sexta-feira, 7 de julho de 2017

TODO TEU

                                                                  TODO TEU


Isabel e Isadora estavam sentadas a sala de sua casa conversando sobre a festa de casamento de sua prima, Luciene,  que aconteceria no próximo fim de semana. Isabel gostava de ir a festas, e estava muito entusiasmada.
Isabel era muito bonita, era alta, esguia, elegante e suas feições eram perfeitas e sua pele parecia porcelana. Aonde ela chegava era admirada por sua beleza e simpatia. Nas festas sempre era muito solicitada para dançar. Sempre chegava a casa exausta de tanto dançar.
Por ser tão bela, era muito popular entre os rapazes, que a disputavam para ver quem seria o preferido dela, ou seja, quem ela aceitaria namorar.
Isabel se divertia com tudo isso. Na verdade nunca havia aparecido um homem que realmente a impressionasse, que mexesse com ela. Ela tinha apenas dezenove anos, e não se preocupava em casar cedo. Tinha tempo...
Isadora ao contrario da irmã era quieta, praticamente invisível. Embora não tivesse a beleza de Isabel, ela tinha seus predicados. Era quatro anos mais velha e nunca tivera namorado. Isadora não gostava de ir a festas, pois nunca ninguém a convidava para dançar, e ela ficava pelos cantos, tentando não expor seu desapontamento.
Mas as duas irmãs se davam bem, não havia ciúmes entre elas. E Isadora reconhecia a formosura de sua irmã, pois sabia que ela era uma moça comum e sem atrativos.
Por isso estava sempre empenhada em ajudar sua irmã a ser a mais bela da festa e não se recusava a acompanhá-la.
Mateus era um rapaz muito atraente, tinha um sorriso cativante, era alto, ombros largos, forte e considerado um “bom partido”. Já atuava no escritório de advocacia de sua família. Com apenas vinte e cinco anos, não queria compromisso, e fugia das moças “casadouras”.
Mas desta vez Mateus não tinha como escapar da festa. Era o casamento de seu primo Frederico. Toda a família estaria reunida e seria uma grande festa.
Isabel se vestira com um vestido vermelho, bem vistoso, era longo, corte reto e com um amplo decote nas costas. Ela estava com um penteado bem elaborado. Ela estava bem sofisticada.
Isadora usava um vestido azul escuro, longo, corte reto. Seus cabelos estavam soltos. Ela estava bem discreta.
Sua mãe, Alzira, havia pedido que Isadora fosse arrumar o cabelo, fazer um penteado diferente, procurar realçar seus encantos, mas foi inútil. Isadora não era vaidosa. Mas seu pai, Vicente, a defendia. Dizia que ela gostava de ser natural, e que havia muito charme em ser assim.
Quando eles chegaram ao templo sentaram-se mais a frente para poderem assistir a cerimônia mais de perto. Isabel e Alzira se colocaram junto ao corredor e Isabel ficou ao lado do pai, no outro extremo do banco.
Isadora estava sentada quando um rapaz pediu licença para sentar ao seu lado. Ela consentiu, olhou para ele e viu que era um homem muito bonito. Ele apresentou-se a ela:
-- Sou Mateus, primo do noivo.
Isadora sorriu e respondeu:
-- Sou Isadora prima da noiva.
-- Que interessante... Teremos algum parentesco?
Disse Mateus brincando. Isadora riu. A música começou a tocar e todos ficaram de pé para ver o cortejo entrar. Mateus fez alguns comentários engraçados  a respeito do nervosismo do noivo. E ambos riram.
Ao final da cerimônia Mateus disse a Isadora.
-- Sei que são muitos convidados, tanto que essa igreja enorme está lotada, mas vou te procurar na festa para continuarmos nossa conversa. Até mais.
-- Está bem, continuaremos nossa conversa.
Respondeu Isadora.
Vicente que viu o interesse do rapaz pela filha, não disse nada, fez de conta que não tinha percebido o assunto entre eles.
Ao chegar à festa Isadora viu que os lugares eram marcados. As mesas eram organizadas para casados, solteiros, crianças, jovens... E Isadora viu que não ficaria perto de sua irmã. Sentou-se em seu lugar e ficou curiosa para ver quem seriam seus compartes.
De repente Mateus sentou-se ao seu lado. Ela disse:
-- Mas não estás nesta mesa.
-- Estou sim. Deixa meu nome aqui que vou trocar com o Juliano.
E foi o que fez. E logo se acomodou a seu lado. E seguiu falando. Estavam tão distraídos que nem perceberam os outros chegarem à mesa. O jantar transcorreu e conforme manda a educação, eles conversaram com as outras pessoas que estavam naquela mesa.
Os noivos iniciaram as danças e logo a pista foi tomada por muitos pares. Isadora viu que Isabel já estava dançando. Apenas Mateus e Isadora não foram dançar.  Mas quando tocaram num ritmo mais lento, Mateus a tomou pela mão e a levou para dançar. Isadora estava nas nuvens.
Ao fim da noite Mateus disse para Isadora, que tinha gostado muito de estar com ela. Que a achava diferente das outras, era serena e recatada,  além de bonita e inteligente. E que queria manter essa amizade. Isadora aceitou e marcaram de se encontrarem na Cafeteria do Parque no outro dia às 16h.
