foram ao parque, um lugar agradável onde praticamente toda a cidade se encontrava.
Passearam pelas alamedas do parque, descansaram em um banco a sombra e depois foram para uma lanchonete que tinha nas proximidades. Sentaram pediram o lanche e enquanto esperavam Emilia  escutava as bobagens do irmão. Riam muito.
O lugar logo encheu. E de repente André  viu Leonardo e fez sinal que tinha lugar na mesa deles. Ele agradeceu e sentou de frente para a Emilia. E perguntou:
-- Vocês por aqui?
-- Sim, hoje resolvemos fazer um programa diferente. Respondeu André.
-- Passeamos pelo parque, descansamos a sombra e viemos para cá matar a fome. Completou Emilia. E logo perguntou:
-- E tu, moras aqui por perto?
-- Mais ou menos, mas venho sempre aqui fazer um lanche aos domingos. Em casa não dá para ficar... Deixei Vanessa na casa dos  pais dela e vim para cá. À noite minha sogra a levará para casa.
Depois que fizeram a refeição, Emilia falou:
-- Então vamos lá para casa. Que vocês acham?
-- Pode ser... Disse Leonardo.
-- Tudo bem.  E na casa dela sempre doce... Completou André.
-- Bah, e hoje tem um bolo muito bom... Vocês vão gostar... Disse Emilia.
-- Fechado. Responderam os dois rindo.
Leonardo estava de carro, assim como André que havia ido até o parque de carro. Então Leo convidou Emilia para ir com ele no carro. Assim ela ensinava para ele o caminho da casa dela.
Emilia ficou um pouco nervosa. Conversou pouco no trajeto. Mas Leo perguntou muito sobre ela. Queria saber até do namorado... Ela responde a todas.
André foi deixar o carro dele em casa e demorou um pouco a chegar. Quando entrou no apartamento da irmã Leo e Emilia já estavam acomodados no sofá conversando.
André queria aproveitar e conversar com Leo sobre sua idéia. Mas não na frente à irmã?... Talvez fosse constrangedor para o amigo. Mas foi o próprio Leonardo quem falou:
-- Ontem à noite fiquei pensando, e quero a opinião de vocês. Eu trabalho com meu sogro, e com esta situação toda, o ambiente está ficando pesado. Estou com vontade sair de lá.
André logo respondeu:
-- Hoje cedo falei com a Emilia sobre isso. E nós achamos que o caminho é esse. Depois sair de casa. E a Emilia e eu te damos guarida. Pensa...
Emilia não queria se intrometer no assunto, mas não resistiu e disse:
-- Devias procurar um advogado para te orientar.
-- Sim, eu sei. Tenho um primo que é especialista em direito de família. Vou falar com ele. Amanhã vou providenciar. Não agüento mais, minha vida está um inferno.
-- Bem vou fazer um café para nós. Emilia aproveitou e saiu da sala.
André ainda conversou mais com Leo e disse a ele se quisesse poderia trabalhar com eles, Emilia já havia concordado.
Emilia voltou à sala com uma bandeja com canecas de café e bolo e biscoitos amanteigados. E disse:
-- Agora vamos falar de coisas alegres.
E sorriu para Leonardo. Que a olhou de um jeito especial e devolveu o sorriso a ela. E André não percebeu esse flerte, pois estava fazendo espaço na mesinha para a bandeja.
Já era inicio da noite quando Leonardo levantou-se para ir embora. Nisso toca o telefone de Emilia, e era Luis Fernando dizendo que seu time tinha ganhado e ia tomar uma “cervejada” com os amigos. Ela apenas articulou: tudo bem. E desligou o telefone.
Então ela disse ao irmão, Luis Fernando vai festejar a vitória do time dele com os amigos. E sugeriu que eles continuassem ali, ela ia pedir uma pizza.
Os dias passaram e Emilia resolveu por fim ao seu namoro com Luis Fernando.           Ela não gostava dele como namorado, apenas como amigo e isso não bastava. Ele queria ter mais intimidade com ela, e Emilia não permitia.
Emilia convidou sua amiga Débora para irem viajar. Elas foram a um cruzeiro marítimo fazendo toda a costa brasileira. Divertiram-se muito, mas Emilia não gostou de certas atitudes da amiga em relação ao sexo oposto. Estava muito oferecida e isso a constrangia.
Depois de vinte dias quando Emilia retornou ao trabalho ficou sabendo por André que Leonardo iria trabalhar com eles. E pediu a irmã que preparasse uma mesa para ele.
Emilia ficou muito contente e arrumou tudo para Leo com muito cuidado e deixou  o lado dele muito “estiloso”. Eles iriam dividir a mesma sala, e ela  reorganizou espaço e deixando tudo bem aconchegante.
André contou para Emilia que o Leo tinha conversado com o sogro, abertamente e disse que estava difícil a convivência com a Vanessa e ele iria se separar dela. E por isso ele também estava deixando a empresa porque não queria causar constrangimento para ninguém. E que o sogro e o cunhado haviam concordado com ele. Apenas pediram que ele desse mais um tempo para a esposa se  reequilibrar. Eles iam providenciar a sua internação em uma clinica. E Leonardo prometeu que assim faria.
Quando Leonardo iniciou no escritório, Emilia percebeu que ele era  muito inteligente. Na primeira reunião deles como equipe ela ficou espantada com a velocidade de seu raciocínio. Emilia apostou que eles iam se dar muito bem.
Os dias foram correndo e eles tinham um grande projeto para elaborar. Emilia e Leonardo estavam trabalhando junto e estavam ficando bem próximos.
E  após o expediente Leonardo e Emilia sempre ficavam em altos papos. Muitas vezes  saiam juntos para jantar.
André estava ocupado em reconquistar uma antiga namorada e não tinha tempo para perceber que Emilia estava saindo muito com Leo.
Luis Felipe seguidamente ligava para Emilia, queria retomar o namoro, e um fim de tarde Leonardo escutou a conversa deles, pois Emilia tinha deixado o telefone na viva voz.
Leonardo não gostou da idéia da Emilia retomar o namoro com Luis Fernando. Ele inclusive se assustou com seu pensamento. Será que estava gostando dela? Mas ele havia escutado perfeitamente ela responder para Luis Fernando, que não tinha volta, pois o seu coração já tinha dono.
Assim que encerrou a ligação Leonardo foi para perto dela, como sempre fazia ao fim do expediente. Sentou-se. Ela estava arrumando sua mesa. Ele ficou a observando e seu pensamento girava em torno da pessoa dela. Ela era linda, inteligente, divertida, companheira e com todos esses predicados, e outros mais, que ele ainda não havia descoberto,  era óbvio que ele poderia estar gostando dela. Ele estava realmente incomodado com o telefonema que ela tinha recebido do seu ex. Por fim falou:
-- Não pude deixar de ouvir tua conversa com teu ex. Ele está querendo retomar o namoro, e tu vais aceitar?
--Não! Se ouviste a conversa deves ter escutado a minha resposta.
Emilia falou secamente. Mas ele insistiu.
-- Não entendi a tua resposta, passou uma moto bem naquele instante.
-- E por que tanto interesse, até parece meu irmão?
-- Só para te proteger...
-- Me proteger de quem? Do Luis Fernando?  Imagina! Luis Fernando é um cara muito respeitador, com ele sempre me senti segura em qualquer situação.
O ciúme esta provocando Leonardo que continuou:
-- Vocês  namoraram muito tempo?
-- Quase um ano...
-- Então já eram bem íntimos...
-- Não, essa foi à razão de eu terminar. Nunca fui apaixonada por ele, sempre o quis como um bom amigo, mas ele sempre insistiu em namorar comigo, e sempre fui sincera em relação aos meus sentimentos.
-- Quer dizer que hoje repetiste para ele que o queres só como amigo?
-- Não!
-- Não? Deixaste-o sem resposta?
-- Não!
-- Mas então não estou entendendo...
-- Deixa de ser chato...
-- Só me diz, fiquei curioso...
-- Eu disse que meu coração já tem dono. Só isso.
-- Sério, é verdade? Quem?
-- Não vou dizer. Está começando a chover, vamos embora. André já saiu?
-- Há muito tempo... Eu posso  ficar contigo. Não quero ir para o meu apartamento e ficar só.
-- Vamos lá para casa, vou fazer uma sopa, pode ser?
-- Sim, eu te ajudo.
Ela estava gostando muito dele. Ele um homem simpático, inteligente, e muito atraente. Na verdade ele não era bonito, mas tinha alguma coisa nele que mexia muito com ela. Talvez esse fosse o homem de sua vida. Mas... Ele estava todo enrolado e não conseguia sair de casa.
Já fazia seis meses que Leo estava no escritório. E nesse tempo ele sempre foi convidado a passar os domingos com André e Emilia. E se divertiam bastante.
Estava claro para Emilia que Leonardo estava gostando dela, embora ele nunca tivesse falado nada a respeito, mas era evidente em seu interesse por ela, o seu olhar e a maneira de tratá-la, sempre muito atencioso e carinhoso.
Isso animava Emilia, que agora se sentia muito gamada por ele, mas que não podia dar bandeira. Mas ele a olhava de um jeito, às vezes, que ela tinha certeza que ele sabia de sua paixão por ele.
E os papos de fim de tarde estavam tomando um rumo mais pessoal. Eles falavam de si, de suas expectativas, sobretudo, Leo que ainda não tinha entrado com o pedido de divórcio em consideração ao pedido que o sogro lhe fizera, e ele continuava no apartamento.
