TODO TEU
Isabel e
Isadora estavam sentadas a sala de sua casa conversando sobre a festa de
casamento de sua prima, Luciene, que
aconteceria no próximo fim de semana. Isabel gostava de ir a festas, e estava muito
entusiasmada.
Isabel era
muito bonita, era alta, esguia, elegante e suas feições eram perfeitas e sua
pele parecia porcelana. Aonde ela chegava era admirada por sua beleza e
simpatia. Nas festas sempre era muito solicitada para dançar. Sempre chegava a
casa exausta de tanto dançar.
Por ser tão
bela, era muito popular entre os rapazes, que a disputavam para ver quem seria
o preferido dela, ou seja, quem ela aceitaria namorar.
Isabel se
divertia com tudo isso. Na verdade nunca havia aparecido um homem que realmente
a impressionasse, que mexesse com ela. Ela tinha apenas dezenove anos, e não se
preocupava em casar cedo. Tinha tempo...
Isadora ao
contrario da irmã era quieta, praticamente invisível. Embora não tivesse a
beleza de Isabel, ela tinha seus predicados. Era quatro anos mais velha e nunca
tivera namorado. Isadora não gostava de ir a festas, pois nunca ninguém a
convidava para dançar, e ela ficava pelos cantos, tentando não expor seu
desapontamento.
Mas as duas
irmãs se davam bem, não havia ciúmes entre elas. E Isadora reconhecia a
formosura de sua irmã, pois sabia que ela era uma moça comum e sem atrativos.
Por isso
estava sempre empenhada em ajudar sua irmã a ser a mais bela da festa e não se
recusava a acompanhá-la.
Mateus era
um rapaz muito atraente, tinha um sorriso cativante, era alto, ombros largos,
forte e considerado um “bom partido”. Já atuava no escritório de advocacia de
sua família. Com apenas vinte e cinco anos, não queria compromisso, e fugia das
moças “casadouras”.
Mas desta
vez Mateus não tinha como escapar da festa. Era o casamento de seu primo
Frederico. Toda a família estaria reunida e seria uma grande festa.
Isabel se
vestira com um vestido vermelho, bem vistoso, era longo, corte reto e com um
amplo decote nas costas. Ela estava com um penteado bem elaborado. Ela estava
bem sofisticada.
Isadora
usava um vestido azul escuro, longo, corte reto. Seus cabelos estavam soltos.
Ela estava bem discreta.
Sua mãe,
Alzira, havia pedido que Isadora fosse arrumar o cabelo, fazer um penteado diferente,
procurar realçar seus encantos, mas foi inútil. Isadora não era vaidosa. Mas
seu pai, Vicente, a defendia. Dizia que ela gostava de ser natural, e que havia
muito charme em ser assim.
Quando eles
chegaram ao templo sentaram-se mais a frente para poderem assistir a cerimônia
mais de perto. Isabel e Alzira se colocaram junto ao corredor e Isabel ficou ao
lado do pai, no outro extremo do banco.
Isadora
estava sentada quando um rapaz pediu licença para sentar ao seu lado. Ela
consentiu, olhou para ele e viu que era um homem muito bonito. Ele
apresentou-se a ela:
-- Sou
Mateus, primo do noivo.
Isadora
sorriu e respondeu:
-- Sou
Isadora prima da noiva.
-- Que
interessante... Teremos algum parentesco?
Disse Mateus
brincando. Isadora riu. A música começou a tocar e todos ficaram de pé para ver
o cortejo entrar. Mateus fez alguns comentários engraçados a respeito do nervosismo do noivo. E ambos
riram.
Ao final da
cerimônia Mateus disse a Isadora.
-- Sei que
são muitos convidados, tanto que essa igreja enorme está lotada, mas vou te
procurar na festa para continuarmos nossa conversa. Até mais.
-- Está bem,
continuaremos nossa conversa.
Respondeu
Isadora.
Vicente que
viu o interesse do rapaz pela filha, não disse nada, fez de conta que não tinha
percebido o assunto entre eles.
Ao chegar à
festa Isadora viu que os lugares eram marcados. As mesas eram organizadas para
casados, solteiros, crianças, jovens... E Isadora viu que não ficaria perto de
sua irmã. Sentou-se em seu lugar e ficou curiosa para ver quem seriam seus
compartes.
De repente
Mateus sentou-se ao seu lado. Ela disse:
-- Mas não
estás nesta mesa.
-- Estou
sim. Deixa meu nome aqui que vou trocar com o Juliano.
E foi o que
fez. E logo se acomodou a seu lado. E seguiu falando. Estavam tão distraídos
que nem perceberam os outros chegarem à mesa. O jantar transcorreu e conforme
manda a educação, eles conversaram com as outras pessoas que estavam naquela
mesa.
Os noivos
iniciaram as danças e logo a pista foi tomada por muitos pares. Isadora viu que
Isabel já estava dançando. Apenas Mateus e Isadora não foram dançar. Mas quando tocaram num ritmo mais lento,
Mateus a tomou pela mão e a levou para dançar. Isadora estava nas nuvens.
Ao fim da
noite Mateus disse para Isadora, que tinha gostado muito de estar com ela. Que
a achava diferente das outras, era serena e recatada, além de bonita e inteligente. E que queria
manter essa amizade. Isadora aceitou e marcaram de se encontrarem na Cafeteria
do Parque no outro dia às 16h.