Isadora saiu em silêncio, enquanto Isabel tagarelava todo o  caminho contando sobre os rapazes com quem tinha dançado. Alzira perguntou a Isadora se ela tinha gostado da festa, ela respondeu apenas com um sim.
Quando chegaram a casa, Isabel e Alzira logo subiram para os quartos, as duas sempre com muito assunto. Vicente chamou Isadora para a cozinha, ele faria um chá. Isadora sentou-se no balcão enquanto o pai preparava a bebida. Estava com semblante sonhador. Seu pai perguntou:
-- E que tal o Mateus?
-- Como sabe o nome dele?
-- Ora, eu escutei, quando ele te falou na igreja.
-- Ah... Ele é muito legal. Gostei da companhia dele.
-- Que bom! Marcaram algum encontro?
-- Sim, amanhã à tarde no café.
-- Bem, então tu vais sozinha. Não fala nada para Alzira e nem para Isabel. Eu conheço aquelas duas. Só elas querem brilhar. E hoje a noite foi tua.
-- Esta bem.
-- Eu te dou cobertura.
Na verdade Alzira era madrasta de Isadora. Pois sua mãe tinha morrido no parto e ela tinha dois anos quando Alzira casou com seu pai. Mas elas sempre viveram em harmonia.
Vicente continuou falando:
-- Tu és como tua mãe. Tens uma beleza serena e cativante. Quem tem bons olhos vai perceber a tua formosura, assim como vi em tua mãe. Ela era linda demais, por dentro e por fora. Ainda sinto falta dela.
Isadora estava comovida com a lembrança do pai. E ele continuou:
-- A cada dia que passa tu estás mais parecida com ela, no jeito de ser, falar, andar... Eu a vejo toda vez que olho para ti. Eu amava muito a tua mãe. Fomos muito felizes. Tenho saudades...
-- Pai, eu queria a ter conhecido...
-- Sim, eu sei. Hoje eu tenho a Alzira, que é uma boa pessoa, mas muito diferente, ela é como Isabel, gosta de brilhar. E isso cansa...
-- Pai eu pensei que fossem felizes.
-- Somos a moda dela. Já é tarde minha querida, vai dormir. Eu também já vou.
E subiram a escada abraçados, cada um com sua lembrança. Vicente deu um beijo de boa noite na filha e foi para seu quarto.
Isadora não conseguiu dormir logo. A conversa com seu pai a tinha perturbado. Em sua mente cruzavam as palavras de seu pai e as de Mateus.
No outro dia Isadora foi acordada por Isabel, que invadiu seu quarto querendo conversar sobre a festa. Queria saber quem era aquele gato que estava com ela. Mas Isadora lembrando as palavras do pai, respondeu apenas:
-- Não sei. Ele estava sentado ao meu lado na mesa.
-- Engraçado, porque a Luciene tinha me dito que colocaria o primo do Frederico ao meu lado, disse que ele é um “partidão”, que não era para eu deixar escapar.
-- Sim, e daí...
-- Quem estava ao meu lado era o Juliano. Lembra dele? Aquele guri chato que foi teu colega de aula.
-- Hum
-- Como é o nome do bonitão que dançou contigo?
-- Eu nem lembro. Marcos? Carlos? Ah.. Não lembro. Isabel me deixa dormir, hoje é domingo...
Isadora sentiu um aperto no coração ao mentir para a irmã. Mas desta vez não iria ser tola, deixar que Isabela levasse a melhor. Ela tinha gostado de Mateus e não iria vacilar.
No inicio da tarde Isabel convidou a irmã para ir com ela para casa de Fabiele, aonde toda turma iria se encontrar. Mas Isadora disse que ia voltar para cama, estava cansada. Só bem mais tarde que Isadora se arrumou e saiu pé por pé para Alzira não ver.
Quando ela entrou na cafeteria Mateus já estava esperando por ela. Ele abriu um sorriso imenso quando ela se aproximou dele. Mateus a ajudou a sentar e pegou sua mão e disse:
-- Vou te confessar uma coisa.
-- O que é?
-- Tu me tiraste o sono. Não consegui dormir... E depois sonhei contigo...
Ela riu e disse;
-- Que bom. Era esse o objetivo.
Ele deu uma sonora gargalhada. Ele pediu café e um sortido de doces. E ficaram conversando, como se fossem velhos amigos. Já era noite quando saíram. E ele perguntou:
-- O que vamos fazer? Cinema ou uma pizza?
-- O que recomendas?
Ele riu e disse:
-- Garota esperta. Eu prefero a pizza, assim posso conversar e ficar te olhando o tempo todo. Pois não me canso que apreciar tua beleza.
-- Ora eu não sou bonita. Minha irmã é bonita.
-- Ela estava na festa?
-- Sim, em outra mesa.
-- Esta enganada. A mais bonita da festa estava comigo. Não vi ninguém que supere a tua formosura. Aceita meu elogio porque é sincero e verdadeiro. Tu és muito linda.