Leonardo falou muito sobre a filha, sobre a dor de perdê-la, do vazio que ela deixou em sua vida. Do seu relacionamento com esposa, como era antes e como ficou depois da morte da filha.
Emilia o escutava, às vezes até deixava rolar uma lágrima em solidariedade a ele. Ele tinha sofrido muito... E ainda tão jovem... Tinha apenas trinta e dois anos de idade.
Ele algumas vezes deixou escapar um fio de sentimento por ela, mas ele ainda não podia ter planos para o futuro. Inclusive disse a ela:
-- Emilia, tu és uma jovem bonita e inteligente, e eu tenho tomado muito do teu tempo, e eu reconheço que tenho sido muito egoísta. E tu com essa tua candura me escuta, me anima e, sobretudo me faz companhia. Eu tenho que ser leal contigo, eu ainda não posso pensar no futuro. Ainda estou atrelado ao casamento fracassado. E eu sei dos princípios que regem a tua vida , assim como a de André, que jamais vai permitir.
-- Eu sei tudo isso.
-- Por que não vai à busca de alguém melhor do que eu?
-- Porque meu coração está sossegado.
André agora estava namorando a Raquel. Emilia ainda não a conhecia, estava ansiosa, ela era uma ex colega dele, que tinha abandonado o curso de engenharia para estudar Matemática.
Então resolveu fazer um almoço de domingo para ser apresentada a Raquel. Convidou  também Leonardo e Débora.
No sábado à tarde Emilia estava preparando a sobremesa para o almoço de domingo, quando a campainha tocou. Era Leonardo que tinha ido comprar as bebidas. Emilia tinha merengue até na testa e Leo riu dela e com carinho limpou sua testa. Depois ficou a  ajudando, a pia da cozinha estava repleta de louça suja e ele começou a lavar enquanto conversavam alegremente.
Para Emilia foram momentos deliciosos, e imaginou que para Leo também. E pensou que desfrutar da companhia dele era um privilégio.
Quando, enfim, a torta estava pronta, Leonardo convidou a Emilia para irem jantar. Ela que fosse se arrumar, ele passava dentro de uma hora para pegá-la.
Emilia tomou um banho e decidiu colocar um vestido, ela usava sempre jeans, e escolheu um na cor lilás (cores claras combinavam com a tonalidade de sua pele) que era de manga curta e tinha um casaco estampado combinando. Ele prendeu os cabelos, pintou os olhos e colocou um batom rosa claro. Usou uma gargantilha dourada que combinava com os brincos e o anel. Calçou sapatos pretos de salto alto.
Ela olhou-se no espelho e se achou arrumada demais. Estava pensando em trocar de roupa quando Leonardo tocou a campainha. Ela abriu a porta e ele ficou parado apreciando a beleza dela, e por fim disse:
-- Tu estás muito linda... Sou um cara de sorte... Vais sair comigo.
Ele também estava bem alinhado, estava com um jeans  e um blazer azul marinho, com camisa listrada azul e branca. Ele estava lindo, e ela sorrindo respondeu ao elogio:
-- E tu estás um gato...
Leonardo entrou e pergunto onde ela queria ir, e Emilia disse:
-- Eu sou a convidada, o que tu escolheres para mim está bem.
-- Então vamos...
Ele a tomou pela mão e levou para fora do apartamento, pediu a chave e fechou a porta. Colocou a chave no bolso e foram de mãos dadas até o ponto de taxi.
Ela perguntou:
-- E o carro...
-- Se beber não dirija...
Ela olhou para e sorriu anuído com a cabeça.
Ele a levou a um restaurante novo, que tinha um cardápio bem variado e depois das 22h tinha música ao vivo para os casais dançarem.
Escolheram os pratos e pediram um vinho. Conversaram e bebericaram esperando a comida. Jantaram, pediram a sobremesa e outra garrafa de vinho.
Saboreavam a sobremesa quando a música iniciou e Leonardo perguntou:

-- Gostas de dançar?
-- Sim, gosto muito. Mas faz tempo que não danço...
-- Eu também... Faz muito tempo...
E ele levantou-se, a pegou pela mão e a levou para dançar. Era uma musica romântica antiga, e Emilia tentava lembrar o nome quando ele sussurrou a seu ouvido:
-- Cominciamo ad amarci questa sera, cominciamo com um bacio piano, piano...
E ele a puxou para mais perto enquanto cantava a seu ouvido. Ela estava sem saber como reagir. Estava emocionada com seu abraço, com o cheiro dele e com o murmúrio em seu  ouvido. Então se deixou levar pela doce melodia.
Dançaram toda a seqüência que músicas românticas e voltaram à mesa. Agora alguma coisa tinha mudado entre eles. Ele a olhava de maneira diferente e ela devolvia com um olhar mais doce e ardente.
Terminaram o vinho, dançaram mais um pouco. Já era tarde, e ele a levou para casa. Tomaram um taxi e ele pegou a mão de Emilia e ficou segurando enquanto acarinhava com o dedo polegar, e olhava para ela.
Quando o taxi chegou, ele pediu que o esperasse. Levou ela até o apartamento, abriu a porta e depositou um leve beijo em seus lábios. Deu volta e foi embora, prometendo chegar cedo para ajudá-la com o almoço.

Emilia estava feliz e com a certeza de que estava completamente apaixonada por ele, e Leo tinha demonstrado também estar gostando muito dela. Definitivamente não era de amizade o sentimento deles. Ela dormiu com uma esperança de felicidade.
Leonardo depois que a deixou em casa se sentia feliz, tinha sido uma noite reveladora. Agora ele tinha certeza que seu coração estava, outra vez, aberto ao amor. E ele estava gostando dela, que era tão meiga e tão sedutora.
Mas Leo ainda estava casado, usava aliança, e talvez seu comportamento, em relação a ela, poderia ter sido ofensivo, afinal eles eram amigos. Ponderou se precisava se desculpar. Chegou à conclusão de que não precisava, pois ela o aceitou e até o provocou.
Na manhã seguinte, Emilia acordou cedo, colocou uma roupa qualquer e foi para a cozinha, tinha muito que fazer. Depois, mais tarde ela iria se arrumar. Ela estava tomando café, quando Leo chegou.
Ela o recebeu com um sorriso encantador e ele  como recompensa a beijou na face e deu um alegre bom dia. Foram para a cozinha e Emilia serviu uma caneca de café para ele.
Enquanto bebiam falaram sobre o que teriam que cozinhar. Ela perguntou:
-- Sério? Tu cozinhas mesmo?
-- Sim. Minha querida mãe me ensinou, para eu não morrer de fome na cidade grande, sério!
E Leonardo relatou para ela sobre sua família que morava no interior, de como era bom, quando estavam todos juntos. Hoje sua irmã estava casada e morava na Argentina, ele por aqui e os velhos estavam sozinhos. E continuou:
-- Tenho muitas saudades, preciso ir lá visitá-los. Já faz tempo que não vou. Mas minha vida virou de ponta cabeça, e ir lá para deixá-los tristes e preocupados... Mas agora me sinto melhor, sobretudo depois de ontem...
E dizendo isso Leonardo olhou nos olhos de Emilia, que não desviou o olhar, apenas sorriu. Ele pegou sua mão, deu um beijo e disse:
-- Algo ascendeu dentro de mim, e foi por tua causa... Estou gostando de ti, embora eu não possa te oferecer nada, ainda.
-- Eu sei, temos tempo. Deixa rolar, mas que fique entre nós. Certo?
-- Certo. Vamos trabalhar.
A manhã passou rapidamente e quando Emilia se deu conta já era hora do pessoal chegar. Saiu ligeiro para se arrumar, entrou para o banho cantarolando.
Leonardo a escutou e sorriu feliz.
Emilia ainda não estava pronta quando Débora chegou, foi logo se apresentando e indagando se ele era namorado da Emilia. Ele disse que não, apenas amigo. Em seguida chegou André e Raquel.
Emilia entrou na sala e ela estava deslumbrante, até seu irmão notou, e Leonardo se segurou para não dar bandeira. Todos apresentados e Emilia ofereceu o aperitivo.
Débora sentou-se perto de Leonardo e o monopolizou. Emilia estava dando atenção a Raquel, mas não deixava de olhar para ver o comportamento de sua amiga em relação ao Leo, e ficou cheia de ciúmes.
Leonardo percebeu a expressão no rosto de Emilia e fez uma careta querendo mostrar que ele não estava gostando, também.
O almoço foi servido e todos elogiaram os pratos, parabenizando Emilia, que foi obrigada a confessar que Leo tinha parte no sucesso do almoço, pois a ajudara.
Enfim a sobremesa, então Leonardo disse:
-- Essa é toda dela. Espero que esteja muito boa, porque ontem tinha merengue por toda a cozinha.
 Todos riram, mas André olhou para sua irmã com um olhar indagador. Ela apenas encolheu os ombros e sorriu.
Depois do almoço Raquel se propôs a ajudar a lavar a louça, sob protestos de Emilia, mas André também foi para a cozinha ajudar.
Leo e Débora ficaram a sós na sala. E ela claramente começou a se insinuar para ele. Emilia que estava tirando a mesa ficou irritada. Leonardo levantou-se e foi ajudá-la. Ele não queria complicação. Emilia estava arrependida de ter convidado a amiga.
Leo murmurou para Emilia:
-- Vou dar uma desculpa e vou embora. Depois eu volto... Tu me ligas quando essa tua amiga tiver ido embora.
-- Ela vai querer ir contigo.