Isadora saiu
em silêncio, enquanto Isabel tagarelava todo o
caminho contando sobre os rapazes com quem tinha dançado. Alzira
perguntou a Isadora se ela tinha gostado da festa, ela respondeu apenas com um
sim.
Quando
chegaram a casa, Isabel e Alzira logo subiram para os quartos, as duas sempre
com muito assunto. Vicente chamou Isadora para a cozinha, ele faria um chá.
Isadora sentou-se no balcão enquanto o pai preparava a bebida. Estava com
semblante sonhador. Seu pai perguntou:
-- E que tal
o Mateus?
-- Como sabe
o nome dele?
-- Ora, eu
escutei, quando ele te falou na igreja.
-- Ah... Ele
é muito legal. Gostei da companhia dele.
-- Que bom!
Marcaram algum encontro?
-- Sim,
amanhã à tarde no café.
-- Bem,
então tu vais sozinha. Não fala nada para Alzira e nem para Isabel. Eu conheço
aquelas duas. Só elas querem brilhar. E hoje a noite foi tua.
-- Esta bem.
-- Eu te dou
cobertura.
Na verdade
Alzira era madrasta de Isadora. Pois sua mãe tinha morrido no parto e ela tinha
dois anos quando Alzira casou com seu pai. Mas elas sempre viveram em harmonia.
Vicente
continuou falando:
-- Tu és
como tua mãe. Tens uma beleza serena e cativante. Quem tem bons olhos vai
perceber a tua formosura, assim como vi em tua mãe. Ela era linda demais, por
dentro e por fora. Ainda sinto falta dela.
Isadora
estava comovida com a lembrança do pai. E ele continuou:
-- A cada
dia que passa tu estás mais parecida com ela, no jeito de ser, falar, andar...
Eu a vejo toda vez que olho para ti. Eu amava muito a tua mãe. Fomos muito
felizes. Tenho saudades...
-- Pai, eu
queria a ter conhecido...
-- Sim, eu
sei. Hoje eu tenho a Alzira, que é uma boa pessoa, mas muito diferente, ela é
como Isabel, gosta de brilhar. E isso cansa...
-- Pai eu
pensei que fossem felizes.
-- Somos a
moda dela. Já é tarde minha querida, vai dormir. Eu também já vou.
E subiram a
escada abraçados, cada um com sua lembrança. Vicente deu um beijo de boa noite
na filha e foi para seu quarto.
Isadora não
conseguiu dormir logo. A conversa com seu pai a tinha perturbado. Em sua mente
cruzavam as palavras de seu pai e as de Mateus.
No outro dia
Isadora foi acordada por Isabel, que invadiu seu quarto querendo conversar
sobre a festa. Queria saber quem era aquele gato que estava com ela. Mas
Isadora lembrando as palavras do pai, respondeu apenas:
-- Não sei.
Ele estava sentado ao meu lado na mesa.
--
Engraçado, porque a Luciene tinha me dito que colocaria o primo do Frederico ao
meu lado, disse que ele é um “partidão”, que não era para eu deixar escapar.
-- Sim, e
daí...
-- Quem
estava ao meu lado era o Juliano. Lembra dele? Aquele guri chato que foi teu
colega de aula.
-- Hum
-- Como é o
nome do bonitão que dançou contigo?
-- Eu nem
lembro. Marcos? Carlos? Ah.. Não lembro. Isabel me deixa dormir, hoje é
domingo...
Isadora
sentiu um aperto no coração ao mentir para a irmã. Mas desta vez não iria ser
tola, deixar que Isabela levasse a melhor. Ela tinha gostado de Mateus e não
iria vacilar.
No inicio da
tarde Isabel convidou a irmã para ir com ela para casa de Fabiele, aonde toda
turma iria se encontrar. Mas Isadora disse que ia voltar para cama, estava
cansada. Só bem mais tarde que Isadora se arrumou e saiu pé por pé para Alzira
não ver.
Quando ela
entrou na cafeteria Mateus já estava esperando por ela. Ele abriu um sorriso
imenso quando ela se aproximou dele. Mateus a ajudou a sentar e pegou sua mão e
disse:
-- Vou te
confessar uma coisa.
-- O que é?
-- Tu me
tiraste o sono. Não consegui dormir... E depois sonhei contigo...
Ela riu e
disse;
-- Que bom.
Era esse o objetivo.
Ele deu uma
sonora gargalhada. Ele pediu café e um sortido de doces. E ficaram conversando,
como se fossem velhos amigos. Já era noite quando saíram. E ele perguntou:
-- O que
vamos fazer? Cinema ou uma pizza?
-- O que
recomendas?
Ele riu e
disse:
-- Garota
esperta. Eu prefero a pizza, assim posso conversar e ficar te olhando o tempo
todo. Pois não me canso que apreciar tua beleza.
-- Ora eu
não sou bonita. Minha irmã é bonita.
-- Ela
estava na festa?
-- Sim, em
outra mesa.
-- Esta
enganada. A mais bonita da festa estava comigo. Não vi ninguém que supere a tua
formosura. Aceita meu elogio porque é sincero e verdadeiro. Tu és muito linda.
-- Obrigada,
vou aceitar. Meu pai também fala isso.