-- Obrigada, vou aceitar. Meu pai também fala isso.
-- Teu pai deve ser muito inteligente. Vamos à pizza!
Saíram de mãos dadas. Foram até a garagem pegar o carro. No fim da noite, já era tarde quando ele a deixou em casa. Despediram-se com um breve beijo na face.
Quando Isadora  entrou Alzira e Isabela estavam esperando por ela. Queriam saber com quem e onde ela estava. Ela passou direto e disse apenas boa noite. Foi para seu quarto e passou a tranca na porta. Não queria ser incomodada.
A semana transcorreu com vários telefonemas de Mateus, e com Isadora fugindo da irmã e sua mãe. Era sexta feira e ela saiu cedo para o trabalho. Ela trabalhava com seu pai, que tinha uma concessionária Mercedes. Não tinha nem tomado café. Assim quando chegou à empresa telefonou para o tele entregas e pediu um café completo. Não tinha ninguém na empresa, apenas o pessoal da segurança e da limpeza.
 Esperou e depois tomou seu café com calma pensando na situação. Iria conversar com seu pai. Queria morar sozinha. Só agora estava se dando conta de como Isabel e Alzira sempre interferiram em sua vida. Como ela nunca pode ser ela mesma, viver do seu jeito. E Mateus, assim como seu pai, tinha percebido como ela se anulava perante as duas.
Isadora queria bem a madrasta e a sua irmã, mas agora queria viver a sua vida, do sei jeito com tudo que tinha direito. E não era por causa de Mateus, mas sim, porque ela despertara para a vida.
Marina, sua secretaria, entrou em seu escritório com um lindo buquê de flores do campo. E muito alegre ela disse:
-- Bom dia! Chegaram para ti e tem cartão.
-- Obrigada. Quando meu pai chegar diga a ele que eu preciso falar com ele. Se ele puder que venha aqui em minha sala.
-- Certo. Vou buscar um vaso.
Isadora cheirou as flores e sentiu uma alegria imensa. Abriu o cartão que dizia: “ Lembrei de ti. Mateus” Ela sorriu e guardou em sua agenda. Pegou o telefone e ligou para Mateus agradecendo as flores. Mateus aproveitou a convidou para jantar. Iria passar no fim da tarde para pegá-la.
Isadora sentou-se e ficou pensando em muitas coisas. Uma batida de leve na porta e seu pai entrou. Sentou, admirou a flores e disse:
-- Qual o problema?
-- Estive pensando...
E Isadora explanou para seu pai o seu pensamento e vontade que sentiu de ser independente, morar sozinha, buscar a sua vida, do seu jeito. E isso não tinha nada a ver com Mateus, ele apenas despertou nela a vontade de ser senhora de si. Ela era adulta, formada e trabalhava, podia se sustentar.
Vicente escutou o que a sua filha pedia. Ele ponderou e viu que ela tinha razão. Ele mesmo já tinha percebido o quão era difícil conviver com Isabel e Alzira. Então apenas disse a filha.
-- Se é isso o que queres, vamos  providenciar. Queres sair hoje?
-- Mas, para onde?
-- Ora, vai para um apart-hotel até ver um apartamento para ti. Lembras que tens toda a herança de tua mãe a tua disposição. Nunca mexi naquele dinheiro. É todo teu.
-- Vamos sair e resolver isso. Depois passamos em casa e tu pegas algumas coisas tuas. Alzira vai estar todo dia fora e Isabel depois da aula vai para a casa da Lica.
-- Então vamos. E como elas irão reagir?
-- Não sei. Depois saberemos. Vamos minha querida. Eu quero te ver feliz.
Isadora resolveu ficar em um apart que se localizava próximo ao trabalho. Era bem confortável e foi em casa buscar suas roupas. As demais coisas como livros e coisas que foram de sua mãe, iriam depois quando tivesse seu apartamento.
Vicente ficou contente com a decisão da filha. Ela seria totalmente independente, tinha recursos próprios da herança da mãe, inclusive era a principal acionista da empresa.
No fim da tarde Isadora já estava instalada no apart. Ligou para Mateus contou por telefone de sua decisão e deu a Mateus seu novo endereço.E disse que hoje ela seria a anfitriã.
Ele chegou com uma garrafa de vinho e muito alegre foi logo dizendo:
-- Vamos brindar a tua liberdade. Onde estão os copos e o saca-rolha?
-- Não sei, vamos procurar.
E rindo os dois saíram a caça dos utensílios. Isadora disse:
-- Eu encomendei um jantar completo para nós.
-- Então vamos beber enquanto esperamos.
Mateus sentou no sofá e pediu que ela sentasse a seu lado. Deixou o copo em cima da mesinha e abraçou Isadora e disse a ela:
-- Fiquei orgulhoso de ti. Desafiastes o esquema de tua irmã. Eu nem a conheço, mas dá para perceber que ela quer ser sempre o centro das atenções. Talvez tenha uma beleza rara, mas mesmo assim, não permite que tu ocupes o teu espaço.
-- Engraçado, meu pai disse a mesma coisa em outras palavras. Como vocês são parecidos!
--  Eu quero conhecer teu pai, ele deve ser uma pessoa fabulosa.