-- Não! Chama ela lá no quarto que eu aproveito e saio.
-- Ok.
E assim Leonardo conseguiu se livrar da moça.
Emilia ainda serviu o cafezinho, e André disse:
-- Leo saiu sem se despedir... Que estranho, ele é sempre tão educado.
-- É, mas ele me disse qualquer coisa em relação à Vanessa e saiu. Não entendi.
Respondeu Emilia. E Débora queria saber quem era Vanessa. E André disse:
-- A esposa dele.
-- Ele é casado, não sabia... Disse Débora e se levantou para ir embora.
Ela saiu e André foi direto perguntar a irmã porque o Leo estivera ontem no apartamento. E Emilia muito tranqüila respondeu:
-- Veio trazer as bebidas. Ajudou-me a lavar a louça, porque realmente eu sujei muita coisa. E hoje veio  cozinhar comigo, e  aliás ele cozinha muito bem.
André convidou sua namorada para ir ao cinema, e logo saíram. Emilia esperou um pouco e estava ligando para Leo quando ele bateu suavemente a porta.
Ela abriu e disse:
-- Eu estava ligando pra ti...
-- Eu estava de tocaia...
Então foi fazer mais café, para eles tomarem. Sentaram na cozinha e ela disse:
-- André me perguntou sobre tu estar por aqui ontem.
-- É nós precisamos conversar, nos acertar e depois falar com teu irmão. Não podemos traí-lo.
-- Eu sei...
Depois Emilia o convidou para sentar na sala, sentaram no sofá, e ela ligou a TV e estava procurando um filme para eles assistirem. Leo sentou junto dela, passou o braço por cima de seu ombro e a puxou para perto dele. E disse bem baixinho:
-- Vamos aproveitar e namorar, afinal hoje é domingo...
Ela desligou a TV e se aconchegou nele. Ficaram calados, curtindo o momento. Leo inclinou a cabeça e a beijou no rosto, até encontrar seus lábios. Foi um beijo que começou suave, mas depois tomou intensidade. E eles se entregaram aquele beijo. Ficaram abraçados...
Leo estava tomado de desejo, era linda, cheirava a lírios e carinhosa, e despertava nele um ardor que nunca sentira antes. Mas tinha que se conter, ele ainda não podia prometer nada a ela. E ele a queria de verdade, tinha medo de perdê-la.
André passou a semana toda fora do escritório, tinha iniciado uma obra e ele estava orientando o mestre de obras. Emilia e Leonardo apesar de estarem trabalhando juntos no projeto também quase não se viram, pois Emilia estava olhando os materiais novos para indicar no projeto.
Foram dias corridos. O fim de semana seria feriadão e Leonardo ia visitar seus pais. André e Raquel também iam viajar. Emilia ia ficar só. Débora tinha a convidado para irem para a serra, mas ela recusou com uma desculpa qualquer. Não queria mais proximidade com ela. Débora havia mudado e estava desesperada para pegar um homem. Amizade assim não servia.
Emilia aproveitou e arrumou seus armários, limpou bem o apartamento. Ela estava com muitas saudades de Leonardo. Ele havia ligado várias vezes para ela.
Já havia passado um mês e Leonardo ainda não tinha conseguido falar com o amigo sobre ele e sua irmã. Emilia estava agoniada.
Mas surgiu um projeto de reforma de um edifício em outra cidade. André pediu que Leonardo fosse para lá fazer as avaliações,  e depois dar seguimento a obra. Era bastante serviço. Ele ficaria um bom tempo longe.
Emilia ficou entristecida, mas teria que esperar... Estava até desconfiada que André houvesse percebido algo entre eles e deliberadamente o estava afastando dela. Tinha muita vontade de conversar com o irmão, mas Leo tinha pedido para deixar essa incumbência para ele.
Leonardo antes de ir para Antiqua, onde iria trabalhar ingressou com pedido de divórcio. Seu primo, que era seu advogado, tinha dito a ele que  achava que seu divorcio logo seria homologado, uma vez que a esposa estava internada em uma clinica psiquiátrica. E Leo antes de ir foi dar esperanças para Emilia. Talvez quando ele retornasse tudo estivesse resolvido.
Embora eles estivessem com muito trabalho, os dias não passavam para Emilia que estava magra e abatida, pois não comia e nem dormia bem. Até André observou e pediu que ela fosse procurar um médico.
André e Raquel estavam de casamento marcado, e ela estava feliz redecorando a casa dele, onde morariam. André queria que Emilia e Leonardo fossem seus padrinhos de casamento, que seria apenas no civil.
Emilia passou mal no escritório, e Raquel a levou ao médico. Que a examinou e pediu muitos exames. E recomendou que repouso, ela estava com todas as características se estresse.
André ficou muito preocupado, e foi bem rígido com ela, não deixando ir para o escritório por dez dias, enquanto não tinham os resultados dos exames. Mas os exames deram algumas pequenas alterações, que com uma dieta alimentar mais saudável logo resolveria.
O médico recomendou que ainda não se agitasse, ela estava com ansiedade, que levava ao estresse. E André pediu que ela ficasse em casa por mais uns dias.
 Leonardo deveria estar terminando o trabalho, e logo retornaria para o escritório. No outro dia Leo chegou e perguntou por Emilia e soube que ela estava adoentada. Ele saiu rápido para ir vê-la.
Ele ficou assustado com o aspecto dela. Ele queria cuidar dela. Ia falar com André naquele mesmo dia. E foi o que fez.
Leonardo falou abertamente com o amigo, contou que eles estavam apaixonados há muito tempo, mas que ele e Emilia tinham conversado e queriam esperar sair  o divórcio para assumirem a relação. Afinal ele ainda era casado.
André escutou e não disse nada. E Leo continuou, mas agora com essa situação eu quero cuidar dela, quero estar com ela. Então não vou esperar o divorcio sair. Está tudo encaminhado, mas... E André perguntou:
--Vocês vão morar juntos?
-- Ainda não. Vou alugar um apartamento, acho que tem um no prédio dela. Assim ficamos perto. Eu não vou voltar para o apartamento de meu sogro. Só vou pedir licença para pegar algumas coisas minhas. Já comuniquei ao seu Alfredo  que quando voltasse eu iria pegar as minhas coisas e sair do apartamento, que é dele.
-- Hum
Leonardo alugou uma quitinete mobiliada no prédio ao lado de onde Emilia morava. Ele buscou suas coisas e em dois dias já estava instalado.
Agora Leo antes de ir para o trabalho passava pelo apartamento de Emilia para tomarem café juntos. Ele saia e ela voltava para cama para dormir mais um pouco. A hora do almoço ele trazia algo para comer e a noite ele fazia algo leve para eles.
Emilia já não estava mais tão fraca, estava com aspecto melhor, e bem menos ansiosa. Ela sabia que a ausência dele tinha contribuído para o seu estresse. Mas não ia falar nada, pois estava desconfiada de que todos tinham percebido.
Ela se sentia melhor e declarou que voltaria ao trabalho. André e Leo aceitaram a decisão dela, porém com uma condição, Leo continuaria cuidando dela, sobretudo da alimentação.
Mas  agora ela tinha vontade de comer e até de cozinhar e fazer um bolo, uma sobremesa, aquela fadiga tinha terminado.
Os dias passaram e chegou o dia do casamento de André e Raquel. Seria tudo muito simples, casariam às 11h e depois o casal e alguns amigos iriam a um restaurante para um almoço comemorativo. E após sairiam em lua de mel, ficariam uma semana fora.
Emilia estava usando um vestido azul claro simples, mas que a deixava muito elegante. Leo cada vez que a via, ficava mais encantado por ela. Raquel usava um vestido na cor de pérola, estava com os cabelos presos e com brincos e colar de pérolas que combinavam perfeitamente com o vestido. Estava linda!
André estava com um terno na cor grafite, com camisa branca e gravata cinza claro. E Leonardo com um terno azul marinho, camisa branca e gravata azul marinho com listras brancas. Eles estavam muito gato...
Foi uma cerimônia simples e emocionante, porque quem conhecia a história deles sabia que eles tiveram que superar algumas diferenças. Mas o amor venceu.
Antes de sair Raquel jogou o buquê em direção a Emilia e disse, tu és a próxima... Todos riram. Emilia ficou encabulada e Leo curtiu muito com ela.
O casal saiu em viagem e Leonardo e Emilia foram para o apartamento dela. Ela estava cansada precisa se recostar um pouco. Ela chegou e foi logo trocar de roupa, vestiu um abrigo, estava esfriando... Leo esperou que ela estivesse pronta  e foi também trocar sua roupa. Quando ele chegou,  ela estava dormindo no sofá com a TV ligada. Ele a cobriu com uma coberta leve e foi para cozinha fazer um café.
Enquanto bebia seu café ele ficou pensando que sua vida ainda estava muito nebulosa, até quando? Ele ainda não tinha transado com Emilia, mas ele estava no limite. Algo precisava ser feito.
Nem pensava em se aliviar com outra mulher. Seu desejo era por Emilia, era ela que o enlouquecia, de ele ficar muitas noites sem dormir...
Emilia acordou e ela estava linda, embora estivesse toda marcada do bordado da almofada. Ela foi até a cozinha e o abraçou. Disse:
-- Eu também quero um café... Eu tive um sonho maravilhoso...
E ficou com as faces avermelhadas enquanto sorria de um jeito travesso.
-- Me conta...
-- Não posso.
-- Por quê?
-- Eu tenho vergonha...
-- Vergonha? Então me mostra como foi.