-- Teu pai
deve ser muito inteligente. Vamos à pizza!
Saíram de
mãos dadas. Foram até a garagem pegar o carro. No fim da noite, já era tarde
quando ele a deixou em casa. Despediram-se com um breve beijo na face.
Quando
Isadora entrou Alzira e Isabela estavam
esperando por ela. Queriam saber com quem e onde ela estava. Ela passou direto
e disse apenas boa noite. Foi para seu quarto e passou a tranca na porta. Não
queria ser incomodada.
A semana
transcorreu com vários telefonemas de Mateus, e com Isadora fugindo da irmã e
sua mãe. Era sexta feira e ela saiu cedo para o trabalho. Ela trabalhava com
seu pai, que tinha uma concessionária Mercedes. Não tinha nem tomado café.
Assim quando chegou à empresa telefonou para o tele entregas e pediu um café
completo. Não tinha ninguém na empresa, apenas o pessoal da segurança e da
limpeza.
Esperou e depois tomou seu café com calma
pensando na situação. Iria conversar com seu pai. Queria morar sozinha. Só
agora estava se dando conta de como Isabel e Alzira sempre interferiram em sua
vida. Como ela nunca pode ser ela mesma, viver do seu jeito. E Mateus, assim
como seu pai, tinha percebido como ela se anulava perante as duas.
Isadora
queria bem a madrasta e a sua irmã, mas agora queria viver a sua vida, do sei
jeito com tudo que tinha direito. E não era por causa de Mateus, mas sim,
porque ela despertara para a vida.
Marina, sua
secretaria, entrou em seu escritório com um lindo buquê de flores do campo. E
muito alegre ela disse:
-- Bom dia!
Chegaram para ti e tem cartão.
-- Obrigada.
Quando meu pai chegar diga a ele que eu preciso falar com ele. Se ele puder que
venha aqui em minha sala.
-- Certo.
Vou buscar um vaso.
Isadora
cheirou as flores e sentiu uma alegria imensa. Abriu o cartão que dizia: “
Lembrei de ti. Mateus” Ela sorriu e guardou em sua agenda. Pegou o telefone e
ligou para Mateus agradecendo as flores. Mateus aproveitou a convidou para
jantar. Iria passar no fim da tarde para pegá-la.
Isadora
sentou-se e ficou pensando em muitas coisas. Uma batida de leve na porta e seu
pai entrou. Sentou, admirou a flores e disse:
-- Qual o
problema?
-- Estive
pensando...
E Isadora
explanou para seu pai o seu pensamento e vontade que sentiu de ser
independente, morar sozinha, buscar a sua vida, do seu jeito. E isso não tinha
nada a ver com Mateus, ele apenas despertou nela a vontade de ser senhora de
si. Ela era adulta, formada e trabalhava, podia se sustentar.
Vicente
escutou o que a sua filha pedia. Ele ponderou e viu que ela tinha razão. Ele
mesmo já tinha percebido o quão era difícil conviver com Isabel e Alzira. Então
apenas disse a filha.
-- Se é isso
o que queres, vamos providenciar. Queres
sair hoje?
-- Mas, para
onde?
-- Ora, vai
para um apart-hotel até ver um apartamento para ti. Lembras que tens toda a
herança de tua mãe a tua disposição. Nunca mexi naquele dinheiro. É todo teu.
-- Vamos
sair e resolver isso. Depois passamos em casa e tu pegas algumas coisas tuas.
Alzira vai estar todo dia fora e Isabel depois da aula vai para a casa da Lica.
-- Então
vamos. E como elas irão reagir?
-- Não sei.
Depois saberemos. Vamos minha querida. Eu quero te ver feliz.
Isadora
resolveu ficar em um apart que se localizava próximo ao trabalho. Era bem
confortável e foi em casa buscar suas roupas. As demais coisas como livros e
coisas que foram de sua mãe, iriam depois quando tivesse seu apartamento.
Vicente
ficou contente com a decisão da filha. Ela seria totalmente independente, tinha
recursos próprios da herança da mãe, inclusive era a principal acionista da
empresa.
No fim da
tarde Isadora já estava instalada no apart. Ligou para Mateus contou por
telefone de sua decisão e deu a Mateus seu novo endereço.E disse que hoje ela seria
a anfitriã.
Ele chegou
com uma garrafa de vinho e muito alegre foi logo dizendo:
-- Vamos
brindar a tua liberdade. Onde estão os copos e o saca-rolha?
-- Não sei,
vamos procurar.
E rindo os
dois saíram a caça dos utensílios. Isadora disse:
-- Eu
encomendei um jantar completo para nós.
-- Então
vamos beber enquanto esperamos.
Mateus
sentou no sofá e pediu que ela sentasse a seu lado. Deixou o copo em cima da
mesinha e abraçou Isadora e disse a ela:
-- Fiquei
orgulhoso de ti. Desafiastes o esquema de tua irmã. Eu nem a conheço, mas dá
para perceber que ela quer ser sempre o centro das atenções. Talvez tenha uma
beleza rara, mas mesmo assim, não permite que tu ocupes o teu espaço.
--
Engraçado, meu pai disse a mesma coisa em outras palavras. Como vocês são
parecidos!
-- Eu quero conhecer teu pai, ele deve ser uma
pessoa fabulosa.
-- Vou
providenciar...