-- Vou providenciar...
A comida chegou e encerrou o assunto. Saborearam o Filé ao molho madeira, e após comeram de sobremesa um mousse de frutas vermelhas com sorvete de creme ao molho de chocolate. Depois ficaram conversando sobre viagens. Era tarde quando Mateus saiu.
Isadora estava feliz. Tudo estava em perfeita harmonia. Havia apresentado seu pai a Mateus e os dois simpatizaram um com o outro. E Mateus sugeriu que um dia da semana almoçassem juntos. E assim Vicente cada vez mais aprovava a escolha da filha.
Já fazia seis meses que Mateus e Isadora saiam juntos. Ele a tratava com carinho e respeito; trocavam beijos, mas ele nunca avançou nas caricias. E Isadora estava  querendo mais... Mas Mateus nunca falou em amor, era evidente de gostava de sua companhia, mas nunca havia dito nada a respeito.
Ela não tinha experiência alguma, pois nunca tivera namorado. Ao contrario de sua irmã que desde muito cedo transava e contava sobre seus relacionamentos abertamente.
As festas de fim de ano estavam se aproximando. E Mateus a convidou para irem viajar. Ele disse que sua família estava destroçada, e seu irmão era casado, ele nestas ocasiões se sentia um “peixe fora d’água”. Isadora aceitou.   Desculpou-se com a família, mas iria fazer algo diferente esse ano.
Isadora comprou lindos presentes para seu pai, Alzira e Isabela. Ela propôs que se reunissem uns dias antes. Alzira preparou um jantar especial e dessa vez elas iriam conhecer Mateus.
Foi uma situação constrangedora, porque Isabel se vestiu de modo muito chamativo, querendo roubar a atenção de Mateus o tempo inteiro. Alzira em seu modo de agir incentivava a filha a ser ousada e Vicente estava muito envergonhado com o comportamento delas. Isadora estava furiosa e Mateus se divertindo.
Ao final da noite Vicente se desculpou com Mateus pelo comportamento infantil de Isabel. Quando enfim eles saíram, Isadora ainda estava muito irritada com sua irmã. Mas Mateus não deu importância para o fato. Apenas disse:
-- Como pudestes viver tanto tempo neste ambiente?
-- Mas não era assim. Hoje eu não sei o que aconteceu, Isabel parecia uma idiota. Nunca foi assim. Nós sempre fomos amigas, e Alzira foi a mãe que eu não tive. Ela me criou desde os dois anos. Eu sempre confiei nela e nos dávamos bem. Até que de repente tudo mudou. Foi depois que te conheci, e quando sai de casa então, tudo piorou. Pobre de meu pai. Ainda bem que trabalhamos juntos, assim podemos conversar tranquilamente, sempre almoçamos juntos. Tu sabes.
-- Sim, eu sei, às vezes me intrometo nesta relação.
-- Não, tu és bem vindo. Meu gosta muito de ti.
-- Bem, já fizemos a nossa obrigação. Agora vamos pensar em nos divertir. Aonde vamos? Quer dançar?
-- Bem, não sou boa dançarina, mas é uma boa idéia.
-- Então deixa comigo.
Ele a levou ao um piano bar com pista de danças. O local estava cheio, mas conseguiram uma mesa para eles. Pediram um espumante e brindaram. Depois Mateus a tomou pela mão e a levou para pista de dança, agora já mais vazia. O pianista estava tocando musicas lentas e românticas. Mateus abraçou Isadora e começaram a seguir o ritmo calmo da melodia. Ela a apertava em seus braços e murmurava a seu ouvido, coisas que nunca tinha dito a ninguém.
-- Tu és a melhor coisa que apareceu em minha vida. Eu te adoro... Eu te quero... Quero que sejas só minha...
Isadora de olhos fechado saboreava aquele momento, ela que nunca antes tinha vivido nada igual, ela estava fascinada. Estava calada e colada e ele. Ela a beijava com carinho no rosto, na orelha no pescoço. Dançaram até a música parar e iniciar outro ritmo mais agitado.
Então foram embora.  Permaneceram o trajeto todo quietos. Isadora não queria estragar aquele clima entre eles, e Mateus  por certo também não. Quando chegaram no apart ele a levou até o elevador e despediu-se dela. No outro dia viajariam.
Isadora ficou muito decepcionada. E perguntava-se por que ele não avançou, por que não subiu com ele?
Mateus não conseguiu dormir. Ele estava apaixonado por Isadora, disso ele tinha certeza, mas seu problema era que ele não queria casar, não queria compromisso. Ele sabia que ela nunca teve namorado, portanto era virgem. E sabia também que ela o queria. Mas não queria proceder como um cafajeste com ela. Eles precisavam conversar antes de qualquer coisa. Na viagem falariam.
Era bem cedo quando Mateus chegou para pegar Isadora. Ela ainda estava de camisola fechando a mala. Ele entrou e a viu de camisola e resolveu que conversariam naquele instante.
Ele pediu que ela sentasse, eles precisavam conversar, e era urgente. Isadora assustou-se com ele, com a urgência do assunto. Não tinha idéia do que poderia ser.