-- Bah! Piora a situação...
-- É... Então quem sabe eu tento adivinhar com as mãos...
-- Com as mãos?
-- Sim, tipo quente/frio...
-- Quente ou frio... Será?
-- Sim, eu sou bom nisso...
E ambos riam maliciosamente. E Leo continuou:
-- Depois que tomares o café, eu vou te mostrar... Certo?
-- Certo.
E brincadeira esquentou e ele a levou para a cama. O que ele não sabia era que ela ainda era virgem. E ele perguntou a ela se poderia prosseguir, e ela consentiu.
Ele a tratou com delicadeza, com carinho e muito amor. Ela correspondeu a ele,  que foi mostrando a ela, como fazer. Estavam cansados, mas não satisfeitos e ela o provocou e eles se amaram outra vez com muita paixão.
Depois eles permaneceram abraçados, ela dormiu e Leo ficou a olhar seu sono enquanto pensava no futuro deles.
Quando ela acordou, ele ainda estava a admirando, ela era linda demais, e ele com um sorriso largo, disse a ela:
-- Eu te amo muito... Eu quero estar sempre contigo...
-- Eu também te amo.
-- No outro fim de semana eu vou te levar para conhecer meus pais. Já é mais que hora...
-- E depois tu te mudas para cá. Vamos morar junto. Não vamos mais esperar, foi tão bom... eu quero mais...
-- Assim quem vai ficar enfraquecido serei eu...
E ambos riram e se beijaram. Mas Emilia falou:
-- Mas hoje tu ficas comigo...
-- Fico meu amor, sempre contigo...
Na segunda feira, na parte da tarde, Leo recebeu um telefonema de seu primo avisando que o juiz tinha marcado audiência, para dali a vinte dias.
Emilia não estava no escritório, tinha ido ao médico. Quando ela chegou, ele deu a boa noticia e ela também tinha boas noticias, o médico disse que ela estava muito bem, que ele até se surpreendeu com a melhora rápida dela.
No domingo eles estavam esperando André e Raquel para o almoço, e Emilia aproveitou para dar todas as  noticias. André a escutou e apenas disse:
-- Para mim está tudo bem. Eu quero te ver feliz. Leonardo é um cara legal, vocês serão felizes. E  Leo, se queres ir já na quinta para ver teus velhos, tudo bem, eu me ajeito. Façam um fim de semana prolongado.
-- Ok. Valeu meu amigo e agora também cunhado.
Leo avisou seus pais e na quinta feira saíram cedo da manhã. Emilia não conhecia a região e ficou encantada com a paisagem, com o verde dos campos, com o colorido das flores campestres e com a ondulação do terreno.
Pararam para almoçar em uma pousada muito acolhedora, que tinha um grande lago com um trapiche. Emilia quis ir até lá. E abraçados ficaram admirando a exuberante natureza do lugar.
Quando chegaram dona Luiza e seu Artur os acolheram com muita alegria. E Leo foi logo dizendo:
-- Mãe, pai essa é a Emilia, minha nova mulher, só estamos esperando sair o divorcio para nos casar.
Seu Artur muito sério disse:
-- Está bem, meu filho, eu entendi. Seja bem vinda minha filha.
E dona Luiza logo completou:
-- Es encantadora, minha querida. Tens um olhar cativante e sincero. Leo, acho que dessa vez escolhestes certo. Essa moça combina contigo, dá para notar...
E os velhos estavam contentes por ver o filho feliz. Os dias passaram correndo e na despedida Leo pediu:
-- Eu me preocupo muito com vocês, que estão aqui sozinhos. Eu gostaria que viessem morar perto de nós. Pensem nisso.
Dona Luiza disse:
-- Meu querido! Nós sempre moramos aqui, gostamos daqui e temos muitos amigos, Não estamos sós. E tu não precisas ficar preocupado. Nós estamos bem. Só venham nos ver mais seguido...
Foi a vez de Emilia falar:
-- Eu prometo que viremos. Mas quando for o dia do nosso casamento queria que vocês estivessem presentes. Meus pais já se foram... E a presença de vocês seria muito bom.
-- Nós vamos minha querida... Nós vamos! Respondeu seu Artur.
A volta foi mais rápida. Saíram depois do almoço e no fim da tarde estavam em casa. Cansados mas felizes.
Chegou o dia a audiência. Emilia estava ansiosa. Leo chegou com uma fisionomia indecifrável. Ele sentou-se abatido e disse:
-- Tu acreditas que levaram a Vanessa na audiência. O estado dela é lastimável.
-- Sim... E o que ficou decidido?
-- Bem, eu abri mão de tudo, tudo é da família dela, e eu não vou ser mesquinho a ponto de estar dividindo móveis. E então o juiz homologou o divorcio. Estou divorciado. Não vou precisar pagar pensão. A família dela assumiu a responsabilidade pela saúde e manutenção dela.
-- Que bom!
-- Eles sabem que eu poderia  a ter acusado de negligencia no inquérito policial. Mas de que adiantava! Maria Eduarda já estava morta, e ela se destruindo com a própria culpa.
-- Está bem... Meu amor... Isso passou... Sei que ainda te machuca muito, mas vai melhorar. Vamos tomar um café.
Leonardo ficou abalado por uns dias. Sua dor era muito grande em relação à perda da filha. Emilia o tratou com carinho e paciência.
Quando ele se recobrou começou a planejar o casamento deles. Queria que sua irmã e sobrinha também estivessem presentes. Por isso ele ainda não tinha entregado a quitinete que alugara.
A data foi marcada. Seria em dezembro. Ele queria uma festa. E Raquel e Emília arregaçaram as mangas e começaram a organizar tudo.  Alugaram um espaço num local de eventos e elas escolheram a decoração, o cardápio... Faltava o vestido da noiva.
Emilia queria um vestido curto, parecido com o da Raquel, que foi totalmente contra. As festas seriam diferentes, essa seria a noite e o juiz de paz faria o ato do casamento no salão junto aos convidados. Raquel venceu.
Emilia escolheu um vestido longo de renda branca, com o decote redondo e mangas curtas. No corte princesa que alongava a silueta, e sem véu, mas com um arranjo de flores no cabelo.
No dia do casamento Emilia foi para a casa de André e encontraria com Leo só na hora da festa. Raquel a ajudou a se vestir e ela ficou deslumbrante. André estava orgulhoso de sua irmã.
André e Emilia chegaram ao salão e foi conduzida pelo irmão até a frente do juiz de paz, onde a entregou para Leonardo, que quando a viu ficou tão emocionado que seus olhos encheram-se de lágrimas, mas em sua face havia um sorriso.
A festa foi animada, não eram muitos convidados, apenas a família de Leonardo, o grupo dos amigos com suas esposas e namoradas e a família de Emilia, tios e primos.
Ao fim da noite eles fugiram da festa, passaram a noite num hotel e cedo da manhã foram para a pousada do trapiche para sua lua de mel.
                                                                          Maria Ronety Canibal
                                                                               Julho  de 2017
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sexta-feira, 7 de julho de 2017

TODO TEU

                                                                  TODO TEU


Isabel e Isadora estavam sentadas a sala de sua casa conversando sobre a festa de casamento de sua prima, Luciene,  que aconteceria no próximo fim de semana. Isabel gostava de ir a festas, e estava muito entusiasmada.
Isabel era muito bonita, era alta, esguia, elegante e suas feições eram perfeitas e sua pele parecia porcelana. Aonde ela chegava era admirada por sua beleza e simpatia. Nas festas sempre era muito solicitada para dançar. Sempre chegava a casa exausta de tanto dançar.
Por ser tão bela, era muito popular entre os rapazes, que a disputavam para ver quem seria o preferido dela, ou seja, quem ela aceitaria namorar.
Isabel se divertia com tudo isso. Na verdade nunca havia aparecido um homem que realmente a impressionasse, que mexesse com ela. Ela tinha apenas dezenove anos, e não se preocupava em casar cedo. Tinha tempo...
Isadora ao contrario da irmã era quieta, praticamente invisível. Embora não tivesse a beleza de Isabel, ela tinha seus predicados. Era quatro anos mais velha e nunca tivera namorado. Isadora não gostava de ir a festas, pois nunca ninguém a convidava para dançar, e ela ficava pelos cantos, tentando não expor seu desapontamento.
Mas as duas irmãs se davam bem, não havia ciúmes entre elas. E Isadora reconhecia a formosura de sua irmã, pois sabia que ela era uma moça comum e sem atrativos.
Por isso estava sempre empenhada em ajudar sua irmã a ser a mais bela da festa e não se recusava a acompanhá-la.
Mateus era um rapaz muito atraente, tinha um sorriso cativante, era alto, ombros largos, forte e considerado um “bom partido”. Já atuava no escritório de advocacia de sua família. Com apenas vinte e cinco anos, não queria compromisso, e fugia das moças “casadouras”.
Mas desta vez Mateus não tinha como escapar da festa. Era o casamento de seu primo Frederico. Toda a família estaria reunida e seria uma grande festa.
Isabel se vestira com um vestido vermelho, bem vistoso, era longo, corte reto e com um amplo decote nas costas. Ela estava com um penteado bem elaborado. Ela estava bem sofisticada.
Isadora usava um vestido azul escuro, longo, corte reto. Seus cabelos estavam soltos. Ela estava bem discreta.
Sua mãe, Alzira, havia pedido que Isadora fosse arrumar o cabelo, fazer um penteado diferente, procurar realçar seus encantos, mas foi inútil. Isadora não era vaidosa. Mas seu pai, Vicente, a defendia. Dizia que ela gostava de ser natural, e que havia muito charme em ser assim.