A comida
chegou e encerrou o assunto. Saborearam o Filé ao molho madeira, e após comeram
de sobremesa um mousse de frutas vermelhas com sorvete de creme ao molho de
chocolate. Depois ficaram conversando sobre viagens. Era tarde quando Mateus
saiu.
Isadora
estava feliz. Tudo estava em perfeita harmonia. Havia apresentado seu pai a
Mateus e os dois simpatizaram um com o outro. E Mateus sugeriu que um dia da
semana almoçassem juntos. E assim Vicente cada vez mais aprovava a escolha da
filha.
Já fazia
seis meses que Mateus e Isadora saiam juntos. Ele a tratava com carinho e
respeito; trocavam beijos, mas ele nunca avançou nas caricias. E Isadora
estava querendo mais... Mas Mateus nunca
falou em amor, era evidente de gostava de sua companhia, mas nunca havia dito
nada a respeito.
Ela não
tinha experiência alguma, pois nunca tivera namorado. Ao contrario de sua irmã
que desde muito cedo transava e contava sobre seus relacionamentos abertamente.
As festas de
fim de ano estavam se aproximando. E Mateus a convidou para irem viajar. Ele
disse que sua família estava destroçada, e seu irmão era casado, ele nestas
ocasiões se sentia um “peixe fora d’água”. Isadora aceitou. Desculpou-se com a família, mas iria fazer
algo diferente esse ano.
Isadora
comprou lindos presentes para seu pai, Alzira e Isabela. Ela propôs que se
reunissem uns dias antes. Alzira preparou um jantar especial e dessa vez elas
iriam conhecer Mateus.
Foi uma
situação constrangedora, porque Isabel se vestiu de modo muito chamativo,
querendo roubar a atenção de Mateus o tempo inteiro. Alzira em seu modo de agir
incentivava a filha a ser ousada e Vicente estava muito envergonhado com o
comportamento delas. Isadora estava furiosa e Mateus se divertindo.
Ao final da
noite Vicente se desculpou com Mateus pelo comportamento infantil de Isabel.
Quando enfim eles saíram, Isadora ainda estava muito irritada com sua irmã. Mas
Mateus não deu importância para o fato. Apenas disse:
-- Como
pudestes viver tanto tempo neste ambiente?
-- Mas não
era assim. Hoje eu não sei o que aconteceu, Isabel parecia uma idiota. Nunca
foi assim. Nós sempre fomos amigas, e Alzira foi a mãe que eu não tive. Ela me
criou desde os dois anos. Eu sempre confiei nela e nos dávamos bem. Até que de
repente tudo mudou. Foi depois que te conheci, e quando sai de casa então, tudo
piorou. Pobre de meu pai. Ainda bem que trabalhamos juntos, assim podemos
conversar tranquilamente, sempre almoçamos juntos. Tu sabes.
-- Sim, eu
sei, às vezes me intrometo nesta relação.
-- Não, tu
és bem vindo. Meu gosta muito de ti.
-- Bem, já
fizemos a nossa obrigação. Agora vamos pensar em nos divertir. Aonde vamos?
Quer dançar?
-- Bem, não
sou boa dançarina, mas é uma boa idéia.
-- Então
deixa comigo.
Ele a levou
ao um piano bar com pista de danças. O local estava cheio, mas conseguiram uma
mesa para eles. Pediram um espumante e brindaram. Depois Mateus a tomou pela
mão e a levou para pista de dança, agora já mais vazia. O pianista estava
tocando musicas lentas e românticas. Mateus abraçou Isadora e começaram a
seguir o ritmo calmo da melodia. Ela a apertava em seus braços e murmurava a
seu ouvido, coisas que nunca tinha dito a ninguém.
-- Tu és a
melhor coisa que apareceu em minha vida. Eu te adoro... Eu te quero... Quero
que sejas só minha...
Isadora de
olhos fechado saboreava aquele momento, ela que nunca antes tinha vivido nada
igual, ela estava fascinada. Estava calada e colada e ele. Ela a beijava com
carinho no rosto, na orelha no pescoço. Dançaram até a música parar e iniciar
outro ritmo mais agitado.
Então foram
embora. Permaneceram o trajeto todo
quietos. Isadora não queria estragar aquele clima entre eles, e Mateus por certo também não. Quando chegaram no
apart ele a levou até o elevador e despediu-se dela. No outro dia viajariam.
Isadora
ficou muito decepcionada. E perguntava-se por que ele não avançou, por que não
subiu com ele?
Mateus não
conseguiu dormir. Ele estava apaixonado por Isadora, disso ele tinha certeza,
mas seu problema era que ele não queria casar, não queria compromisso. Ele
sabia que ela nunca teve namorado, portanto era virgem. E sabia também que ela
o queria. Mas não queria proceder como um cafajeste com ela. Eles precisavam
conversar antes de qualquer coisa. Na viagem falariam.
Era bem cedo
quando Mateus chegou para pegar Isadora. Ela ainda estava de camisola fechando
a mala. Ele entrou e a viu de camisola e resolveu que conversariam naquele
instante.
Ele pediu
que ela sentasse, eles precisavam conversar, e era urgente. Isadora assustou-se
com ele, com a urgência do assunto. Não tinha idéia do que poderia ser.