Então bruscamente ele disse:
-- Eu estou louco por ti, tenho vontade de te pegar, de te fazer minha, mas eu suporto a idéia de casamento, de compromisso e tenho duvidas se tu vais me aceitar dessa forma.
-- Eu te aceito. Tu me ensinaste a ser feliz, a ser livre, a tomar decisões não pela cabeça dos outros, mas a partir de meus sentimentos. E eu também te quero, e estou louca por ti.
Ele suspirou aliviado e disse:
-- Nossa viagem vai ser ótima, vamos fazer amor muitas vezes, com muito amor.
Isadora riu e foi se vestir.
A viagem foi só alegria. Cantaram, contaram piadas e o percurso passou rápido. Ao chegaram ao hotel havia dois quartos reservados. Mas Mateus disse que queriam a suíte nupcial. Ele a abraçava e beijava sua cabeça e ela se encolhia com timidez. Mateus também pediu que levassem o jantar na suíte.
Mal entraram no quarto e Mateus a abraçou e beijou com paixão. Ela queria tomar um banho, mas ele a impedia com seus carinhos. Ele propôs tomarem banho juntos, mas ela ficou com vergonha, e disse:
-- Não, eu tenho vergonha.
-- Mas meu amor, eu vou te tirar a roupa depois. Vamos tirar nossa roupa juntos. Eu tiro uma peça tua e tu uma minha, até estarmos nus, e então vamos para o chuveiro, não sem antes beijarmos a parte do corpo de desnudamos. Sim?
-- Sim...
Isadora estava cheia de paixão por ele e foi irresistível a proposta dele, e pela lógica, iam só inverter a ordem...
Ele a tratou com cuidado e carinho, admirando e revelando a beleza de cada centímetro do corpo dela, ao mesmo tempo em que foi mostrando o seu corpo. Amaram-se com ardor. Estavam cansados e suados e voltaram para o chuveiro.
O jantar chegou, comeram com apetite, e riam de si mesmo. Estavam felizes.
Era noite de Natal, e havia uma linda festa no hotel para os hospedes. Todos trocariam presentes, e cada um deveria tirar um cartão (com um presentinho) para entregar a pessoa sorteada. Após essa confraternização foi oferecido um jantar a todos. Foi uma noite alegre e divertida, com interação entre todos.
Quando voltaram para sua suíte, Mateus convidou Isadora para tomarem um espumante. Brindaram e ao Menino Deus e logo Mateus disse:
-- Esse é o meu presente para ti. Feliz Natal!
-- Obrigada! Feliz Natal!
Isadora abriu o pacote e se deparou com uma linda gargantilha de ouro com um pingente de pérola.
-- Oh, é muito linda. Adorei. Quero usar...
Mateus tirou a jóia do estojo e colocou no pescoço dela. E     beijou seu ombro.
-- É muito linda! Obrigada Mateus. Mas eu também tenho um presente para ti. Espera que eu já pego... E Isadora entregou a ele.
-- Que linda! Tu não te esqueceste! Nós vimos essa caneta juntos. Eu te amo por esses pequenos detalhes. Tu estás sempre atenta.
E abraçados foram para cama...
Os dias de férias foram maravilhosos, eles viveram momentos felizes. Voltaram exultantes de tanta felicidade.
Os dias passaram tranqüilos, na rotina diária do trabalho. Mas apesar de estarem sempre juntos, não estavam morando juntos.
Isadora tinha comprado um apartamento para ela, e era bem próximo do prédio em que Mateus morava. Mas continuavam cada um em seu apartamento.
Mateus dizia que morar junto é estar casado. E ele tinha muito receio dessa convivência. Ele tinha um lema: “ Se queres ser feliz, não junte as escovas de dentes.”
Isadora não se incomodava com essa situação. O difícil era ouvir os comentários alheios, sobretudo de Isabel e Alzira. Que estavam sempre dizendo que se ele gostasse de verdade, moraria com ela.
Vicente não gostava da situação, mas também não falava nada. Os tempos eram outros, hoje os jovens não precisavam casar, a sociedade aceitava essa situação.

Isabel foi para Itália, em Roma ficaria uma temporada fazendo um curso de italiano. Lá ela conheceu George que era bem mais velho que ela, mas era  um homem bonito, elegante e rico. Ele tinha negócios no Brasil.
Quando ela retornou já estava de casamento marcado. Ela conhecera a família dele que a aceitara com alegria. Isabel estava radiante, iria casar!
Em fim de setembro seria o casamento. Alzira estava super agitada, tinha tanta coisa para organizar e ainda faltava completar o enxoval de Isabel.
Vicente assistia a tudo. Mas nada era do seu agrado. Embora George fosse um homem educado e gentil, que demonstrava estar apaixonado por Isabel, Vicente não sabia nada sobre ele e a respeito de seus negócios. Estava com receio... Não confiava no futuro genro.
Era completamente diferente de Mateus, que apesar de não querer casar, era sincero e tinha um comportamento correto e  um nome bem conceituado no meio jurídico. Ele estava em ascensão profissional.

Mateus havia recebido uma proposta irrecusável.