Quando eles chegaram ao templo sentaram-se mais a frente para poderem assistir a cerimônia mais de perto. Isabel e Alzira se colocaram junto ao corredor e Isabel ficou ao lado do pai, no outro extremo do banco.
Isadora estava sentada quando um rapaz pediu licença para sentar ao seu lado. Ela consentiu, olhou para ele e viu que era um homem muito bonito. Ele apresentou-se a ela:
-- Sou Mateus, primo do noivo.
Isadora sorriu e respondeu:
-- Sou Isadora prima da noiva.
-- Que interessante... Teremos algum parentesco?
Disse Mateus brincando. Isadora riu. A música começou a tocar e todos ficaram de pé para ver o cortejo entrar. Mateus fez alguns comentários engraçados  a respeito do nervosismo do noivo. E ambos riram.
Ao final da cerimônia Mateus disse a Isadora.
-- Sei que são muitos convidados, tanto que essa igreja enorme está lotada, mas vou te procurar na festa para continuarmos nossa conversa. Até mais.
-- Está bem, continuaremos nossa conversa.
Respondeu Isadora.
Vicente que viu o interesse do rapaz pela filha, não disse nada, fez de conta que não tinha percebido o assunto entre eles.
Ao chegar à festa Isadora viu que os lugares eram marcados. As mesas eram organizadas para casados, solteiros, crianças, jovens... E Isadora viu que não ficaria perto de sua irmã. Sentou-se em seu lugar e ficou curiosa para ver quem seriam seus compartes.
De repente Mateus sentou-se ao seu lado. Ela disse:
-- Mas não estás nesta mesa.
-- Estou sim. Deixa meu nome aqui que vou trocar com o Juliano.
E foi o que fez. E logo se acomodou a seu lado. E seguiu falando. Estavam tão distraídos que nem perceberam os outros chegarem à mesa. O jantar transcorreu e conforme manda a educação, eles conversaram com as outras pessoas que estavam naquela mesa.
Os noivos iniciaram as danças e logo a pista foi tomada por muitos pares. Isadora viu que Isabel já estava dançando. Apenas Mateus e Isadora não foram dançar.  Mas quando tocaram num ritmo mais lento, Mateus a tomou pela mão e a levou para dançar. Isadora estava nas nuvens.
Ao fim da noite Mateus disse para Isadora, que tinha gostado muito de estar com ela. Que a achava diferente das outras, era serena e recatada,  além de bonita e inteligente. E que queria manter essa amizade. Isadora aceitou e marcaram de se encontrarem na Cafeteria do Parque no outro dia às 16h.
Isadora saiu em silêncio, enquanto Isabel tagarelava todo o  caminho contando sobre os rapazes com quem tinha dançado. Alzira perguntou a Isadora se ela tinha gostado da festa, ela respondeu apenas com um sim.
Quando chegaram a casa, Isabel e Alzira logo subiram para os quartos, as duas sempre com muito assunto. Vicente chamou Isadora para a cozinha, ele faria um chá. Isadora sentou-se no balcão enquanto o pai preparava a bebida. Estava com semblante sonhador. Seu pai perguntou:
-- E que tal o Mateus?
-- Como sabe o nome dele?
-- Ora, eu escutei, quando ele te falou na igreja.
-- Ah... Ele é muito legal. Gostei da companhia dele.
-- Que bom! Marcaram algum encontro?
-- Sim, amanhã à tarde no café.
-- Bem, então tu vais sozinha. Não fala nada para Alzira e nem para Isabel. Eu conheço aquelas duas. Só elas querem brilhar. E hoje a noite foi tua.
-- Esta bem.
-- Eu te dou cobertura.
Na verdade Alzira era madrasta de Isadora. Pois sua mãe tinha morrido no parto e ela tinha dois anos quando Alzira casou com seu pai. Mas elas sempre viveram em harmonia.
Vicente continuou falando:
-- Tu és como tua mãe. Tens uma beleza serena e cativante. Quem tem bons olhos vai perceber a tua formosura, assim como vi em tua mãe. Ela era linda demais, por dentro e por fora. Ainda sinto falta dela.
Isadora estava comovida com a lembrança do pai. E ele continuou:
-- A cada dia que passa tu estás mais parecida com ela, no jeito de ser, falar, andar... Eu a vejo toda vez que olho para ti. Eu amava muito a tua mãe. Fomos muito felizes. Tenho saudades...
-- Pai, eu queria a ter conhecido...
-- Sim, eu sei. Hoje eu tenho a Alzira, que é uma boa pessoa, mas muito diferente, ela é como Isabel, gosta de brilhar. E isso cansa...
-- Pai eu pensei que fossem felizes.
-- Somos a moda dela. Já é tarde minha querida, vai dormir. Eu também já vou.
E subiram a escada abraçados, cada um com sua lembrança. Vicente deu um beijo de boa noite na filha e foi para seu quarto.
Isadora não conseguiu dormir logo. A conversa com seu pai a tinha perturbado. Em sua mente cruzavam as palavras de seu pai e as de Mateus.
No outro dia Isadora foi acordada por Isabel, que invadiu seu quarto querendo conversar sobre a festa. Queria saber quem era aquele gato que estava com ela. Mas Isadora lembrando as palavras do pai, respondeu apenas:
-- Não sei. Ele estava sentado ao meu lado na mesa.
-- Engraçado, porque a Luciene tinha me dito que colocaria o primo do Frederico ao meu lado, disse que ele é um “partidão”, que não era para eu deixar escapar.
-- Sim, e daí...
-- Quem estava ao meu lado era o Juliano. Lembra dele? Aquele guri chato que foi teu colega de aula.
-- Hum
-- Como é o nome do bonitão que dançou contigo?
-- Eu nem lembro. Marcos? Carlos? Ah.. Não lembro. Isabel me deixa dormir, hoje é domingo...
Isadora sentiu um aperto no coração ao mentir para a irmã. Mas desta vez não iria ser tola, deixar que Isabela levasse a melhor. Ela tinha gostado de Mateus e não iria vacilar.
No inicio da tarde Isabel convidou a irmã para ir com ela para casa de Fabiele, aonde toda turma iria se encontrar. Mas Isadora disse que ia voltar para cama, estava cansada. Só bem mais tarde que Isadora se arrumou e saiu pé por pé para Alzira não ver.
Quando ela entrou na cafeteria Mateus já estava esperando por ela. Ele abriu um sorriso imenso quando ela se aproximou dele. Mateus a ajudou a sentar e pegou sua mão e disse:
-- Vou te confessar uma coisa.
-- O que é?
-- Tu me tiraste o sono. Não consegui dormir... E depois sonhei contigo...
Ela riu e disse;
-- Que bom. Era esse o objetivo.
Ele deu uma sonora gargalhada. Ele pediu café e um sortido de doces. E ficaram conversando, como se fossem velhos amigos. Já era noite quando saíram. E ele perguntou:
-- O que vamos fazer? Cinema ou uma pizza?
-- O que recomendas?
Ele riu e disse:
-- Garota esperta. Eu prefero a pizza, assim posso conversar e ficar te olhando o tempo todo. Pois não me canso que apreciar tua beleza.
-- Ora eu não sou bonita. Minha irmã é bonita.
-- Ela estava na festa?
-- Sim, em outra mesa.
-- Esta enganada. A mais bonita da festa estava comigo. Não vi ninguém que supere a tua formosura. Aceita meu elogio porque é sincero e verdadeiro. Tu és muito linda.
-- Obrigada, vou aceitar. Meu pai também fala isso.
-- Teu pai deve ser muito inteligente. Vamos à pizza!
Saíram de mãos dadas. Foram até a garagem pegar o carro. No fim da noite, já era tarde quando ele a deixou em casa. Despediram-se com um breve beijo na face.
Quando Isadora  entrou Alzira e Isabela estavam esperando por ela. Queriam saber com quem e onde ela estava. Ela passou direto e disse apenas boa noite. Foi para seu quarto e passou a tranca na porta. Não queria ser incomodada.
A semana transcorreu com vários telefonemas de Mateus, e com Isadora fugindo da irmã e sua mãe. Era sexta feira e ela saiu cedo para o trabalho. Ela trabalhava com seu pai, que tinha uma concessionária Mercedes. Não tinha nem tomado café. Assim quando chegou à empresa telefonou para o tele entregas e pediu um café completo. Não tinha ninguém na empresa, apenas o pessoal da segurança e da limpeza.
 Esperou e depois tomou seu café com calma pensando na situação. Iria conversar com seu pai. Queria morar sozinha. Só agora estava se dando conta de como Isabel e Alzira sempre interferiram em sua vida. Como ela nunca pode ser ela mesma, viver do seu jeito. E Mateus, assim como seu pai, tinha percebido como ela se anulava perante as duas.
Isadora queria bem a madrasta e a sua irmã, mas agora queria viver a sua vida, do sei jeito com tudo que tinha direito. E não era por causa de Mateus, mas sim, porque ela despertara para a vida.
Marina, sua secretaria, entrou em seu escritório com um lindo buquê de flores do campo. E muito alegre ela disse:
-- Bom dia! Chegaram para ti e tem cartão.
-- Obrigada. Quando meu pai chegar diga a ele que eu preciso falar com ele. Se ele puder que venha aqui em minha sala.
-- Certo. Vou buscar um vaso.