Então
bruscamente ele disse:
-- Eu estou
louco por ti, tenho vontade de te pegar, de te fazer minha, mas eu suporto a
idéia de casamento, de compromisso e tenho duvidas se tu vais me aceitar dessa
forma.
-- Eu te
aceito. Tu me ensinaste a ser feliz, a ser livre, a tomar decisões não pela
cabeça dos outros, mas a partir de meus sentimentos. E eu também te quero, e
estou louca por ti.
Ele suspirou
aliviado e disse:
-- Nossa
viagem vai ser ótima, vamos fazer amor muitas vezes, com muito amor.
Isadora riu
e foi se vestir.
A viagem foi
só alegria. Cantaram, contaram piadas e o percurso passou rápido. Ao chegaram
ao hotel havia dois quartos reservados. Mas Mateus disse que queriam a suíte
nupcial. Ele a abraçava e beijava sua cabeça e ela se encolhia com timidez.
Mateus também pediu que levassem o jantar na suíte.
Mal entraram
no quarto e Mateus a abraçou e beijou com paixão. Ela queria tomar um banho,
mas ele a impedia com seus carinhos. Ele propôs tomarem banho juntos, mas ela
ficou com vergonha, e disse:
-- Não, eu
tenho vergonha.
-- Mas meu
amor, eu vou te tirar a roupa depois. Vamos tirar nossa roupa juntos. Eu tiro
uma peça tua e tu uma minha, até estarmos nus, e então vamos para o chuveiro,
não sem antes beijarmos a parte do corpo de desnudamos. Sim?
-- Sim...
Isadora
estava cheia de paixão por ele e foi irresistível a proposta dele, e pela
lógica, iam só inverter a ordem...
Ele a tratou
com cuidado e carinho, admirando e revelando a beleza de cada centímetro do
corpo dela, ao mesmo tempo em que foi mostrando o seu corpo. Amaram-se com
ardor. Estavam cansados e suados e voltaram para o chuveiro.
O jantar
chegou, comeram com apetite, e riam de si mesmo. Estavam felizes.
Era noite de
Natal, e havia uma linda festa no hotel para os hospedes. Todos trocariam
presentes, e cada um deveria tirar um cartão (com um presentinho) para entregar
a pessoa sorteada. Após essa confraternização foi oferecido um jantar a todos.
Foi uma noite alegre e divertida, com interação entre todos.
Quando
voltaram para sua suíte, Mateus convidou Isadora para tomarem um espumante.
Brindaram e ao Menino Deus e logo Mateus disse:
-- Esse é o
meu presente para ti. Feliz Natal!
-- Obrigada!
Feliz Natal!
Isadora
abriu o pacote e se deparou com uma linda gargantilha de ouro com um pingente
de pérola.
-- Oh, é
muito linda. Adorei. Quero usar...
Mateus tirou
a jóia do estojo e colocou no pescoço dela. E beijou
seu ombro.
-- É muito
linda! Obrigada Mateus. Mas eu também tenho um presente para ti. Espera que eu
já pego... E Isadora entregou a ele.
-- Que
linda! Tu não te esqueceste! Nós vimos essa caneta juntos. Eu te amo por esses
pequenos detalhes. Tu estás sempre atenta.
E abraçados
foram para cama...
Os dias de
férias foram maravilhosos, eles viveram momentos felizes. Voltaram exultantes
de tanta felicidade.
Os dias
passaram tranqüilos, na rotina diária do trabalho. Mas apesar de estarem sempre
juntos, não estavam morando juntos.
Isadora
tinha comprado um apartamento para ela, e era bem próximo do prédio em que
Mateus morava. Mas continuavam cada um em seu apartamento.
Mateus dizia
que morar junto é estar casado. E ele tinha muito receio dessa convivência. Ele
tinha um lema: “ Se queres ser feliz, não junte as escovas de dentes.”
Isadora não
se incomodava com essa situação. O difícil era ouvir os comentários alheios,
sobretudo de Isabel e Alzira. Que estavam sempre dizendo que se ele gostasse de
verdade, moraria com ela.
Vicente não
gostava da situação, mas também não falava nada. Os tempos eram outros, hoje os
jovens não precisavam casar, a sociedade aceitava essa situação.
Isabel foi
para Itália, em Roma ficaria uma temporada fazendo um curso de italiano. Lá ela
conheceu George que era bem mais velho que ela, mas era um homem bonito, elegante e rico. Ele tinha
negócios no Brasil.
Quando ela
retornou já estava de casamento marcado. Ela conhecera a família dele que a
aceitara com alegria. Isabel estava radiante, iria casar!
Em fim de
setembro seria o casamento. Alzira estava super agitada, tinha tanta coisa para
organizar e ainda faltava completar o enxoval de Isabel.
Vicente
assistia a tudo. Mas nada era do seu agrado. Embora George fosse um homem
educado e gentil, que demonstrava estar apaixonado por Isabel, Vicente não
sabia nada sobre ele e a respeito de seus negócios. Estava com receio... Não
confiava no futuro genro.
Era
completamente diferente de Mateus, que apesar de não querer casar, era sincero
e tinha um comportamento correto e um
nome bem conceituado no meio jurídico. Ele estava em ascensão profissional.
Mateus havia
recebido uma proposta irrecusável.