O escritório o estava mandando para São Paulo para assumir a causa muito importante. Se ele conseguisse ganhar ou mesmo fazer um bom acordo,  teria repercussão nacional e seu nome , assim como o escritório, seriam bem conceituados a nível internacional.
Mateus não queria decidir sem conversar com Isadora.

Isadora escutou e ponderou  tudo o que Mateus falou. E o incentivou a aceitar a oferta. Mesmo ele dizendo que seria um período longo, que nem sempre poderia vir, porque era preciso muita leitura e reflexão e talvez até viagens ao exterior.
Mateus a abraçou e disse:
-- É por isso que eu te amo tanto. Tu és maravilhosa. Mas eu quero que saibas que eu vou sentir muito a tua falta, e peço que confies em mim. Em situações assim há muita fofoca e intriga. Eu sou teu, sou todo teu, guarda isso no teu coração. Sempre vai ser tu, sempre... Vou sentir muitas saudades.
-- Eu também vou sentir a tua falta. Estou tão acostumada contigo... Eu te amo, eu confio em ti. Nada vai interferir em nosso amor.
Depois de alguns dias Mateus viajou. Ele não quis que Isadora o levasse ao aeroporto, despediram-se em casa, entre muitos beijos e lágrimas.
O tempo corria... Os noticiários sempre citavam o caso que Mateus estava atuando, não só ele, mas também alguns colegas que o auxiliavam. Até que um dia...
Alzira ligou para Isadora e disse:
-- Viste como Mateus está famoso? Todos os dias no noticiário, e hoje a notícia foi bem quente. Mateus está de caso com uma mulher muito bonita e muito rica... E tu acreditando nele. Os fins de semana nem aparece... Claro ele tem aonde ir... Deixa de ser boba, menina!
A cada dia a fofoca aumentava. A pressão também. Isadora continuava a acreditar nele, apesar de todo o enunciado apontar para o contrário.
Setembro chegou!
O casamento de Isabel seria a festa da temporada. Eram muitos convidados, e muitos vindos a Europa. Isabel estava deslumbrada, ela seria a noiva do ano! Seu sonho se tornando realidade.
Isabel tinha procurado sua irmã para recomendar que  desconsiderasse Mateus. Ele não valia nada. Que na festa do casamento ela fosse bem arrumada e fisgasse um marido europeu.  Os homens de lá casavam. Que deixasse de ser boba.
Até Vicente aconselhou a filha e rever seu compromisso, se é que havia compromisso, com Mateus. Ele estava decepcionado, tinha Mateus em alta conta. Mas tinha se enganado...
Isadora ficava ainda mais triste com tudo o que diziam a ela. A única que dava força era sua secretária Marina, que sempre achou Mateus muito verdadeiro.
Isadora se comunicava com Mateus regularmente, sempre sabia da programação dele. E dentro do cronograma no fim de setembro ele deveria ir para Bélgica. Portanto sem chance de ele estar no casamento de Isabel.
Isadora seria madrinha junto com um amigo de George que ela ainda não conhecia. Os convidados de longe chegariam uns dias antes. Alzira tinha previsto uma programação intensa para os convidados, inclusive com jantar depois do ensaio na igreja.
Isadora estimulada por Alzira comprou um vestido muito bonito e com um decote muito ousado nas costas. Tanto que para igreja ela havia adicionado ao traje uma estola de musselina na mesma cor do vestido, que era na cor de lavanda. Muito bonito e tinha um caimento perfeito em seu corpo, e combinava sua tez e com seus olhos e cabelos escuros.
Para o jantar de ensaio Alzira também sugeriu o vestido, numa tonalidade de amarelo claro, que também realçava nela. Alzira queria que ela chamasse atenção dos amigos de George.
Era o dia do ensaio e Isadora ainda tentou falar com Mateus, mas não conseguiu. Conversou com Roger, o seu assistente, que confirmou que ele estava em viagem. Mas mesmo assim mandou para Mateus toda a programação do casamento.
Embora estivesse com muita saudade de Mateus, hoje era um dia alegre, sua irmã estava às vésperas do casamento. Isadora tomou ânimo e se aprontou com esmero.
O ensaio estava marcado par às 20h. Já passavam das 19h. Isadora resolveu ir de taxi, era mais fácil. Desceu a portaria do prédio e o taxi já estava esperando por ela. Quando chegou a igreja ela se deu conta que havia deixado seu telefone em casa. Paciência...
Entrou e Isabel ainda não tinha chegado, estavam algumas pessoas que ela não conhecia. Então se sentou no fundo a igreja para esperar. Estava concentrada, de olhos fechados,  fazendo uma oração quando sentiu que alguém a tocava. Recuou assustada. Mas uma voz que bem baixinho falou:
-- Estás com medo mim, amor?
Ela olhou e viu Mateus que já abraçava e beijava suas faces.
-- Tu vieste... Eu   te amo... Tentei falar contigo, não consegui, falei com Roger que disse que estavas em viagem.
-- E eu estava... Vindo para cá.
Estavam tão distraídos abraçados conversando que não perceberam a chegado dos demais.