Isadora cheirou as flores e sentiu uma alegria imensa. Abriu o cartão que dizia: “ Lembrei de ti. Mateus” Ela sorriu e guardou em sua agenda. Pegou o telefone e ligou para Mateus agradecendo as flores. Mateus aproveitou a convidou para jantar. Iria passar no fim da tarde para pegá-la.
Isadora sentou-se e ficou pensando em muitas coisas. Uma batida de leve na porta e seu pai entrou. Sentou, admirou a flores e disse:
-- Qual o problema?
-- Estive pensando...
E Isadora explanou para seu pai o seu pensamento e vontade que sentiu de ser independente, morar sozinha, buscar a sua vida, do seu jeito. E isso não tinha nada a ver com Mateus, ele apenas despertou nela a vontade de ser senhora de si. Ela era adulta, formada e trabalhava, podia se sustentar.
Vicente escutou o que a sua filha pedia. Ele ponderou e viu que ela tinha razão. Ele mesmo já tinha percebido o quão era difícil conviver com Isabel e Alzira. Então apenas disse a filha.
-- Se é isso o que queres, vamos  providenciar. Queres sair hoje?
-- Mas, para onde?
-- Ora, vai para um apart-hotel até ver um apartamento para ti. Lembras que tens toda a herança de tua mãe a tua disposição. Nunca mexi naquele dinheiro. É todo teu.
-- Vamos sair e resolver isso. Depois passamos em casa e tu pegas algumas coisas tuas. Alzira vai estar todo dia fora e Isabel depois da aula vai para a casa da Lica.
-- Então vamos. E como elas irão reagir?
-- Não sei. Depois saberemos. Vamos minha querida. Eu quero te ver feliz.
Isadora resolveu ficar em um apart que se localizava próximo ao trabalho. Era bem confortável e foi em casa buscar suas roupas. As demais coisas como livros e coisas que foram de sua mãe, iriam depois quando tivesse seu apartamento.
Vicente ficou contente com a decisão da filha. Ela seria totalmente independente, tinha recursos próprios da herança da mãe, inclusive era a principal acionista da empresa.
No fim da tarde Isadora já estava instalada no apart. Ligou para Mateus contou por telefone de sua decisão e deu a Mateus seu novo endereço.E disse que hoje ela seria a anfitriã.
Ele chegou com uma garrafa de vinho e muito alegre foi logo dizendo:
-- Vamos brindar a tua liberdade. Onde estão os copos e o saca-rolha?
-- Não sei, vamos procurar.
E rindo os dois saíram a caça dos utensílios. Isadora disse:
-- Eu encomendei um jantar completo para nós.
-- Então vamos beber enquanto esperamos.
Mateus sentou no sofá e pediu que ela sentasse a seu lado. Deixou o copo em cima da mesinha e abraçou Isadora e disse a ela:
-- Fiquei orgulhoso de ti. Desafiastes o esquema de tua irmã. Eu nem a conheço, mas dá para perceber que ela quer ser sempre o centro das atenções. Talvez tenha uma beleza rara, mas mesmo assim, não permite que tu ocupes o teu espaço.
-- Engraçado, meu pai disse a mesma coisa em outras palavras. Como vocês são parecidos!
--  Eu quero conhecer teu pai, ele deve ser uma pessoa fabulosa.
-- Vou providenciar...
A comida chegou e encerrou o assunto. Saborearam o Filé ao molho madeira, e após comeram de sobremesa um mousse de frutas vermelhas com sorvete de creme ao molho de chocolate. Depois ficaram conversando sobre viagens. Era tarde quando Mateus saiu.
Isadora estava feliz. Tudo estava em perfeita harmonia. Havia apresentado seu pai a Mateus e os dois simpatizaram um com o outro. E Mateus sugeriu que um dia da semana almoçassem juntos. E assim Vicente cada vez mais aprovava a escolha da filha.
Já fazia seis meses que Mateus e Isadora saiam juntos. Ele a tratava com carinho e respeito; trocavam beijos, mas ele nunca avançou nas caricias. E Isadora estava  querendo mais... Mas Mateus nunca falou em amor, era evidente de gostava de sua companhia, mas nunca havia dito nada a respeito.
Ela não tinha experiência alguma, pois nunca tivera namorado. Ao contrario de sua irmã que desde muito cedo transava e contava sobre seus relacionamentos abertamente.
As festas de fim de ano estavam se aproximando. E Mateus a convidou para irem viajar. Ele disse que sua família estava destroçada, e seu irmão era casado, ele nestas ocasiões se sentia um “peixe fora d’água”. Isadora aceitou.   Desculpou-se com a família, mas iria fazer algo diferente esse ano.
Isadora comprou lindos presentes para seu pai, Alzira e Isabela. Ela propôs que se reunissem uns dias antes. Alzira preparou um jantar especial e dessa vez elas iriam conhecer Mateus.
Foi uma situação constrangedora, porque Isabel se vestiu de modo muito chamativo, querendo roubar a atenção de Mateus o tempo inteiro. Alzira em seu modo de agir incentivava a filha a ser ousada e Vicente estava muito envergonhado com o comportamento delas. Isadora estava furiosa e Mateus se divertindo.
Ao final da noite Vicente se desculpou com Mateus pelo comportamento infantil de Isabel. Quando enfim eles saíram, Isadora ainda estava muito irritada com sua irmã. Mas Mateus não deu importância para o fato. Apenas disse:
-- Como pudestes viver tanto tempo neste ambiente?
-- Mas não era assim. Hoje eu não sei o que aconteceu, Isabel parecia uma idiota. Nunca foi assim. Nós sempre fomos amigas, e Alzira foi a mãe que eu não tive. Ela me criou desde os dois anos. Eu sempre confiei nela e nos dávamos bem. Até que de repente tudo mudou. Foi depois que te conheci, e quando sai de casa então, tudo piorou. Pobre de meu pai. Ainda bem que trabalhamos juntos, assim podemos conversar tranquilamente, sempre almoçamos juntos. Tu sabes.
-- Sim, eu sei, às vezes me intrometo nesta relação.
-- Não, tu és bem vindo. Meu gosta muito de ti.
-- Bem, já fizemos a nossa obrigação. Agora vamos pensar em nos divertir. Aonde vamos? Quer dançar?
-- Bem, não sou boa dançarina, mas é uma boa idéia.
-- Então deixa comigo.
Ele a levou ao um piano bar com pista de danças. O local estava cheio, mas conseguiram uma mesa para eles. Pediram um espumante e brindaram. Depois Mateus a tomou pela mão e a levou para pista de dança, agora já mais vazia. O pianista estava tocando musicas lentas e românticas. Mateus abraçou Isadora e começaram a seguir o ritmo calmo da melodia. Ela a apertava em seus braços e murmurava a seu ouvido, coisas que nunca tinha dito a ninguém.
-- Tu és a melhor coisa que apareceu em minha vida. Eu te adoro... Eu te quero... Quero que sejas só minha...
Isadora de olhos fechado saboreava aquele momento, ela que nunca antes tinha vivido nada igual, ela estava fascinada. Estava calada e colada e ele. Ela a beijava com carinho no rosto, na orelha no pescoço. Dançaram até a música parar e iniciar outro ritmo mais agitado.
Então foram embora.  Permaneceram o trajeto todo quietos. Isadora não queria estragar aquele clima entre eles, e Mateus  por certo também não. Quando chegaram no apart ele a levou até o elevador e despediu-se dela. No outro dia viajariam.
Isadora ficou muito decepcionada. E perguntava-se por que ele não avançou, por que não subiu com ele?
Mateus não conseguiu dormir. Ele estava apaixonado por Isadora, disso ele tinha certeza, mas seu problema era que ele não queria casar, não queria compromisso. Ele sabia que ela nunca teve namorado, portanto era virgem. E sabia também que ela o queria. Mas não queria proceder como um cafajeste com ela. Eles precisavam conversar antes de qualquer coisa. Na viagem falariam.
Era bem cedo quando Mateus chegou para pegar Isadora. Ela ainda estava de camisola fechando a mala. Ele entrou e a viu de camisola e resolveu que conversariam naquele instante.
Ele pediu que ela sentasse, eles precisavam conversar, e era urgente. Isadora assustou-se com ele, com a urgência do assunto. Não tinha idéia do que poderia ser.
Então bruscamente ele disse:
-- Eu estou louco por ti, tenho vontade de te pegar, de te fazer minha, mas eu suporto a idéia de casamento, de compromisso e tenho duvidas se tu vais me aceitar dessa forma.
-- Eu te aceito. Tu me ensinaste a ser feliz, a ser livre, a tomar decisões não pela cabeça dos outros, mas a partir de meus sentimentos. E eu também te quero, e estou louca por ti.
Ele suspirou aliviado e disse:
-- Nossa viagem vai ser ótima, vamos fazer amor muitas vezes, com muito amor.
Isadora riu e foi se vestir.
A viagem foi só alegria. Cantaram, contaram piadas e o percurso passou rápido. Ao chegaram ao hotel havia dois quartos reservados. Mas Mateus disse que queriam a suíte nupcial. Ele a abraçava e beijava sua cabeça e ela se encolhia com timidez. Mateus também pediu que levassem o jantar na suíte.
Mal entraram no quarto e Mateus a abraçou e beijou com paixão. Ela queria tomar um banho, mas ele a impedia com seus carinhos. Ele propôs tomarem banho juntos, mas ela ficou com vergonha, e disse:
-- Não, eu tenho vergonha.