O escritório
o estava mandando para São Paulo para assumir a causa muito importante. Se ele
conseguisse ganhar ou mesmo fazer um bom acordo, teria repercussão nacional e seu nome , assim
como o escritório, seriam bem conceituados a nível internacional.
Mateus não
queria decidir sem conversar com Isadora.
Isadora
escutou e ponderou tudo o que Mateus
falou. E o incentivou a aceitar a oferta. Mesmo ele dizendo que seria um
período longo, que nem sempre poderia vir, porque era preciso muita leitura e
reflexão e talvez até viagens ao exterior.
Mateus a
abraçou e disse:
-- É por
isso que eu te amo tanto. Tu és maravilhosa. Mas eu quero que saibas que eu vou
sentir muito a tua falta, e peço que confies em mim. Em situações assim há
muita fofoca e intriga. Eu sou teu, sou todo teu, guarda isso no teu coração.
Sempre vai ser tu, sempre... Vou sentir muitas saudades.
-- Eu também
vou sentir a tua falta. Estou tão acostumada contigo... Eu te amo, eu confio em
ti. Nada vai interferir em nosso amor.
Depois de
alguns dias Mateus viajou. Ele não quis que Isadora o levasse ao aeroporto,
despediram-se em casa, entre muitos beijos e lágrimas.
O tempo
corria... Os noticiários sempre citavam o caso que Mateus estava atuando, não
só ele, mas também alguns colegas que o auxiliavam. Até que um dia...
Alzira ligou
para Isadora e disse:
-- Viste
como Mateus está famoso? Todos os dias no noticiário, e hoje a notícia foi bem
quente. Mateus está de caso com uma mulher muito bonita e muito rica... E tu
acreditando nele. Os fins de semana nem aparece... Claro ele tem aonde ir...
Deixa de ser boba, menina!
A cada dia a
fofoca aumentava. A pressão também. Isadora continuava a acreditar nele, apesar
de todo o enunciado apontar para o contrário.
Setembro
chegou!
O casamento
de Isabel seria a festa da temporada. Eram muitos convidados, e muitos vindos a
Europa. Isabel estava deslumbrada, ela seria a noiva do ano! Seu sonho se tornando
realidade.
Isabel tinha
procurado sua irmã para recomendar que
desconsiderasse Mateus. Ele não valia nada. Que na festa do casamento
ela fosse bem arrumada e fisgasse um marido europeu. Os homens de lá casavam. Que deixasse de ser
boba.
Até Vicente
aconselhou a filha e rever seu compromisso, se é que havia compromisso, com
Mateus. Ele estava decepcionado, tinha Mateus em alta conta. Mas tinha se
enganado...
Isadora
ficava ainda mais triste com tudo o que diziam a ela. A única que dava força
era sua secretária Marina, que sempre achou Mateus muito verdadeiro.
Isadora se
comunicava com Mateus regularmente, sempre sabia da programação dele. E dentro
do cronograma no fim de setembro ele deveria ir para Bélgica. Portanto sem
chance de ele estar no casamento de Isabel.
Isadora
seria madrinha junto com um amigo de George que ela ainda não conhecia. Os convidados
de longe chegariam uns dias antes. Alzira tinha previsto uma programação
intensa para os convidados, inclusive com jantar depois do ensaio na igreja.
Isadora
estimulada por Alzira comprou um vestido muito bonito e com um decote muito
ousado nas costas. Tanto que para igreja ela havia adicionado ao traje uma
estola de musselina na mesma cor do vestido, que era na cor de lavanda. Muito
bonito e tinha um caimento perfeito em seu corpo, e combinava sua tez e com
seus olhos e cabelos escuros.
Para o
jantar de ensaio Alzira também sugeriu o vestido, numa tonalidade de amarelo
claro, que também realçava nela. Alzira queria que ela chamasse atenção dos
amigos de George.
Era o dia do
ensaio e Isadora ainda tentou falar com Mateus, mas não conseguiu. Conversou
com Roger, o seu assistente, que confirmou que ele estava em viagem. Mas mesmo
assim mandou para Mateus toda a programação do casamento.
Embora
estivesse com muita saudade de Mateus, hoje era um dia alegre, sua irmã estava
às vésperas do casamento. Isadora tomou ânimo e se aprontou com esmero.
O ensaio
estava marcado par às 20h. Já passavam das 19h. Isadora resolveu ir de taxi,
era mais fácil. Desceu a portaria do prédio e o taxi já estava esperando por
ela. Quando chegou a igreja ela se deu conta que havia deixado seu telefone em
casa. Paciência...
Entrou e
Isabel ainda não tinha chegado, estavam algumas pessoas que ela não conhecia.
Então se sentou no fundo a igreja para esperar. Estava concentrada, de olhos
fechados, fazendo uma oração quando
sentiu que alguém a tocava. Recuou assustada. Mas uma voz que bem baixinho
falou:
-- Estás com
medo mim, amor?
Ela olhou e
viu Mateus que já abraçava e beijava suas faces.
-- Tu
vieste... Eu te amo... Tentei falar
contigo, não consegui, falei com Roger que disse que estavas em viagem.
-- E eu
estava... Vindo para cá.
Estavam tão
distraídos abraçados conversando que não perceberam a chegado dos demais.
Vicente foi
o primeiro a dar as boas vindas a Mateus, ele realmente ficou muito feliz em
ver a filha junto do namorado. Alzira e Isabel o cumprimentaram rapidamente e
foram dar atenção aos demais convidados.