Vicente foi o primeiro a dar as boas vindas a Mateus, ele realmente ficou muito feliz em ver a filha junto do namorado. Alzira e Isabel o cumprimentaram rapidamente e foram dar atenção aos demais convidados.
O italiano que fez par com Isadora como padrinho dos noivos, era de fato muito bonito, alto, moreno, olhos escuros, pela clara e ombros largos, era um pedaço de mau caminho.
Mateus ao ver Isadora de braço com aquele homem ficou com ciúmes. Precisou se dominar, para não ir lá protestar. E ela estava tão linda, aquela cor do vestido a fazia brilhar.
O jantar era com lugares marcados. Não havia lugar a mesa para Mateus e Alzira disse com todas as letras que não estava contando com ele, pois ele estava sumido, sem dar noticias.
Isadora ficou furiosa, não disse nada, mas retirou-se com Mateus. Vicente ainda correu atrás deles, dizendo que era só ajeitar, que tinha lugar para todos. Mas Isadora disse ao pai:
-- Meu querido pai, não tem importância, vai comemorar com Isabel. Nós até queremos ficar a sós, matar a saudade, conversar... Até amanhã.
-- Certo minha filha. Vai curtir teu namorado...
Mateus e Isadora foram para o apartamento dela. Ele já havia deixado a valise na portaria.  Mal entraram no apartamento e o desejo de se amarem os fez ir direto para cama. Fizeram amor com paixão, como se fosse a primeira vez. Desnudaram seus corpos com ímpeto e se entregaram ao amor.
Mais tarde pediram uma pizza e conversaram muito. Tinham tanta coisa para falar.
Mateus expôs que ainda tinha muito serviço pela frente, que não tinha previsão de quanto tempo ainda ficaria longe. Mas se ela pudesse ir até ele algumas vezes seria muito bom. Para ele sair era mais difícil, pois ele coordenava os trabalhos e tinha que estar sempre atento.
Isadora concordou em ir até ele. Ele estava em um apart e ela ficaria com ele. Mateus ainda comentou:
-- Eu percebi que a Alzira está contra mim, ela tem te incomodado muito?
-- Um pouco. Mas quando apareceu aquela fofoca que tu estavas de caso com um milionária, foi um inferno, todo mundo  falou, apenas meu pai e a Marina me deram força. Está sendo muito difícil para mim.  
-- Para mim também. Mas tudo isso vai nos fortalecer.
-- Espero.
-- Não gostei de te ver com aquele cara, ele parece ser muito galanteador.
Isadora riu e respondeu:
-- E eu acho que é. Ele usa um tom de voz melosa... E ele é bem charmoso.
-- Bem, vamos combinar. Sábado  eu vou estar de plantão bem perto de ti, terminou a cerimônia eu te pego.
-- Está bem... Vamos dormir, amanhã temos muito que fazer...
-- Vamos voltar para cama sim, mas dormir não sei não...
No outro dia acordaram tarde. Fizeram uma preguiça e dentro da programação de Alzira tinha um almoço para os padrinhos. Isadora ligou para dizer que não iria. Mas Alzira insistiu dizendo que já estava tudo ajeitado, Mateus iria participar junto com os padrinhos. Isadora olhou para Mateus para ver se ele concordava em ir e ele fez que sim. Depois justificou:
-- Amor são os festejos do casamento de tua irmã, precisas estar presente... E agora até eu estou sendo contado...
Ambos riram.
Isadora vestiu um traje azul claro, calça e blazer, com uma blusa branca com pequenas flores em tons de azul. Estava com os cabelos soltos. Ela estava linda, muito jovial.
Mateus quando olhou para ela comentou:
-- Estás linda! Se eu já não fosse apaixonado por ti, eu ficaria. Meu amor eu não me canso de te querer.
O almoço decorreu num clima de alegria. Isabel e George estavam muito alegres. Alzira foi uma perfeita anfitriã e Vicente estava contente em ver sua família reunida.
Ao fim do almoço, os convidados se retiraram e Vicente pediu que Isadora e Mateus ficassem um pouco mais. Queria conversar com eles. Ele estava preocupado. Isabel iria morar em Roma, e Alzira estava muito aflita com isso. Ele estava pensando em passar suas ações da concessionária para Isadora. Ele não confiava no italiano. E queria preservar as ações de Isabel na empresa. Ele queria parar de trabalhar e deixar tudo por conta de Isadora que conhecia bem a empresa. Ele estava formulando ainda o pensamento, e queria saber a opinião de Isadora e Mateus.
Vicente já tinha convencido a Alzira de irem morar na fazenda. Ele gostava do campo e queria curtir o tempo que ainda restava para ele. A grande preocupação dele sempre foi Isabel que era cabeça de vento, mas agora casada, ela era independente dele.
Isadora disse que aceitava, mas que não precisava ser tudo feito de imediato. Explicou para o pai, que Mateus ainda precisava concluir seu trabalho e eles haviam combinado que ela iria visitá-lo, pois para ele vir era mais complicado.
Então acertaram para mais adiante, tinham tempo para providenciar tudo o que fosse necessário para transferência das ações. Claro que Isadora se comprometia a entregar futuramente uma parte para a irmã.