-- Mas meu amor, eu vou te tirar a roupa depois. Vamos tirar nossa roupa juntos. Eu tiro uma peça tua e tu uma minha, até estarmos nus, e então vamos para o chuveiro, não sem antes beijarmos a parte do corpo de desnudamos. Sim?
-- Sim...
Isadora estava cheia de paixão por ele e foi irresistível a proposta dele, e pela lógica, iam só inverter a ordem...
Ele a tratou com cuidado e carinho, admirando e revelando a beleza de cada centímetro do corpo dela, ao mesmo tempo em que foi mostrando o seu corpo. Amaram-se com ardor. Estavam cansados e suados e voltaram para o chuveiro.
O jantar chegou, comeram com apetite, e riam de si mesmo. Estavam felizes.
Era noite de Natal, e havia uma linda festa no hotel para os hospedes. Todos trocariam presentes, e cada um deveria tirar um cartão (com um presentinho) para entregar a pessoa sorteada. Após essa confraternização foi oferecido um jantar a todos. Foi uma noite alegre e divertida, com interação entre todos.
Quando voltaram para sua suíte, Mateus convidou Isadora para tomarem um espumante. Brindaram e ao Menino Deus e logo Mateus disse:
-- Esse é o meu presente para ti. Feliz Natal!
-- Obrigada! Feliz Natal!
Isadora abriu o pacote e se deparou com uma linda gargantilha de ouro com um pingente de pérola.
-- Oh, é muito linda. Adorei. Quero usar...
Mateus tirou a jóia do estojo e colocou no pescoço dela. E     beijou seu ombro.
-- É muito linda! Obrigada Mateus. Mas eu também tenho um presente para ti. Espera que eu já pego... E Isadora entregou a ele.
-- Que linda! Tu não te esqueceste! Nós vimos essa caneta juntos. Eu te amo por esses pequenos detalhes. Tu estás sempre atenta.
E abraçados foram para cama...
Os dias de férias foram maravilhosos, eles viveram momentos felizes. Voltaram exultantes de tanta felicidade.
Os dias passaram tranqüilos, na rotina diária do trabalho. Mas apesar de estarem sempre juntos, não estavam morando juntos.
Isadora tinha comprado um apartamento para ela, e era bem próximo do prédio em que Mateus morava. Mas continuavam cada um em seu apartamento.
Mateus dizia que morar junto é estar casado. E ele tinha muito receio dessa convivência. Ele tinha um lema: “ Se queres ser feliz, não junte as escovas de dentes.”
Isadora não se incomodava com essa situação. O difícil era ouvir os comentários alheios, sobretudo de Isabel e Alzira. Que estavam sempre dizendo que se ele gostasse de verdade, moraria com ela.
Vicente não gostava da situação, mas também não falava nada. Os tempos eram outros, hoje os jovens não precisavam casar, a sociedade aceitava essa situação.

Isabel foi para Itália, em Roma ficaria uma temporada fazendo um curso de italiano. Lá ela conheceu George que era bem mais velho que ela, mas era  um homem bonito, elegante e rico. Ele tinha negócios no Brasil.
Quando ela retornou já estava de casamento marcado. Ela conhecera a família dele que a aceitara com alegria. Isabel estava radiante, iria casar!
Em fim de setembro seria o casamento. Alzira estava super agitada, tinha tanta coisa para organizar e ainda faltava completar o enxoval de Isabel.
Vicente assistia a tudo. Mas nada era do seu agrado. Embora George fosse um homem educado e gentil, que demonstrava estar apaixonado por Isabel, Vicente não sabia nada sobre ele e a respeito de seus negócios. Estava com receio... Não confiava no futuro genro.
Era completamente diferente de Mateus, que apesar de não querer casar, era sincero e tinha um comportamento correto e  um nome bem conceituado no meio jurídico. Ele estava em ascensão profissional.

Mateus havia recebido uma proposta irrecusável.
O escritório o estava mandando para São Paulo para assumir a causa muito importante. Se ele conseguisse ganhar ou mesmo fazer um bom acordo,  teria repercussão nacional e seu nome , assim como o escritório, seriam bem conceituados a nível internacional.
Mateus não queria decidir sem conversar com Isadora.

Isadora escutou e ponderou  tudo o que Mateus falou. E o incentivou a aceitar a oferta. Mesmo ele dizendo que seria um período longo, que nem sempre poderia vir, porque era preciso muita leitura e reflexão e talvez até viagens ao exterior.
Mateus a abraçou e disse:
-- É por isso que eu te amo tanto. Tu és maravilhosa. Mas eu quero que saibas que eu vou sentir muito a tua falta, e peço que confies em mim. Em situações assim há muita fofoca e intriga. Eu sou teu, sou todo teu, guarda isso no teu coração. Sempre vai ser tu, sempre... Vou sentir muitas saudades.
-- Eu também vou sentir a tua falta. Estou tão acostumada contigo... Eu te amo, eu confio em ti. Nada vai interferir em nosso amor.
Depois de alguns dias Mateus viajou. Ele não quis que Isadora o levasse ao aeroporto, despediram-se em casa, entre muitos beijos e lágrimas.
O tempo corria... Os noticiários sempre citavam o caso que Mateus estava atuando, não só ele, mas também alguns colegas que o auxiliavam. Até que um dia...
Alzira ligou para Isadora e disse:
-- Viste como Mateus está famoso? Todos os dias no noticiário, e hoje a notícia foi bem quente. Mateus está de caso com uma mulher muito bonita e muito rica... E tu acreditando nele. Os fins de semana nem aparece... Claro ele tem aonde ir... Deixa de ser boba, menina!
A cada dia a fofoca aumentava. A pressão também. Isadora continuava a acreditar nele, apesar de todo o enunciado apontar para o contrário.
Setembro chegou!
O casamento de Isabel seria a festa da temporada. Eram muitos convidados, e muitos vindos a Europa. Isabel estava deslumbrada, ela seria a noiva do ano! Seu sonho se tornando realidade.
Isabel tinha procurado sua irmã para recomendar que  desconsiderasse Mateus. Ele não valia nada. Que na festa do casamento ela fosse bem arrumada e fisgasse um marido europeu.  Os homens de lá casavam. Que deixasse de ser boba.
Até Vicente aconselhou a filha e rever seu compromisso, se é que havia compromisso, com Mateus. Ele estava decepcionado, tinha Mateus em alta conta. Mas tinha se enganado...
Isadora ficava ainda mais triste com tudo o que diziam a ela. A única que dava força era sua secretária Marina, que sempre achou Mateus muito verdadeiro.
Isadora se comunicava com Mateus regularmente, sempre sabia da programação dele. E dentro do cronograma no fim de setembro ele deveria ir para Bélgica. Portanto sem chance de ele estar no casamento de Isabel.
Isadora seria madrinha junto com um amigo de George que ela ainda não conhecia. Os convidados de longe chegariam uns dias antes. Alzira tinha previsto uma programação intensa para os convidados, inclusive com jantar depois do ensaio na igreja.
Isadora estimulada por Alzira comprou um vestido muito bonito e com um decote muito ousado nas costas. Tanto que para igreja ela havia adicionado ao traje uma estola de musselina na mesma cor do vestido, que era na cor de lavanda. Muito bonito e tinha um caimento perfeito em seu corpo, e combinava sua tez e com seus olhos e cabelos escuros.
Para o jantar de ensaio Alzira também sugeriu o vestido, numa tonalidade de amarelo claro, que também realçava nela. Alzira queria que ela chamasse atenção dos amigos de George.
Era o dia do ensaio e Isadora ainda tentou falar com Mateus, mas não conseguiu. Conversou com Roger, o seu assistente, que confirmou que ele estava em viagem. Mas mesmo assim mandou para Mateus toda a programação do casamento.
Embora estivesse com muita saudade de Mateus, hoje era um dia alegre, sua irmã estava às vésperas do casamento. Isadora tomou ânimo e se aprontou com esmero.
O ensaio estava marcado par às 20h. Já passavam das 19h. Isadora resolveu ir de taxi, era mais fácil. Desceu a portaria do prédio e o taxi já estava esperando por ela. Quando chegou a igreja ela se deu conta que havia deixado seu telefone em casa. Paciência...
Entrou e Isabel ainda não tinha chegado, estavam algumas pessoas que ela não conhecia. Então se sentou no fundo a igreja para esperar. Estava concentrada, de olhos fechados,  fazendo uma oração quando sentiu que alguém a tocava. Recuou assustada. Mas uma voz que bem baixinho falou:
-- Estás com medo mim, amor?
Ela olhou e viu Mateus que já abraçava e beijava suas faces.
-- Tu vieste... Eu   te amo... Tentei falar contigo, não consegui, falei com Roger que disse que estavas em viagem.
-- E eu estava... Vindo para cá.
Estavam tão distraídos abraçados conversando que não perceberam a chegado dos demais.
Vicente foi o primeiro a dar as boas vindas a Mateus, ele realmente ficou muito feliz em ver a filha junto do namorado. Alzira e Isabel o cumprimentaram rapidamente e foram dar atenção aos demais convidados.
O italiano que fez par com Isadora como padrinho dos noivos, era de fato muito bonito, alto, moreno, olhos escuros, pela clara e ombros largos, era um pedaço de mau caminho.
Mateus ao ver Isadora de braço com aquele homem ficou com ciúmes. Precisou se dominar, para não ir lá protestar. E ela estava tão linda, aquela cor do vestido a fazia brilhar.
O jantar era com lugares marcados. Não havia lugar a mesa para Mateus e Alzira disse com todas as letras que não estava contando com ele, pois ele estava sumido, sem dar noticias.