O italiano
que fez par com Isadora como padrinho dos noivos, era de fato muito bonito,
alto, moreno, olhos escuros, pela clara e ombros largos, era um pedaço de mau
caminho.
Mateus ao
ver Isadora de braço com aquele homem ficou com ciúmes. Precisou se dominar,
para não ir lá protestar. E ela estava tão linda, aquela cor do vestido a fazia
brilhar.
O jantar era
com lugares marcados. Não havia lugar a mesa para Mateus e Alzira disse com
todas as letras que não estava contando com ele, pois ele estava sumido, sem
dar noticias.
Isadora
ficou furiosa, não disse nada, mas retirou-se com Mateus. Vicente ainda correu
atrás deles, dizendo que era só ajeitar, que tinha lugar para todos. Mas
Isadora disse ao pai:
-- Meu
querido pai, não tem importância, vai comemorar com Isabel. Nós até queremos
ficar a sós, matar a saudade, conversar... Até amanhã.
-- Certo
minha filha. Vai curtir teu namorado...
Mateus e
Isadora foram para o apartamento dela. Ele já havia deixado a valise na
portaria. Mal entraram no apartamento e
o desejo de se amarem os fez ir direto para cama. Fizeram amor com paixão, como
se fosse a primeira vez. Desnudaram seus corpos com ímpeto e se entregaram ao
amor.
Mais tarde
pediram uma pizza e conversaram muito. Tinham tanta coisa para falar.
Mateus expôs
que ainda tinha muito serviço pela frente, que não tinha previsão de quanto
tempo ainda ficaria longe. Mas se ela pudesse ir até ele algumas vezes seria
muito bom. Para ele sair era mais difícil, pois ele coordenava os trabalhos e
tinha que estar sempre atento.
Isadora
concordou em ir até ele. Ele estava em um apart e ela ficaria com ele. Mateus
ainda comentou:
-- Eu
percebi que a Alzira está contra mim, ela tem te incomodado muito?
-- Um pouco.
Mas quando apareceu aquela fofoca que tu estavas de caso com um milionária, foi
um inferno, todo mundo falou, apenas meu
pai e a Marina me deram força. Está sendo muito difícil para mim.
-- Para mim
também. Mas tudo isso vai nos fortalecer.
-- Espero.
-- Não
gostei de te ver com aquele cara, ele parece ser muito galanteador.
Isadora riu
e respondeu:
-- E eu acho
que é. Ele usa um tom de voz melosa... E ele é bem charmoso.
-- Bem,
vamos combinar. Sábado eu vou estar de
plantão bem perto de ti, terminou a cerimônia eu te pego.
-- Está
bem... Vamos dormir, amanhã temos muito que fazer...
-- Vamos
voltar para cama sim, mas dormir não sei não...
No outro dia
acordaram tarde. Fizeram uma preguiça e dentro da programação de Alzira tinha
um almoço para os padrinhos. Isadora ligou para dizer que não iria. Mas Alzira
insistiu dizendo que já estava tudo ajeitado, Mateus iria participar junto com
os padrinhos. Isadora olhou para Mateus para ver se ele concordava em ir e ele
fez que sim. Depois justificou:
-- Amor são
os festejos do casamento de tua irmã, precisas estar presente... E agora até eu
estou sendo contado...
Ambos riram.
Isadora
vestiu um traje azul claro, calça e blazer, com uma blusa branca com pequenas
flores em tons de azul. Estava com os cabelos soltos. Ela estava linda, muito
jovial.
Mateus
quando olhou para ela comentou:
-- Estás
linda! Se eu já não fosse apaixonado por ti, eu ficaria. Meu amor eu não me
canso de te querer.
O almoço
decorreu num clima de alegria. Isabel e George estavam muito alegres. Alzira
foi uma perfeita anfitriã e Vicente estava contente em ver sua família reunida.
Ao fim do
almoço, os convidados se retiraram e Vicente pediu que Isadora e Mateus
ficassem um pouco mais. Queria conversar com eles. Ele estava preocupado.
Isabel iria morar em Roma, e Alzira estava muito aflita com isso. Ele estava
pensando em passar suas ações da concessionária para Isadora. Ele não confiava
no italiano. E queria preservar as ações de Isabel na empresa. Ele queria parar
de trabalhar e deixar tudo por conta de Isadora que conhecia bem a empresa. Ele
estava formulando ainda o pensamento, e queria saber a opinião de Isadora e
Mateus.
Vicente já
tinha convencido a Alzira de irem morar na fazenda. Ele gostava do campo e
queria curtir o tempo que ainda restava para ele. A grande preocupação dele
sempre foi Isabel que era cabeça de vento, mas agora casada, ela era
independente dele.
Isadora
disse que aceitava, mas que não precisava ser tudo feito de imediato. Explicou
para o pai, que Mateus ainda precisava concluir seu trabalho e eles haviam
combinado que ela iria visitá-lo, pois para ele vir era mais complicado.
Então
acertaram para mais adiante, tinham tempo para providenciar tudo o que fosse necessário
para transferência das ações. Claro que Isadora se comprometia a entregar
futuramente uma parte para a irmã.