Isabel ia casar em regime de comunhão total de bens, tudo proposto por George que era “muito mais rico que ela”. Por isso Vicente tinha receio.
Chegou a grande dia de Isabel.
A igreja estava repleta de convidados. E Isabel de braço com o pai, entrou pelo corredor principal com um sorriso que mostrava a toda a sua felicidade. George também mostrava felicidade em sua expressão.
A festa foi magnífica. Alzira que cuidara de todos os detalhes estava orgulhosa com o resultado.
Isabel e George viajaram para  Punta Del Leste, em lua de mel.

Mateus e Isadora passaram o domingo em casa. Estavam cansados de tanta festa. E ele viajaria na segunda feira bem cedo da manhã. Eles estavam bem, se entendiam se completavam e se queriam muito.
Mas no fim do dia Isadora ficou triste, se abateu sobre ela uma nostalgia, que contagiou Mateus. Eles ficaram um longo tempo abraçado e com as lagrimas escorrendo em suas faces, antevendo a saudade que iria se descer sobre eles.
Antes de ir para o aeroporto Mateus e Isadora combinaram que no máximo vinte dias ela iria visitá-lo.  Não suportavam mais ficar tanto tempo sem estarem juntos.
O tempo passou...
Isadora adoeceu. Estava com uma crise de vesícula, teria que operar, mas antes, porém, teria que tratar a inflamação. E sendo assim ela não pode cumprir o prometido.
Ela estava só. Seu pai e Alzira estavam na fazenda.
Isadora telefonou para Mateus contando do imprevisto. Ela não poderia ir. Mateus ficou muito preocupado com ela e ainda mais que estava só. Então pediu para sua cunhada, Laura,  que fosse até lá para ficar com Isadora.
A família de Mateus era pequena. Ele e seu irmão Daniel eram muito unidos. Os pais eram divorciados. A mãe morava em Lisboa, Portugal. E seu pai tinha outra mulher e estava aposentado e morava num sitio.
Mateus havia apresentado Isadora logo que a conheceu, estava tão maravilhado com ela, que quis a opinião do irmão e da cunhada que era a sua família.

Laura ligou para Mateus para dizer que Isadora não estava bem, tinha muita dor e enjôo e o médico iria interná-la  na clinica para observá-la melhor e entrar com um tratamento mais forte.
Vicente também tinha sido avisado e estava vindo ficar com a filha. Quando ele chegou ficou assustado com a palidez de Isadora. Mateus conversou com sua equipe e resolveu vir para Monte Alegre.
Assim como Vicente, Mateus ficou alarmado com o estado de Isadora. Tanto que ele procurou a capela  da clinica para orar. Fazia muito tempo que ele estava afastado de Deus. Mas neste momento só Deus poderia auxiliar e curar sua amada. E ali naquele instante, prometeu ao Senhor que assim Isadora melhorasse, eles casariam. Por que ela era a coisa mais importante de sua vida, e o amor era divino. Essa tal liberdade que ele tanto prezava, não compensava o amor, não substituía a alegria de estar juntos. Ficou ainda ali meditando, conversando com Deus.
Quando saiu estava mais calmo, mais animado. Foi para junto de Isadora, sentou a sua cabeceira e ficou segurando a mão dela. Ela estava sedada e dormia profundamente. Mas ele não arredava dali.
Apesar de ela estar melhor, ainda teria que fazer a cirurgia. Mateus permaneceu o tempo todo perto dela. A operação correu tudo bem, e Isadora logo se recuperou.
Mateus não tinha retornado, tinha passado para seu colega a coordenação dos trabalhos. Ficaria perto de Isadora.
Quando Mateus levou Isadora para casa, ele a acomodou no sofá e ajoelhou-se perto dela, pegou sua mão e a beijou, depois olhou para ela e disse:
-- Tudo isso serviu para eu ver o quanto eu te amo, o quanto preciso de ti. E eu percebi que só o amor liberta, e, tu me completa, me deixa pleno de felicidade. Por isso quero viver o resto de minha vida contigo. E te peço casa comigo.
-- Eu entendi direito? Tu queres casar?
-- Sim eu quero. E tu queres?
-- Sim, sim, sim, eu quero muito...
Mateus tirou um lindo anel do bolso e colocou no dedo anular dela. E selaram o compromisso com um apaixonado beijo.
Isadora ainda estava de resguardo por causa da operação. Mas ele ligou para Vicente e disse que eles iam casar. E ele queria uma festa maravilhosa para o casamento de Isadora, e queria que Alzira organizasse.
Alzira ficou lisonjeada e se propôs a fazer uma festa ainda mais bonita do que a de Isabel. E não teria muito tempo, pois Mateus queria casar o mais breve possível.
Era inicio de abril quando Mateus estava esperando por Isadora ao pé do altar, diante dos convidados que enchiam o templo. E Isadora entrou deslumbrante, pelo braço de seu pai, que com orgulho conduzia sua filha ao altar.
Os noivos curtiram a festa, e depois fugiram para lua de mel. Escolheram um lugar sossegado na serra para poderem curtir ao máximo o seu amor.
                                                                Maria Ronety Canibal

                                                                     Julho de 2017.

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