Isadora ficou furiosa, não disse nada, mas retirou-se com Mateus. Vicente ainda correu atrás deles, dizendo que era só ajeitar, que tinha lugar para todos. Mas Isadora disse ao pai:
-- Meu querido pai, não tem importância, vai comemorar com Isabel. Nós até queremos ficar a sós, matar a saudade, conversar... Até amanhã.
-- Certo minha filha. Vai curtir teu namorado...
Mateus e Isadora foram para o apartamento dela. Ele já havia deixado a valise na portaria.  Mal entraram no apartamento e o desejo de se amarem os fez ir direto para cama. Fizeram amor com paixão, como se fosse a primeira vez. Desnudaram seus corpos com ímpeto e se entregaram ao amor.
Mais tarde pediram uma pizza e conversaram muito. Tinham tanta coisa para falar.
Mateus expôs que ainda tinha muito serviço pela frente, que não tinha previsão de quanto tempo ainda ficaria longe. Mas se ela pudesse ir até ele algumas vezes seria muito bom. Para ele sair era mais difícil, pois ele coordenava os trabalhos e tinha que estar sempre atento.
Isadora concordou em ir até ele. Ele estava em um apart e ela ficaria com ele. Mateus ainda comentou:
-- Eu percebi que a Alzira está contra mim, ela tem te incomodado muito?
-- Um pouco. Mas quando apareceu aquela fofoca que tu estavas de caso com um milionária, foi um inferno, todo mundo  falou, apenas meu pai e a Marina me deram força. Está sendo muito difícil para mim.  
-- Para mim também. Mas tudo isso vai nos fortalecer.
-- Espero.
-- Não gostei de te ver com aquele cara, ele parece ser muito galanteador.
Isadora riu e respondeu:
-- E eu acho que é. Ele usa um tom de voz melosa... E ele é bem charmoso.
-- Bem, vamos combinar. Sábado  eu vou estar de plantão bem perto de ti, terminou a cerimônia eu te pego.
-- Está bem... Vamos dormir, amanhã temos muito que fazer...
-- Vamos voltar para cama sim, mas dormir não sei não...
No outro dia acordaram tarde. Fizeram uma preguiça e dentro da programação de Alzira tinha um almoço para os padrinhos. Isadora ligou para dizer que não iria. Mas Alzira insistiu dizendo que já estava tudo ajeitado, Mateus iria participar junto com os padrinhos. Isadora olhou para Mateus para ver se ele concordava em ir e ele fez que sim. Depois justificou:
-- Amor são os festejos do casamento de tua irmã, precisas estar presente... E agora até eu estou sendo contado...
Ambos riram.
Isadora vestiu um traje azul claro, calça e blazer, com uma blusa branca com pequenas flores em tons de azul. Estava com os cabelos soltos. Ela estava linda, muito jovial.
Mateus quando olhou para ela comentou:
-- Estás linda! Se eu já não fosse apaixonado por ti, eu ficaria. Meu amor eu não me canso de te querer.
O almoço decorreu num clima de alegria. Isabel e George estavam muito alegres. Alzira foi uma perfeita anfitriã e Vicente estava contente em ver sua família reunida.
Ao fim do almoço, os convidados se retiraram e Vicente pediu que Isadora e Mateus ficassem um pouco mais. Queria conversar com eles. Ele estava preocupado. Isabel iria morar em Roma, e Alzira estava muito aflita com isso. Ele estava pensando em passar suas ações da concessionária para Isadora. Ele não confiava no italiano. E queria preservar as ações de Isabel na empresa. Ele queria parar de trabalhar e deixar tudo por conta de Isadora que conhecia bem a empresa. Ele estava formulando ainda o pensamento, e queria saber a opinião de Isadora e Mateus.
Vicente já tinha convencido a Alzira de irem morar na fazenda. Ele gostava do campo e queria curtir o tempo que ainda restava para ele. A grande preocupação dele sempre foi Isabel que era cabeça de vento, mas agora casada, ela era independente dele.
Isadora disse que aceitava, mas que não precisava ser tudo feito de imediato. Explicou para o pai, que Mateus ainda precisava concluir seu trabalho e eles haviam combinado que ela iria visitá-lo, pois para ele vir era mais complicado.
Então acertaram para mais adiante, tinham tempo para providenciar tudo o que fosse necessário para transferência das ações. Claro que Isadora se comprometia a entregar futuramente uma parte para a irmã.
Isabel ia casar em regime de comunhão total de bens, tudo proposto por George que era “muito mais rico que ela”. Por isso Vicente tinha receio.
Chegou a grande dia de Isabel.
A igreja estava repleta de convidados. E Isabel de braço com o pai, entrou pelo corredor principal com um sorriso que mostrava a toda a sua felicidade. George também mostrava felicidade em sua expressão.
A festa foi magnífica. Alzira que cuidara de todos os detalhes estava orgulhosa com o resultado.
Isabel e George viajaram para  Punta Del Leste, em lua de mel.

Mateus e Isadora passaram o domingo em casa. Estavam cansados de tanta festa. E ele viajaria na segunda feira bem cedo da manhã. Eles estavam bem, se entendiam se completavam e se queriam muito.
Mas no fim do dia Isadora ficou triste, se abateu sobre ela uma nostalgia, que contagiou Mateus. Eles ficaram um longo tempo abraçado e com as lagrimas escorrendo em suas faces, antevendo a saudade que iria se descer sobre eles.
Antes de ir para o aeroporto Mateus e Isadora combinaram que no máximo vinte dias ela iria visitá-lo.  Não suportavam mais ficar tanto tempo sem estarem juntos.
O tempo passou...
Isadora adoeceu. Estava com uma crise de vesícula, teria que operar, mas antes, porém, teria que tratar a inflamação. E sendo assim ela não pode cumprir o prometido.
Ela estava só. Seu pai e Alzira estavam na fazenda.
Isadora telefonou para Mateus contando do imprevisto. Ela não poderia ir. Mateus ficou muito preocupado com ela e ainda mais que estava só. Então pediu para sua cunhada, Laura,  que fosse até lá para ficar com Isadora.
A família de Mateus era pequena. Ele e seu irmão Daniel eram muito unidos. Os pais eram divorciados. A mãe morava em Lisboa, Portugal. E seu pai tinha outra mulher e estava aposentado e morava num sitio.
Mateus havia apresentado Isadora logo que a conheceu, estava tão maravilhado com ela, que quis a opinião do irmão e da cunhada que era a sua família.

Laura ligou para Mateus para dizer que Isadora não estava bem, tinha muita dor e enjôo e o médico iria interná-la  na clinica para observá-la melhor e entrar com um tratamento mais forte.
Vicente também tinha sido avisado e estava vindo ficar com a filha. Quando ele chegou ficou assustado com a palidez de Isadora. Mateus conversou com sua equipe e resolveu vir para Monte Alegre.
Assim como Vicente, Mateus ficou alarmado com o estado de Isadora. Tanto que ele procurou a capela  da clinica para orar. Fazia muito tempo que ele estava afastado de Deus. Mas neste momento só Deus poderia auxiliar e curar sua amada. E ali naquele instante, prometeu ao Senhor que assim Isadora melhorasse, eles casariam. Por que ela era a coisa mais importante de sua vida, e o amor era divino. Essa tal liberdade que ele tanto prezava, não compensava o amor, não substituía a alegria de estar juntos. Ficou ainda ali meditando, conversando com Deus.
Quando saiu estava mais calmo, mais animado. Foi para junto de Isadora, sentou a sua cabeceira e ficou segurando a mão dela. Ela estava sedada e dormia profundamente. Mas ele não arredava dali.
Apesar de ela estar melhor, ainda teria que fazer a cirurgia. Mateus permaneceu o tempo todo perto dela. A operação correu tudo bem, e Isadora logo se recuperou.
Mateus não tinha retornado, tinha passado para seu colega a coordenação dos trabalhos. Ficaria perto de Isadora.
Quando Mateus levou Isadora para casa, ele a acomodou no sofá e ajoelhou-se perto dela, pegou sua mão e a beijou, depois olhou para ela e disse:
-- Tudo isso serviu para eu ver o quanto eu te amo, o quanto preciso de ti. E eu percebi que só o amor liberta, e, tu me completa, me deixa pleno de felicidade. Por isso quero viver o resto de minha vida contigo. E te peço casa comigo.
-- Eu entendi direito? Tu queres casar?
-- Sim eu quero. E tu queres?
-- Sim, sim, sim, eu quero muito...
Mateus tirou um lindo anel do bolso e colocou no dedo anular dela. E selaram o compromisso com um apaixonado beijo.
Isadora ainda estava de resguardo por causa da operação. Mas ele ligou para Vicente e disse que eles iam casar. E ele queria uma festa maravilhosa para o casamento de Isadora, e queria que Alzira organizasse.
Alzira ficou lisonjeada e se propôs a fazer uma festa ainda mais bonita do que a de Isabel. E não teria muito tempo, pois Mateus queria casar o mais breve possível.
Era inicio de abril quando Mateus estava esperando por Isadora ao pé do altar, diante dos convidados que enchiam o templo. E Isadora entrou deslumbrante, pelo braço de seu pai, que com orgulho conduzia sua filha ao altar.
Os noivos curtiram a festa, e depois fugiram para lua de mel. Escolheram um lugar sossegado na serra para poderem curtir ao máximo o seu amor.
                                                                Maria Ronety Canibal

                                                                     Julho de 2017.