Isabel ia
casar em regime de comunhão total de bens, tudo proposto por George que era
“muito mais rico que ela”. Por isso Vicente tinha receio.
Chegou a
grande dia de Isabel.
A igreja
estava repleta de convidados. E Isabel de braço com o pai, entrou pelo corredor
principal com um sorriso que mostrava a toda a sua felicidade. George também
mostrava felicidade em sua expressão.
A festa foi magnífica.
Alzira que cuidara de todos os detalhes estava orgulhosa com o resultado.
Isabel e
George viajaram para Punta Del Leste, em
lua de mel.
Mateus e
Isadora passaram o domingo em casa. Estavam cansados de tanta festa. E ele
viajaria na segunda feira bem cedo da manhã. Eles estavam bem, se entendiam se
completavam e se queriam muito.
Mas no fim
do dia Isadora ficou triste, se abateu sobre ela uma nostalgia, que contagiou
Mateus. Eles ficaram um longo tempo abraçado e com as lagrimas escorrendo em
suas faces, antevendo a saudade que iria se descer sobre eles.
Antes de ir
para o aeroporto Mateus e Isadora combinaram que no máximo vinte dias ela iria
visitá-lo. Não suportavam mais ficar
tanto tempo sem estarem juntos.
O tempo
passou...
Isadora
adoeceu. Estava com uma crise de vesícula, teria que operar, mas antes, porém,
teria que tratar a inflamação. E sendo assim ela não pode cumprir o prometido.
Ela estava
só. Seu pai e Alzira estavam na fazenda.
Isadora
telefonou para Mateus contando do imprevisto. Ela não poderia ir. Mateus ficou
muito preocupado com ela e ainda mais que estava só. Então pediu para sua
cunhada, Laura, que fosse até lá para
ficar com Isadora.
A família de
Mateus era pequena. Ele e seu irmão Daniel eram muito unidos. Os pais eram
divorciados. A mãe morava em Lisboa, Portugal. E seu pai tinha outra mulher e
estava aposentado e morava num sitio.
Mateus havia
apresentado Isadora logo que a conheceu, estava tão maravilhado com ela, que
quis a opinião do irmão e da cunhada que era a sua família.
Laura ligou
para Mateus para dizer que Isadora não estava bem, tinha muita dor e enjôo e o
médico iria interná-la na clinica para
observá-la melhor e entrar com um tratamento mais forte.
Vicente
também tinha sido avisado e estava vindo ficar com a filha. Quando ele chegou
ficou assustado com a palidez de Isadora. Mateus conversou com sua equipe e
resolveu vir para Monte Alegre.
Assim como
Vicente, Mateus ficou alarmado com o estado de Isadora. Tanto que ele procurou
a capela da clinica para orar. Fazia
muito tempo que ele estava afastado de Deus. Mas neste momento só Deus poderia
auxiliar e curar sua amada. E ali naquele instante, prometeu ao Senhor que
assim Isadora melhorasse, eles casariam. Por que ela era a coisa mais
importante de sua vida, e o amor era divino. Essa tal liberdade que ele tanto
prezava, não compensava o amor, não substituía a alegria de estar juntos. Ficou
ainda ali meditando, conversando com Deus.
Quando saiu
estava mais calmo, mais animado. Foi para junto de Isadora, sentou a sua
cabeceira e ficou segurando a mão dela. Ela estava sedada e dormia
profundamente. Mas ele não arredava dali.
Apesar de
ela estar melhor, ainda teria que fazer a cirurgia. Mateus permaneceu o tempo
todo perto dela. A operação correu tudo bem, e Isadora logo se recuperou.
Mateus não
tinha retornado, tinha passado para seu colega a coordenação dos trabalhos.
Ficaria perto de Isadora.
Quando
Mateus levou Isadora para casa, ele a acomodou no sofá e ajoelhou-se perto
dela, pegou sua mão e a beijou, depois olhou para ela e disse:
-- Tudo isso
serviu para eu ver o quanto eu te amo, o quanto preciso de ti. E eu percebi que
só o amor liberta, e, tu me completa, me deixa pleno de felicidade. Por isso
quero viver o resto de minha vida contigo. E te peço casa comigo.
-- Eu
entendi direito? Tu queres casar?
-- Sim eu
quero. E tu queres?
-- Sim, sim,
sim, eu quero muito...
Mateus tirou
um lindo anel do bolso e colocou no dedo anular dela. E selaram o compromisso
com um apaixonado beijo.
Isadora
ainda estava de resguardo por causa da operação. Mas ele ligou para Vicente e
disse que eles iam casar. E ele queria uma festa maravilhosa para o casamento
de Isadora, e queria que Alzira organizasse.
Alzira ficou
lisonjeada e se propôs a fazer uma festa ainda mais bonita do que a de Isabel.
E não teria muito tempo, pois Mateus queria casar o mais breve possível.
Era inicio
de abril quando Mateus estava esperando por Isadora ao pé do altar, diante dos
convidados que enchiam o templo. E Isadora entrou deslumbrante, pelo braço de
seu pai, que com orgulho conduzia sua filha ao altar.
Os noivos
curtiram a festa, e depois fugiram para lua de mel. Escolheram um lugar
sossegado na serra para poderem curtir ao máximo o seu amor.
Maria Ronety Canibal
Julho de 2017.
Nenhum comentário:
Postar um comentário